Bons hábitos ajudam a evitar o câncer mesmo quando há risco genético

Um estudo chinês feito a partir de um banco de dados genéticos concluiu que hábitos saudáveis podem reduzir o risco de câncer mesmo entre pessoas predispostas geneticamente a ter a doença.

Para a pesquisa, publicada no periódico Cancer Research, cientistas usaram informações de 202 842 homens e 239 659 mulheres. Eles calcularam o risco individual genético para 16 tipos de cânceres no sexo masculino, e 18 no feminino. Além disso, analisaram dados sobre tabagismo, consumo de álcool, atividade física, índice de massa corporal e padrão alimentar.

Então, os pesquisadores dividiram os participantes de acordo com o grau de predisposição para desenvolver o câncer e também com o nível de adesão a uma rotina equilibrada, que dependia de quantos hábitos bacanas os voluntários seguiam.

Entre as pessoas com alto risco genético para enfrentar tumores, mas com estilo de vida saudável, a incidência de câncer após cinco anos foi de 5,51% nos homens e 3,69% nas mulheres. No grupo menos dedicado aos bons hábitos, a incidência da doença se mostrou maior: 7,23% entre eles e 5,77% entre elas.

Pelo cálculo, homens com maior propensão genética ao câncer e pouca dedicação a comportamentos saudáveis apresentaram 2,99 vezes mais risco de realmente encarar a doença. Entre as mulheres na mesma situação, a probabilidade foi 2,38 vezes maior.

De acordo com Raphael Brandão, chefe de oncologia do Hospital Moriah, em São Paulo, uma limitação do trabalho é que os próprios participantes descreviam como eram seus hábitos de vida e seu peso.

De qualquer maneira, os achados são muito relevantes. “O estudo reúne uma grande quantidade de pessoas com alto e baixo risco genético para o câncer e com hábitos diferentes. E se observou que um estilo de vida equilibrado favorece todo mundo”, resume o oncologista.

Há um tempo a ciência bate na tecla de que indivíduos com tendência genética a desenvolver um tumor podem se proteger do que está escrito no DNA ao modificar fatores externos, como alimentação, tabagismo, exposição à poluição, consumo de álcool, prática de exercícios e por aí vai.

Recentemente, a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (Iarc, na sigla em inglês), chegou a publicar um documento robusto no qual destaca 11 grandes fatores modificáveis por trás da doença.

“Pesquisas como essas nos ajudam a convencer os pacientes de que as orientações médicas têm fundamento”, completa Brandão.

 

Fonte: O Sul
Foto: Reprodução O Sul

(RM)

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