Administrador do presídio de Bento é afastado

O administrador do Presídio de Bento Gonçalves, Evandro Simionato, foi afastado do cargo. A informação é da delegada regional da Susepe Marta Bittencourt. De acordo com ela, o afastamento do administrador não está relacionado às denúncias que vieram à tona acerca de uma administração paralela junto ao Presídio denominada “Prefeitura”, uma vez que há alguns dias ele já havia pedido afastamento por motivos pessoais.

O novo administrador será José Luiz Ribeiro, que no final da tarde receberá a portaria de nomeação.

Sobre a defasagem de servidores, a delegada garantiu o pagamento de horas extras aos agentes na ativa e aguarda a publicação de um edital para o Novo Concurso Público.

Os detentos que apareceram na foto do “pastelão” foram retirados da escala de trabalho e irão para a cela disciplinar e ainda responderão um processo administrativo disciplinar.

Última entrevista do administrador

Acerca das denúncias de regalias aos presos e da existência de uma facção criminosa administrando paralelamente a casa prisional, ele enfatiza que as informações não são verídicas. “O fato é que estamos fazendo uma gestão mais humana no Presídio, onde ministramos palestras, oferecemos práticas de espiritualidade e buscamos a ressocialização de uma forma mais harmoniosa. Eu não entendo o porquê disso incomodar certas pessoas”, afirmou.

Ainda acerca das denúncias, Simionato nega que haja uma interferência de presos na rotina de trabalho ou alimentação. “Não existe nenhum regramento ilícito neste sentido. Essa acusação é uma fraude sem fundamentos lógicos ou provas de qualquer espécie”, afirmou.

Questionado sobre as ações da administração, ele frisou as dificuldades, mas afirma ter uma aceitação da população carcerária. “Estamos buscando um tratamento mais humano para a ressocialização. Esse é nosso foco e se não estivéssemos trabalhando bem não haveria abaixo assinado da família dos presidiários pedindo nossa permanência. Temos uma superlotação. Mas convém ressaltar que não estão ocorrendo rebeliões ou tumultos e tudo isso passa pelo trabalho que estamos fazendo. Quanto às rodas de pagode e pizzas, não há absolutamente nada que proíba e não vemos problema nenhum nisso”, afirmou.

Denúncias

Há denúncias de autorização de produtos em desacordo com a portaria da Susepe que regulamenta os produtos proibidos. Agentes e visitas relatam que nos dias de visita tudo transcorre  conforme a portaria, porém nos dias de cantina entram produtos em desacordo com o que é  permitido. Um exemplo são pacotes de bolacha recheada (não permitidos) que são vendidos conforme relata a foto.

São vendidos para visitas e entre os presos produtos como Pizza, Pastelão  (conforme fotos), xis, cachorro-quente, … Utilizando gás, óleo, carne, farinha, ovos. Esses produtos são, conforme denúncia,  pagos pelo estado, com dinheiro do contribuinte. Há ainda relatos de extorsão entre os presos (alguns pagam para não apanhar).

Ainda conforme à denúncia que chegou ao MP e à corregedoria da Susepe, há dois meses que os presos só comem, arroz, feijão, e salada mista ou sopa. Caso alguém queira comer carne, tem que pagar para um líder prisional (detento). Há ainda  evidências que o espaço dentro do presídio é vendido ou alugado. Pois quem quiser uma cama, tem que pagar. Há relatos  de visitantes, que alegam que todas as celas possuem estoques, de drogas e celulares, visto foto registrando imagens dentro da cela. Quem pagar bem para a “Prefeitura”, pode escolher onde trabalhar. Seja na Cozinha Geral, na Cozinha da Guarda e Enfermaria. Quem quer trabalhar para ganhar a remição, tem que pagar.

Impunidade

Segundo a denúncia que chegou à Difusora, mesmo a informação chegando ao administrador, procedimento legal não  é devidamente tomado. Teoricamente,  quem é flagrado com celular na cela  deveria sofrer sanção disciplinar e responder PAD-Procedimento Administrativo Disciplinar. O que não estaria ocorrendo.

A Cantina semanal segundo notas fiscais de uma rede de Supermercados no valor de R$ 3 mil,  pagos em espécie.  Segundo a denúncia, todos os produtos são autorizados pela Direção e entregues direto aos presos da “prefeitura”.

As denúncias referentes ao caso, inclusive, já foram protocoladas na Corregedoria da Susepe em Porto Alegre.

Fonte: Diego Franzen

Foto: Arquivo Rádio Difusora

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