O momento aguardado com tanta ansiedade merecia calçados à altura… Quando Iliane viu a filha Manuela, de apenas um ano e cinco meses, utilizando uma prótese para a perna esquerda, tirou da bolsa um par de pantufas, ideais para o clima de maio em Caxias do Sul. E, pela primeira vez, ela pode calçar o par completo na pequena Manuela.
A simplicidade do ato, que emocionou a família e a equipe da Clínica de Fisioterapia da UCS, sinalizou o encerramento de uma importante etapa na vida da pequena Manuela, que nasceu prematura (por volta do sexto mês) e sem parte do membro inferior direito, por isso começou a vida precisando enfrentar diversas complicações de saúde, entre elas, uma parada cardíaca que a levou a uma cirurgia aos 15 dias de vida, com três meses de internação em uma UTI neonatal.
Somente após a alta médica é que os pais, Eduardo Bicker, 35, e Iliane de Souza, 37, puderam se dedicar aos problemas ortopédicos da filha. A necessidade de correção do pé esquerdo, torto congênito, e a confecção da prótese de parte da perna direita e sua adaptação ao corpo de Manuela os levaram até a Clínica de Fisioterapia da UCS. Em tratamento desde o início do ano, Manuela já coleciona importantes avanços. O pai conta que ela conseguiu sentar sozinha já no final da primeira sessão de fisioterapia . A prótese da perna direita foi entregue há dois meses e Manuela está em processo de adaptação, no entanto já se impulsiona para levantar. Ela também utiliza uma órtese para corrigir o pé direito.
“Em todo o tempo que frequentamos a Clínica, só temos elogios aos profissionais. Manuela adora! Um dia desses, não queria ir embora após o final da sessão. Todos são muito atenciosos”, conta Eduardo.
Ambiente referência
Histórias semelhantes à de Manuela acontecem todos os dias na Clínica de Fisioterapia da UCS. Inaugurado em 2004, o espaço é um dos nove Centros de Reabilitação Física do Estado do Rio Grande do Sul, sendo o único serviço de referência para os 49 municípios que compreendem a 5ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS).
Todo o atendimento é realizado pelo Sistema Único de Saúde, com aporte municipal. Mensalmente, são realizados, em média, 3 mil atendimentos para cerca de 250 pacientes. No mesmo período, a Clínica realiza cerca de 198 novas avaliações. Suzete Grandi, coordenadora da Clínica de Fisioterapia, explica que, para todos os municípios da área de abrangência, o encaminhamento de pacientes começa na Unidade Básica de Saúde, que solicita o agendamento à Central de Marcação de Consultas da Secretaria Municipal da Saúde de Caxias do Sul.
Já na Clínica, o paciente passa por uma avaliação de profissionais de diferentes áreas. Alguns já chegam com próteses ou órteses que necessitam de adaptações, outros começam ali o seu processo de reabilitação e há, ainda, aqueles que não poderão receber a prótese devido a complicações de saúde.
Amputados
O Programa de Reabilitação de Amputados é uma das iniciativas da Clinica de Fisioterapia que busca promover autonomia do usuário de maneira integrada. Os encontros são semanais e envolvem atividades em grupo. Em uma das propostas, os próprios pacientes que integram o grupo podem conversar com outros amputados, oferecendo apoio emocional e dividindo suas experiências. Nesse programa são atendidos entre 20 e 22 pacientes ao mês.
“Tudo o que planejamos e executamos tem como objetivo fazer com que as pessoas recuperem a autonomia. Nossa equipe é determinada para alcançar esse objetivo. Precisamos ser rígidos com as tarefas, mas suaves com as pessoas.”
Primeiros passos. Aos 73.
É com o apoio da fisioterapeuta e da esposa, dona Bentinha, que Mário de Freitas Alves, 73, consegue, novamente, dar os primeiros passos. O suor no rosto denota que não é fácil manter-se de pé. Em processo de reabilitação, Mário recebeu o par de próteses de membros inferiores há cerca de dois meses. Desde então, passo a passo, tem recuperado a autonomia.
O caminho que o levou ao tratamento na Clínica é repleto de dificuldades. As 30 cirurgias que realizou ao longo de anos tentando conter os problemas circulatórios não foram suficientes para evitar as amputações. A primeira foi da perna esquerda, em 2007; a segunda, no final de 2016. Desde então, Mário passou por sessões de fisioterapia, preparando-se para receber as novas pernas. “Chegaram a me dizer que seria impossível voltar a andar. Eu dizia: sou teimoso, e quero pelo menos ficar de pé. E com o apoio de todos aqui da Clínica, já consigo dar alguns passos”, comemora.
Atendimento inter e multidisciplinar
A Clínica de Fisioterapia da Universidade de Caxias do Sul, fundada em 2004, é especializada no tratamento e reabilitação de pessoas portadoras de deficiência física e conta com toda a infraestrutura para atender a diversos tipos de patologias, possuindo condições de recuperar física, psicológica e socialmente seus pacientes. É uma unidade de extensão que integra a estrutura de ensino e pesquisa de cursos de graduação de diferentes áreas, entre eles a Fisioterapia, Serviço Social, Psicologia, Nutrição, Podologia e Enfermagem.
Órteses e próteses:saiba a diferença
A órtese funciona como um suporte que é colocado externamente no corpo para auxiliar no funcionamento de alguma parte que tenha sido prejudicada por acidente ou problema de saúde, congênito ou adquirido (colete cervical, palmilha ortopédica, etc.)
A prótese é substituta de membros, órgãos ou tecidos que tiveram que ser removidos ou que não se desenvolveram adequadamente no período de gestação.
Fonte: UCS
Foto: Claudia Velho
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