A forma mais eficiente de projetar o futuro é imaginá-lo. E utilizar tecnologias presentes no mundo atual, como forma de alertar que o futuro já espreita a humanidade, serviu de combustível para apresentar não só o Bento+20, mas também seus desafios como organismo pensante da Bento Gonçalves de 2040.
Foi uma noite para o conselho, criado por lei neste ano, ganhar visibilidade ao reunir representantes de entidades, escolas, conselhos e poder público no Centro da Indústria, Comércio e Serviços (CIC-BG), coordenador do Bento+20.
No palco do salão de eventos, revezaram-se o presidente do Bento+20, Milton Milan, e a doutora em Urbanismo Giovana Ulian. Em comum, além de ambos serem engenheiros civis, eles provocaram no público o exercício da imaginação, a partir da exibição de vídeos para inspirar formas de pensar. A ideia foi apresentar o conselho – formado por cerca de 30 entidades da sociedade civil organizada e pelo poder público – à sociedade, num chamamento para que ela participe dos rumos da cidade.
Pensar, além de debater ideias e possíveis soluções, será, de fato, uma importante etapa do trabalho de responsabilidade das câmaras setoriais. Ao todo, serão 10 – Urbanismo, Mobilidade Urbana e Infraestrutura, Tecnologia, Inovações e Empreendedorismo, Saúde, Segurança, Cidadania, Educação, Turismo e Cultura, Indústria, Comércio e Serviços, Meio Ambiente e Rural. “Para ter um desenvolvimento harmonioso, é preciso que as câmaras se comuniquem entre elas”, disse Milan.
As câmaras ainda estão sendo montadas e serão formadas por membros de toda comunidade que detenham conhecimento técnico em cada área proposta. Entre os objetivos das câmaras, além de acharem soluções para cada segmento, está também o de incorporar os 17 objetivos de desenvolvimentos sustentáveis (ODS) da ONU. É um extenso trabalho que vai culminar com a apresentação de um “masterplan”. “É um documento embasador dos nossos nortes, não só do Executivo, mas da sociedade civil organizada, queremos que sirva de esteio para nosso desenvolvimento”, comentou Milan.
O presidente do Bento+20 provocou os participantes a pensarem, por exemplo, como será a escola do futuro. “Será que haverá inteligência artificial dando aula?”, indagou. Assim o fez em várias áreas, uma ideia também utilizada por Giovana, que deu exemplos de alguns projetos em desenvolvimento ao redor do mundo, como o Hyperloop. O sistema de transporte de alta velocidade, a vácuo, permite o deslocamento entre Los Angeles e Las Vegas em 30 minutos, enquanto uma viagem de carro levaria mais de quatro horas.
Para ela, as cidades são sistemas complexos e precisam ser analisadas sob o tripé tecnologia/inovação, políticas públicas e visão de futuro. Para isso, é preciso ter acesso ao máximo de dados possíveis do município, gerar indicadores, diretrizes e cenários e plano de desenvolvimento – que é o masterplan.
“O que é planejamento? É consenso”, disse Giovana. “Não existe certo ou errado, existe definir uma direção e todos seguirem para esse lado”.
A engenheira defende cidades mais compactas (sem espalhamento horizontal), complexas (habitação, comércio, serviço e indústria no mesmo território) e coesas (uma cidade misturada, com melhor convívio entre classes sociais). “Em resumo, é prioridade ao pedestre, mistura de moradia e trabalho, espaços atraentes e seguros, diversidade de moradores, densidade equilibrada, harmonia, senso de comunidade, ambiente sustentável. E aqui leia-se eficiência do ambiente construído, se tem infraestrutura, vamos aproveitar ao máximo e não continuar abrindo rua e fazendo novas expansões. É possível vivermos mais próximos”, destacou Giovana.
Para o presidente do CIC-BG, Elton Paulo Gialdi, o Bento+20 resgata o trabalho do Viva Bento, que por anos foi desenvolvido dentro da entidade. “O Viva Bento muito contribuiu para pensar ações em nosso município. Todos que estão aqui são apaixonados por Bento, e precisamos colaborar e participar para que tenhamos um município mais desenvolvido”.
Fotos: Barbara Salvatti/Exata Comunicação
Fonte: Exata Comunicação
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