O Brasil está encerrando um ciclo de grandes eventos internacionais. Depois de sediar a Copa do Mundo, a Jornada da Juventude, os Jogos Olímpicos e Paralímpicos, o país recebeu, pela primeira vez, o principal encontro vitivinícola do mundo, o Congresso Mundial da Vinha e do Vinho. De domingo (23) até hoje (28), Bento Gonçalves (RS) foi palco da 39ª edição da conferência anual promovida pela Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV), que reúne 47 países membros. “Bento Gonçalves, Capital Brasileira do Vinho, essa semana, se tornou a Capita Mundial do Vinho” declarou o diretor-geral da OIV, o francês Jean-Marie Aurand.
Os 536 participantes de 32 nacionalidades se reuniram para as sessões científicas no Centro de Convenções do Dall’Onder Grande Hotel. O tema Vitivinicultura: avanços tecnológicos frente aos desafios do mercado pautou as discussões transcorridas através dos 351 trabalhos apresentados nas áreas de viticultura, enologia, economia e direito e segurança e saúde. Os congressistas também circularam pela região por meio de atividades artísticas e de visitas técnicas nas vinícolas e no centro de pesquisa da Embrapa Uva e Vinho.
“Além da visibilidade para o setor e para a Serra Gaúcha, o evento também possibilitou outros avanços, como a definição pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) de encaminhar para publicação a regulamentação do uso de aditivos e coadjuvantes para elaboração de vinhos e diversas definições conjuntas entre o Ministério da Agricultura, a Secretaria Estadual de Agricultura, Embrapa e Ibravin (Instituto Brasileiro do Vinho) para implementação do cadastro vitivinícola nacional. Destaque também para a presença do Ministro Blairo Maggi com três secretários, do vice-governador do Rio Grande do Sul, José Paulo Dornelles Cairoli, do secretário Estadual da Agricultura, Ernani Polo, da senadora Ana Amélia Lemos e dos deputados Mauro Pereira, Afonso Hamm, Jerônimo Goergen e Luiz Carlos Heinzen”, avaliou o diretor de Relações Institucionais do Ibravin, Carlos Raimundo Paviani.
Assembleia Geral da OIV
A conclusão da programação técnica se deu na tarde de hoje, com a 14ª Assembleia Geral da OIV, na qual representantes dos países membros aprovaram por unanimidade 16 resoluções para o setor. Entre as proposições do fórum está uma sobre os cinco princípios da sustentabilidade aplicados à vitivinicultura.
A primeira diretriz diz que para ter enfoque sustentável é necessário que se integre aspectos sociais, econômicos e ambientais. O segundo é que se respeite o meio ambiente, levando em consideração a eleição do lugar de implantação do vinhedo e vinícola, as gestões de solo, energia, água, resíduos e subprodutos, a preservação da biodiversidade e paisagem e limitação da contaminação auditiva e atmosférica. A terceira reforça que a vitivinicultura sustentável é sensível aos aspectos sociais e culturais, e assim, deve englobar as condições de trabalho, o respeito e a igualdade, a segurança e a saúde dos trabalhadores, a integração, formação e continuidade da mão de obra, a integração com o entorno socioeconômico e cultural local, o desenvolvimento das relações com as comunidade vitivinícolas, e a saúde e segurança dos consumidores. O penúltimo princípio estabelece que a vitivinicultura sustentável pretende manter a viabilidade econômica por meio da eficiência e resiliência. Já o último tópico refere-se as iniciativas sustentáveis, que requerem planejamento e avaliação, e envolvem também o monitoramento, a valorização do conhecimento e a comunicação dos resultados para a sociedade.
Outra resolução que merece destaque é o estabelecimento de parâmetros mínimos para a formação de enólogo em diferentes níveis, divididos por carga horária. Para tecnólogo foram sugeridos 180 créditos, para bacharelado 240 e para mestrado 300. Cada crédito equivale de 25 a 30 horas, de acordo com os parâmetros europeus. Também foram incluídos no plano de estudo, além de conteúdos de viticultura e enologia, disciplinas de economia, administração, direito, marketing e comunicação.
Seguindo a tendência mundial de diminuição no índice alcóolico nas bebidas, a Assembleia também permitiu que, por meio de práticas enológicas autorizadas, os vinhos possam ser reduzidos em mais 20% em seu teor de álcool.
“Esse congresso é um êxito, não só em número e na qualidade dos participantes, mas no nível das apresentações científicas em diferentes disciplinas”, observou Aurand.
Durante a reunião, a presidente a OIV, Monika Christmann, anunciou oficialmente o 47º país que passou a integrar a entidade, o México, e condecorou o alemão Wofgang Houpt e o italiano Michele Borgo, com menções ao mérito pelos trabalhos exercidos em prol da vitivinicultura. Ao final, Monika agradeceu mais uma vez o empenho do Brasil para a realização do evento e adiantou onde será o 40º Congresso Mundial da Vinha e do Vinho. Entre 29 de maio a 02 de junho de 2017, será a vez da cidade de Sofia, na Bulgária, receber o maior encontro vitivinícola do mundo. O tema escolhido foi “Economia, educação e cultura”.
“Para mim, é um grande prazer agradecer o Brasil. Obrigada por nos receberem, por prepararem tudo. Sei que é um grande esforço, um grande trabalho conseguir fazer isso de forma maravilhosa. Fomos muito bem recebidos”, declara a presidente.
Países participantes do 39º Congresso Mundial da Vinha e do Vinho:
África do Sul, Alemanha, Argentina, Austrália, Áustria, Bélgica, Bolívia, Brasil, Bulgária, Canadá, Chile, China, Eslováquia, Espanha, França, Geórgia, Indonésia, Itália, Líbano, Luxemburgo, México, Noruega, Nova Zelândia, Peru, Portugal, República Checa, Romênia, Rússia, Suíça, Tailândia, Turquia e Uruguai.
Números Gerais do Congresso:
6 dias – 23 a 28 de outubro
536 Congressistas
351 Trabalhos técnicos e científicos apresentados
32 Países participantes
5 Roteiros de visitas técnicas
5 Eventos artísticos e culturais
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