Delegado atribui onda de homicídios em Bento a drogas e leis brandas

Bento Gonçalves chegou a um recorde de 41 homicídios em 2018. Sete a mais do que todo o ano de 2017 (até então o mais violento da história da cidade). Considerando que a média de assassinato em Bento até a década passada era de um homicídio por mês, o aumento assusta. E são vários os motivos que podem explicar os assassinatos. Criminalidade, tráfico de drogas, acertos de contas. E ainda houve um latrocínio (roubo seguido de morte).

O delegado Álvaro Becker, titular da 2ª Delegacia de Polícia de Bento Gonçalves, concedeu entrevista à Rádio Difusora, no programa Sentinelas do Rádio desta quinta-feira (11) onde falou sobre esse preocupante tema. “Nós estamos vivendo um período em que as facções e grupos criminosos, traficantes, não só de drogas, como também de armas, tentam se infiltrar em cidades onde o poder aquisitivo é um pouco mais elevado, principalmente em regiões turísticas, como Bento Gonçalves”, afirma.

O delegado ainda enfatiza que a briga por pontos de tráfico está cada vez mais saliente no município. “Não vejo como isso pode diminuir de uma hora pra outra. Acredito que leis alterando penas, o próprio usuário ser punido, porque sem usuário não existe traficante. As próprias famílias agem de forma omissa quando tem um drogado na família. Não há projeto que nos faz crer que isso vai mudar”.

Becker declarou ainda que ações de reforços pontuais amenizam a situação, mas não resolvem. “De nada adianta reforços paliativos, de poucos dias. Os traficantes tem acesso a contra-informação. Ou se faz algo eficaz, com uma nova visão de combate a esses crimes. Por enquanto se cobra traficantes. Quando os bandidos começarem a cobrar os usuários, a situação pode piorar. Hoje há muita liberalidade, tornando as esquinas um ponto de encontro de desocupados. E a população apoia isso. Se coibirmos, as pessoas nos julgam. A população tem que cuidar dos seus filhos, para que o traficante não tome conta deles”, comentou.

Para Becker, é necessário uma estruturação para que Brigada Militar, Polícia Civil e o sistema prisional de fato funcionem. “O sistema tem que ser uma engrenagem sem dentes quebrados. Que possamos fazer os flagrantes e completar os inqueritos com provas contumazes através de vexação forte, para que essas pessoas em conflito com a lei possam ser recolhidas e mantidas presas”, declarou.

 

 

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