AVC matou mais de 100 mil pessoas em 2021

Trabalho de prevenção na Atenção Básica é de extrema importância, alerta presidente da Rede Brasil AVC

No Brasil, a cada cinco minutos, uma pessoa morre após ter um AVC (Acidente Vascular Cerebral), de acordo com o Ministério da Saúde. Segundo dados do portal da transparência da Arpen Brasil (Associação de Registradores de Pessoas Naturais), 105.755 pessoas morreram vítimas do problema, em 2021, número maior que o registrado em 2020 (103.073).

Também chamado de derrame, o AVC acontece quando vasos que levam sangue ao cérebro entopem ou se rompem, provocando a paralisia da área cerebral que ficou sem circulação sanguínea. É uma das principais causas de morte, incapacitação e internações em todo o mundo.

A médica neurologista presidente da Rede Brasil AVC e da World Stroke Organization (Organização Mundial do AVC), Sheila Cristina Ouriques Martins, explica os tipos existentes de AVC. “Existe o AVC isquêmico, que ocorre quando um coágulo bloqueia o fluxo sanguíneo no cérebro e que pode acontecer devido a um trombo (trombose) ou a um êmbolo (embolia)”, fala. “Já o AVC hemorrágico é quando acontece um rompimento de um vaso cerebral, provocando hemorragia”, completa.

O AVC pode deixar sequelas, como a paralisação de um lado do corpo, prejudicar a fala ou afetar a visão. Essas consequências serão temporárias ou permanentes dependendo da recuperação. “Quanto mais rápido a isquemia for eliminada, maior a chance de não ter sequela”, ressalta Dra. Sheila.

Diante disso, a especialista salienta a importância da preparação dos agentes de saúde, enfermeiros e médicos da Atenção Primária no combate à doença. Isso porque a Atenção Primária é a porta de entrada do SUS e atende até 80% dos problemas de saúde da população, sem que haja a necessidade de encaminhamento para os hospitais. “A Rede Brasil AVC faz um trabalho intenso na capacitação dos profissionais de saúde, para o adequado gerenciamento e monitoramento de todos os pacientes pelas equipes da Estratégia de Saúde da Família”, pontua. “Prevenir sempre será melhor do que remediar e o AVC pode ser evitado em até 90% dos casos se os principais fatores de risco modificáveis puderem ser controlados, tais como a hipertensão e o diabetes. Então, estratégias nesse sentido devem ser otimizadas junto aos pacientes pelos profissionais da saúde. É importante que cada vez mais o enfoque seja orientar toda a população sobre os principais fatores de risco das principais doenças crônicas, como eles podem ser evitados e quando buscar atendimento médico”, acrescenta.

O trabalho de capacitação – que iniciou em 2021 com oito unidades de Estratégia de Saúde da Família em Porto Alegre (RS), expandindo-se para outras 60 unidades em todo o país –, envolve a implementação de programa de detecção de fatores de risco na comunidade, com encaminhamento para tratamento dos fatores de risco, além de classificação de risco de AVC e doença cardiovascular através do aplicativo para celular “Riscômetro de AVC”.

Atenção aos sintomas

Além do trabalho preventivo na Atenção Primária, as pessoas devem estar atentas aos sinais do AVC para a busca imediata de atendimento. Os principais são perda de força súbita e/ou dormência súbita de um braço e/ou perna e/ou face, especialmente em metade do corpo; dificuldade de falar ou entender a fala; tontura; alterações visuais súbitas em um olho, nos dois olhos ou na metade de cada olho; dor de cabeça súbita e intensa, diferente do habitual.

“Ao suspeitar que uma pessoa esteja tendo um AVC, peça para ela sorria e veja se um lado do rosto não mexe. Verifique também se a pessoa consegue elevar os dois braços como se fosse abraçar ou se um membro não se move) e se apresenta fala enrolada. Identificando alguma ou mais de uma dessas situações, ligue imediatamente para o Samu, no 192”, alerta a presidente da Rede Brasil AVC.

 

Fonte: Predicado Comunicação
Imagem: Reprodução inerp.com.br

(RM)

error: Conteúdo Protegido