Crise faz aumentar procura por assistência social de Haitianos em Bento

Depois do terremoto registrado em 2010 no Haiti, uma onda de imigrantes iniciou sua chegada ao Brasil. O Rio Grande do Sul passou a ser palco da chegada destes imigrantes, que em um cenário de oportunidades e falta de mão de obra, passou a emprega-los.

Quase seis anos depois, o cenário mudou. Desligamentos passaram a acontecer afetando a população em geral, e também os Haitianos que anteriormente estavam colocados no mercado de trabalho.

Conforme Sérgio Nunes, coordenador de Igualdade Étnica e Racial da Secretaria da Justiça e dos Direitos Humanos do Governo do Rio Grande do Sul, “a crise econômica afeta o mercado de trabalho e com menos oferta, deu uma diminuída a chegada deles (imigrantes)”, disse.

Em um último levantamento realizado pelo Estado, em Bento Gonçalves havia 1300 haitianos cadastrados até agosto de 2015, diante de 2 mil em Caxias do Sul.

Após os desligamentos, muitos optaram para outros destinos como México, Estados Unidos e principalmente o Chile. “Eles estão saindo, mas é provável que retornem”, acrescentou Nunes.

Não bastasse a tormenta de 2010, em outubro deste ano um furacão deixou mais de 100 mortos no Haiti, agravando a situação em um País que ainda recuperava-se da tragédia anterior.

BENTO GONÇALVES

77fbe83a-5c07-4090-8827-3a2cf8e738e5A reportagem da Rádio Difusora conversou com imigrantes Haitianos que residem na cidade. Eles estavam na fila para receber uma cesta básica, entregue uma vez por mês na Pastoral da Casa do Pão dos Pobres, que funciona junto a Paróquia Santo Antônio.

Jaquelin Ceradon é um dos exemplos, após trabalhar mais de dois anos em uma empresa do bairro Vila Nova, está desempregado depois que trabalhadores foram demitidos em função da crise.

Embora o cenário ruim, ele não pretende deixar Bento Gonçalves. “Vim morar aqui para trabalhar e gosto da cidade”, disse.

Marcelino Jalu está há sete meses no município e diz que “vim para buscar uma vida melhor”. Ele chegou à Capital do Vinho pois tem um primo que já estava na Serra Gaúcha.

João Aristides, que atua voluntariamente na Pastoral afirma que o movimento aumentou. “A procura está sendo cada vez maior. Nos primeiros seis meses eram em torno de 40, 50”, comentou. Hoje são 450 cadastrados para receberem nas quartas-feiras, uma vez por mês, 12kg de alimentos.

“Aqueles que têm maior facilidade de falar o português, eles dizem que estão preocupados com o desemprego”, mencionou ainda Aristides.

Em termos de Prefeitura, de acordo com Adriane Lazzaroto, assessora administrativa e coordenadora do Cadastro Único para Programas Sociais da Secretaria de Habitação e Assistência Social (SEMHAS), lembrou que o Programa Social mais procurado hoje é o Bolsa Família. De 1556 famílias beneficiadas, 530 são de Haitianos (equivale a 700 pessoas).

Ela afirmou que se deve a duas razões, “primeiro que o serviço começou a ser divulgado entre eles, isto foi se espalhando e o desemprego que fez acontecer este movimento”.

Para Cristiane Ferronato, responsável pela Gestão de Serviços das Políticas de Assistência Social da SEMHAS, “não se tem atendimento diferenciado, é como qualquer outro cidadão. Mas a procura aumentou em função de todo o contexto econômico e para eles ainda está sendo uma opção do que ficar no próprio País”, referiu.

 

Fonte: Felipe Machado – Central de Jornalismo da Difusora

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