Artigo: A vida nova marcada pela esperança na ressurreição

“O ideal nos mostra como deveria ser, a meta que devemos buscar alcançar: sermos uma Igreja fervorosa por Cristo, e, por isso, pronta a reconhecer os outros como irmãos, mesmo com suas limitações”

Estimados irmãos e irmãs em Cristo Jesus! Os discípulos que acompanhavam Jesus, viviam a realidade humana, com todas as suas ambições e fragilidades. Caminharam com o Mestre, mas ainda não tinham entendido a dimensão do mandamento do amor, que se esvazia, a ponto de entregar a própria vida pela vida dos outros. Eles precisaram reconstruir a vida de discípulos do Senhor, depois de terem encontrado o túmulo vazio, no dia de Páscoa.

E podemos dizer que não foi algo que aconteceu de forma mágica, sem passar por um processo interior marcado por medos, incertezas, fragilidades, confiança nas palavras do Mestre, fé e esperança. Foi um caminho feito de pequenos passos, onde a vida, as provações e a morte passaram a ter um novo sentido, pela fé no Cristo ressuscitado.

Na nossa caminhada de fé, no 2º Domingo dá Páscoa celebramos o “Domingo da Divina Misericórdia”. Ele sublinha que da Páscoa de Cristo nasce a Igreja, comunidade dos fiéis, povo de Deus a caminho da casa do Pai. Mas devemos ter presente que da Páscoa de Cristo também jorram os Sacramentos, que são sinais eficazes da misericórdia divina. E, na nossa vida de cristãos, somos chamados a ser testemunhas do Senhor ressuscitado.

Muitas pessoas se afastam da comunidade de fé, ou deixam de participar da vida da igreja, porque observam situações que não condizem com a Palavra de Deus. Na realidade, sabemos que também nas primeiras comunidades cristãs existiam divisões, dificuldades e egoísmo. O ideal nos mostra como deveria ser, a meta que devemos buscar alcançar: sermos uma Igreja fervorosa por Cristo, e, por isso, pronta a reconhecer os outros como irmãos, mesmo com suas limitações.

Como Igreja, comunidade de fé, não devemos deixar de dar graças a Deus, porque ele é bom e “eterna é a sua misericórdia”. O dom do batismo nos inseriu numa realidade nova, feita de esperança na herança eterna. Como povo de Deus da Nova Aliança, jamais terminaremos de agradecer o Senhor por esse dom, e durante o tempo pascal teremos a ocasião para meditar sobre ele. Tendo presente que Deus, autor da vida e Pai de misericórdia, mesmo nos momentos mais dramáticos da história da humanidade nunca deixou de manifestar-se aos homens e mulheres, alimentando na vida da humanidade a esperança; não deixou morrer o amor, o perdão, a caridade e a fé no coração dos homens e mulheres, criados a sua imagem e semelhança. Através da sua compaixão, da sua ternura e misericórdia, manifestou-nos seu amor pela vida.

Os cristãos sempre foram e devem continuar a ser, no mundo, homens e mulheres de esperança. Anunciadores do Evangelho, peregrinos da paz e semeadores do amor-caridade, porque tocados no coração pelo amor e pela misericórdia do Ressuscitado, são revigorados na vida de fé.

Dom José Gislon, OFMCap.
Bispo Diocesano de Caxias do Sul

SANTUÁRIO DE N. SRA. DE CARAVAGGIO
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