Bento Gonçalves cria Grupo de Trabalho para fortalecimento do Talian como patrimônio cultural

Na última quarta-feira, 31 de julho, a Fundação Casa das Artes sediou a reunião que marcou a criação do Grupo de Trabalho para a Salvaguarda do Talian, língua cooficial de Bento Gonçalves desde 2016. A iniciativa reúne representantes das Secretarias Municipais de Cultura, Educação e Turismo, além de entidades culturais e comunitárias comprometidas com a valorização das raízes italianas do município. O grupo é composto inicialmente pelo Secretário de Cultura, Evandro Soares, professora Carla Carlesso, da Secretaria de Educação, Natália Madalosso, Secretaria Adjunta de Turismo, Marli Marangoni e Adriana Rasia, da Secretaria de Cultura, Sandro Giordani, do Ponto de Cultura e Memória Vale dos Vinhedos, professora Mirna Mandalosso, da Associação Caminhos de Pedra, e professora Marta Sassi, que tem trabalhos literários desenvolvidos na área. Outras entidades deverão ser convidadas a integrar o grupo.

Conduzido pelo Secretário Evandro Soares, o encontro teve como objetivo mapear as ações em andamento que convergem para a proteção do patrimônio linguístico e cultural representado pelo Talian, além de projetar iniciativas de médio e longo prazo voltadas à manutenção e amplificação dessa herança. O relatório resultante do mapeamento será apresentado no dia 5 de setembro, em Caxias do Sul, durante Assembleia Regional promovida por AMESNE, UCS, IPHAN, FIBRA, e grupos Girotondo e Miseri Coloni.

A criação do grupo reflete o reconhecimento do Talian como símbolo da identidade local e um elo com os imigrantes italianos que ajudaram a construir Bento Gonçalves. Ao longo da reunião, foram destacadas diversas ações já em curso que fortalecem esse patrimônio, como a oficina de Talian realizada na Casa de Memória Merlin, pela Associação Caminhos de Pedra; o livro bilíngue “VIME”, da professora Marta Sassi, lançado em 2024; e as oficinas semanais de artesanato, cantoria e história promovidas no Ponto de Cultura e Memória Vale dos Vinhedos e no Centro Cultural Tuiuty.

Outras ações incluem a doação de livros para o acervo de Talian; eventos culturais como a Setimana dela Cultura Taliana, o Natale del Gesù Bambin e os festejos dos 150 anos da Imigração Italiana, com destaque para uma encenação histórica e a inauguração de monumento comemorativo; além da publicação do livro “Bento Gonçalves: A Cidade da Gente”, a ser lançado na Feira do Livro de 2025 com textos escritos por estudantes da rede pública municipal. Também têm sido desenvolvidas nas escolas diversas atividades voltadas à valorização da cultura italiana, como filós, contação de histórias, aulas de culinária, teatros e pisa de uvas.

Como próximos passos, o Grupo de Trabalho projeta a criação de um Programa Municipal de Salvaguarda do Talian, que poderá incluir aulas de Talian na educação infantil, oficinas em escolas-piloto e espaços culturais, capacitação para profissionais do turismo e a inclusão do Talian em cursos de formação para jovens, como o “Jovens Protagonistas do Turismo Local”. Palestras e treinamentos para o trade turístico também estão entre as possibilidades levantadas.

Entre os principais desafios identificados, estão a necessidade de garantir continuidade nas ações e o engajamento efetivo do público. Por outro lado, o município conta com importantes potencialidades, como espaços culturais aptos a receber atividades, acervos históricos e a possibilidade de abordagens lúdicas e digitais que dialoguem com o público jovem. Além disso, destaca-se o compromisso conjunto entre sociedade civil e poder público, reforçando a importância da articulação coletiva na preservação e difusão do Talian.

Para o Secretário Evandro Soares, “a criação do grupo de trabalho é um passo concreto no compromisso do município com a preservação de sua identidade e com a revitalização do Talian como um elemento vivo da nossa cultura. Mais do que preservar, é preciso transmitir esse legado com criatividade, afeto e participação comunitária.” Com esse movimento articulado, Bento Gonçalves reafirma seu protagonismo na valorização da memória, da diversidade cultural e do patrimônio linguístico herdado da imigração italiana.

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