Amesne e classe empresarial da Serra propõe revisão do “abre e fecha” no Distanciamento Controlado

No dia 10, completa dois meses do Decreto nº 55.240 que estabeleceu o Modelo de Distanciamento Controlado no Rio Grande do Sul. Uma proposta desenvolvida pelo Palácio Piratini por segmentação regional e setorial no enfrentamento ao novo Coronavírus dividida em quatro níveis de restrições, representados por bandeiras nas cores amarela, laranja, vermelha e preta, baseada na propagação da doença e capacidade do sistema de saúde.

Primeiro foi o anúncio do aprimoramento do cálculo de importantes dados do Modelo ainda em maio, mais recentemente em junho, mudou o ponto de corte de sete indicadores e nova busca de melhoria da metodologia.

A Amesne (Associação dos Municípios da Encosta Superior do Nordeste), que representa 37 municípios, de 49 da Macrosserra inserida no Distanciamento, formalizou um pedido de aperfeiçoamento e revisão de novos itens que constam na proposta. A Rádio Difusora não teve acesso a outros detalhes, que foram elaborados pelo Observatório Regional da Saúde da Macrosserra – OBSAÚDE. Em linhas gerais o foco é não interromper as atividades econômicas que já sofrem grandes impactos com a pandemia, mantendo a atuação com medidas de segurança.

O prefeito José Carlos Breda, de Cotiporã, que preside a Amesne, comentou que “é um desgaste e que as pessoas estão sofrendo pela pandemia, mas pela depressão, que pode causar outras doenças. Pedimos então a revisão do Modelo”, afirmou.

Os gestores reconhecem que a saúde está em primeiro lugar tanto que viabilizaram ampliação de leitos para enfrentar o vírus, entretanto, o agravamento com o abre-fecha é de inúmeras demissões.

O assessor jurídico da Amesne e também da Famurs (Federação das Associação dos Municípios do RS), Gladimir Chiele, afirmou que “o Modelo como está mexe com milhões de pessoas, estabelecimentos e não pode ser tratado desta forma. Não pode ser implantado goela abaixo”, disse.

Acrescenta que “os cálculos são feitos junto Síndrome Respiratória Aguda com pacientes Covid UTI, evidente que vai ultrapassar a capacidade. Se for levado adiante jamais sairemos da bandeira vermelha ou preta e está colocando o risco da sobrevivência da população”, finaliza.

Conforme revelado na Carta Mensal do Trabalho elaborada pela Universidade de Caxias do Sul (UCS), que baseia-se em dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) do Ministério da Economia (ME), somente entre abril e maio foram 2700 demissões em Bento Gonçalves, sem contar outras cidades da região.

A professora da UCS e coordenadora do Observatório, Lodonha Maria Portela Coimbra Soares, define como um processo “de recessão, estagnação econômica com diminuição do PIB (Produto Interno Bruto) e isso repercute no consumo, com redução do emprego das famílias”, afirmou.

Um dos segmentos mais afetados com o que está acontecendo é a indústria, que somente em maio perdeu 313 vagas na Capital do Vinho.

O presidente do CIC/BG (Centro da Indústria, Comércio e Serviços), Rogério Capoani, lamenta os desligamentos e critica o Distanciamento Controlado.

“Não podemos mais depender da bandeira. Nem tudo passa por uma planilha de entender índices ou critérios. Se pegar os últimos dez anos em todas as estruturas hospitalares da Serra vamos ver que passávamos de 96% de ocupação neste período de frio, hoje estamos na base dos 70% e temos que fechar”, destacou.

Capoani reforçou as medidas de segurança aplicadas dentro das empresas e que a entidade quer alinhar economia com saúde. Esta posição foi defendida por importantes entidades estaduais em ofício entregue ao governador Eduardo Leite que também pediu a reavaliação de protocolos.

Tratam-se da Federasul (Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul), FIERGS (Federação das Indústrias do RS) e Fecomércio-RS (Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado). Os presidentes Simone Leite, Luiz Carlos Bohn e Gilberto Petry, reforçaram que as atuais regras estão proporcionando o fechamento de muitas empresas e salientaram as consequências que isso implica, principalmente nos cofres do Estado.

O documento entregue ao governador traz um número alarmante: no Rio Grande do Sul, entre março e maio, mais 120 mil postos de trabalho foram destruídos, mesmo com os mecanismos que permitem a suspensão ou flexibilização de contratos.

A Rádio Difusora procurou uma entrevista com Leany Lemos, que coordena o Comitê de Dados do Governo Gaúcho para falar destes pedidos. Sua Assessoria relatou que ela estava com a agenda lotada, mas prometeu retornar, o que ainda não aconteceu.

 

Fonte: Felipe Machado – Central de Jornalismo da Difusora

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