Médico mastologista José Luiz Pedrini endossa coro pela oferta adequada de tratamento aos pacientes acometidos pela doença
O diagnóstico precoce e consequente início imediato do tratamento são determinantes no enfrentamento do câncer. Essa premissa consensual entre os médicos deveria ser a regra nos protocolos oncológicos. Infelizmente, não é o que vem ocorrendo em muitos casos na cidade de Bento Gonçalves, conforme alerta feito pela Liga de Combate do Câncer. Apesar da existência de uma lei (Lei 12.732/12, promulgada em maio de 2013) determinado que o tratamento oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) a pacientes com câncer precisa iniciar em, no máximo, 60 dias após o diagnóstico da doença, são diversas as situações de pessoas aguardando o início dos procedimentos.
“O prazo de 60 dias é suficiente para fazer o diagnóstico e coletar a autorização junto ao paciente – no que se refere à negociação no sentido de conversar e propor a forma de tratamento adequada. Quando protelamos consultas e exames temos um passivo, e isso se acumula como uma bola de neve. O que precisa ser dito é que, com os equipamentos disponíveis e com o bom corpo médico que temos no Rio Grande do Sul, o SUS tem condições de dar conta. Quando a lei não é cumprida, no entanto, é dever do cidadão se defender e se mobilizar”, esclarece o médico mastologista José Luiz Pedrini, especialista integrante Sociedade Brasileira de Mastologia.
Nesse esforço pela oferta digna e adequada de tratamento aos pacientes, a Liga de Combate ao Câncer de Bento Gonçalves tem papel importante como ponte entre aqueles que buscam o acesso aos seus direitos e as autoridades competentes pela devida aplicação. “A entidade é um exemplo, referência em sua atuação. Não podemos falar em saúde hoje sem envolvimento do voluntariado, pois esse é o controle de qualidade das ações em saúde pública. Devemos incentivar e apoiar entidades como a Liga, pois o voluntariado segue firme na luta pelos direitos de quem mais necessita”, destaca o médico.
Imbuída desse compromisso, a Liga de Combate ao Câncer vem insistindo no alerta acerca do problema, agravado por conta do Sistema de Gerenciamento de Consultas (Gercon) na condução desses processos. “Seguiremos atuantes em nosso propósito de buscar uma resolução a essa situação, que é extremamente preocupante. É dever das pessoas receber o devido tratamento, pois cada dia faz a diferença nesse processo. A Liga se mantém aberta para acolher quem precisa de ajuda ou encontra esse tipo de dificuldade, não somente na interlocução com as autoridades, mas também no apoio com medicamentos, exames, cestas básicas, hospedagem e tantas outras formas de auxílio”, complementa a presidente da entidade, Maria Lúcia Severa.
Por que o imediatismo é importante
Médico mastologista, Pedrini destaca que entender a celeridade no tratamento é crucial para que a taxa de mortalidade da doença seja cada vez menor. “Nós não temos uma pandemia de câncer. Ao contrário do que houve recentemente com a Covid-19, há uma previsão anual de casos, por isso existem, sim, formas de planejamento que possam, e devem, contemplar esse contingente”, ressalta.
Membro da Sociedade Brasileira de Mastologia e pesquisador referenciado há décadas sobre câncer de mama, Pedrini traz como exemplo esse tipo da doença. Segundo ele, o Brasil prevê, anualmente, 68,2 mil novos casos do câncer. “Isso mostra que já há uma perspectiva definida de casos. Por isso, deve existir um compromisso de se equipar a máquina pública no sentido de determinar a acessibilidade de tratamento a esse número de pessoas todos os anos. Não há justificativa plausível para o não atendimento à essa parcela da população. Toda desculpa dada é mais sadismo do que explicação”, sentencia.
Relembre o caso
A Liga de Combate ao Câncer de Bento Gonçalves vem recebendo um número alarmante de pessoas em busca de ajuda por não conseguirem a devida assistência e não terem o início de seu tratamento no prazo estipulado pela lei. De acordo com a entidade, essa demora pode ser fator determinante para o sucesso ou não do tratamento. O relato informa que diversos pacientes chegam até a entidade com os laudos de diagnóstico confirmando a ocorrência da doença e, inclusive, qualificando o caso como sendo urgente. Mesmo assim, essas pessoas não conseguem iniciar o tratamento pelo SUS. Nessas situações, a entidade direciona esforços para exigir o cumprimento da Lei, interagindo diretamente com os poderes públicos responsáveis e até mesmo articulando com parceiros a apoiadores da causa em favor dos pacientes.
Fonte: Exata Comunicação
Foto: Acervo pessoal
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