Diante da angústia de produtores que não receberam ainda todo o valor da safra da uva 2017/2018, o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Bento Gonçalves (STRBG) – com área de extensão em Monte Belo, Pinto Bandeira e Santa Tereza, reuniu viticultores na tarde desta quarta-feira, 31, para discutir o problema e buscar uma alternativa.
O presidente da entidade, Cedenir Postal, foi o mediador do encontro, que lotou o piso superior do Sindicato com depoimentos e preocupação dos agricultores.
“A gente sentiu nos últimos dias especialmente muitos acostumados em agosto e setembro receberem todo o pagamento da uva e isto não acontecendo. Estamos em pleno desenvolvimento onde agricultores gastam com tratamentos, adubação e a safra próxima está logo ali. Tem ainda pagamento de empregados da colheita e frete. Eles precisam deste pagamento para tocar a propriedade”, destacou Postal.
O produtor Roberto Torezan, da Linha De Mari, interior de Bento Gonçalves, afirmou que não recebeu 35% da indústria em que entrega uva. “É a primeira vez que acontece. Estipularam uma data e não foi respeitada. Todos os anos vinham respeitando e nem sequer avisaram. A indústria alega que não está vendendo”, comentou.
Gilian Pértile, de São Valentim, comunidade do distrito de Tuiuty, tem ainda a receber 40% da safra. “Vamos chegar em dezembro faltando pagamento, complicou a nossa vida. A gente estava acostumado a receber a safra em três prestações. Vamos passar o ano novo fraco. Diz que a matéria prima não está sendo vendida”, afirmou.
Outra pauta do encontro foi o preço mínimo da uva que continua em R$ 0,92. Motivo de preocupação permanente de produtores.
O agricultor Jurandi Possamai, também de São Valentim, defende que “pelo menos ocorra a correção da inflação. Estão querendo acabar com ‘a galinha dos ovos de ouro’, o agricultor”, salientou.
Comissão
Foi criada uma Comissão em Defesa do pagamento da safra, com representantes da diretora di Sindicato dos Trabalhadores Rurais, mais três agricultores, que irão até as empresas e levarão as reivindicações até entidades como Ibravin (Instituto Brasileiro do Vinho) e Sindivinho (Sindicato das Indústrias do Vinho do RS).
O diretor executivo do Sindivinho, Gilberto Pedrucci, em entrevista à Rádio Difusora, diz que é uma situação particular entre o produtor e a empresa que foi entregue a uva. Contudo, existem fatores que possam colaborar para esta situação. “O primeiro a dificuldade na venda, especialmente em vinhos de mesa e a granel que são vendidos a outros Estados. Existem estoques que preocupam bastante para a próxima safra, tanto na relação do preço mínimo da uva quando da possibilidade de não colocação de toda a uva”, posicionou-se.
Em meio as pautas discutidas, as perdas na agricultura com o granizo e temporal na região também foram lembradas pelos produtores rurais. Participaram ainda do encontro de mobilização, os vereadores de Monte Belo, Onécimo Pauleti, de Bento, Agostinho Petroli, e o presidente do Sindicato Rural da Serra Gaúcha, Elson Scheneider.
Fonte e fotos: Felipe Machado – Central de Jornalismo da Difusora
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