O TaliesEM – Escritório Modelo do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Caxias do Sul completa seus 15 anos e, para marcar essa data, está divulgando, por meio de exposições, os projetos desenvolvidos desde a sua criação, em 2003. Seu surgimento, através de uma iniciativa estudantil com o intuito de promover o papel social da Arquitetura, vai muito além do apoio ao curso de Arquitetura e Urbanismo, que a UCS mantém em Caxias do Sul e em Bento Gonçalves: ele procura promover ações que beneficiam a comunidade.
Com o objetivo de traçar o caminho realizado até este ano, o TaliesEM promove a exposição – por meio de pôsteres, fotos e uma linha de tempo – no Campus Universitário da Região dos Vinhedos, em Bento Gonçalves, até 25 de abril, no hall de acesso aos blocos C/D.
Para a coordenadora do Escritório Modelo, professora Terezinha de Oliveira Buchebuan, a exposição torna-se importante por resgatar todos os trabalhos. “A ideia é fazer uma ponte entre os novos e antigos trabalhos, entre os novos e antigos membros, num ideal que é comum: ampliar o foco de atuação do arquiteto, evidenciando a importância dessa profissão na constituição e melhoria das nossas cidades, permitindo assim, que a vida das pessoas seja melhor”. No início deste mês de abril, o Campus 8 recebeu a exposição dos 15 anos do TaliesEM.
Muitos acadêmicos de Arquitetura e Urbanismo participaram do TaliesEM, inclusive após a conclusão do curso. Entre eles está Mônica Frizon, que integrou o Escritório Modelo enquanto aluna de 2004 até a sua formatura, em agosto de 2009. “Participei em muitos projetos: o primeiro foi o ‘Você Apita’, que tratava de uma área verde em frente à Escola Municipal Basílio Tcacenco, no Bairro Salgado Filho. O projeto contou com parceria da Fiat e envolveu os alunos da escola. Vieram outros projetos, como por exemplo o da Lagoa do Rizzo, no Desvio Rizzo, onde se desenvolveu um plano para melhorias que, inclusive, foi executado pela prefeitura”, lembra.
Alguns projetos com a participação de Mônica incluíram estudos em espaços internos, como algumas salas do Campus 8, o Projeto Net Inovação no bloco G, a sede do Núcleo de Artes Visuais (NAVI) e a Escola Infantil Cinderela, no Bairro Fátima, mantida pela Cáritas. “Em parceria com o projeto Elementos Culturais das Antigas Colônias Italianas do Nordeste do Rio Grande do Sul – ECIRS, realizamos o dossiê para o Tombamento de Santa Tereza – que ajudou nos levantamentos para a documentação enviada ao IPHAN para o tombamento – e o Projeto URBAL /VICTUR, onde visitamos todas as comunidades do interior de Caxias do Sul para a realização de um inventário sobre o patrimônio rural”, destaca, entre tantos.
Para Mônica, o trabalho desenvolvido no TaliesEM é tratado como uma experiência gratificante: “As atividades me ajudaram a ver a arquitetura com outros olhos: tenho uma profissão que atende a todas as classes e que pode realmente impactar na mudança da qualidade de vida das pessoas, da comunidade e da cidade. E, muitas vezes, estas mudanças não precisam ser grandes, mas o impacto delas é. Foi no TaliesEM que encontrei e criei amigos, sendo que dois deles se tornaram meus sócios na vida profissional”, conclui.
O arquiteto na sociedade
O curso de Arquitetura e Urbanismo da UCS tem como objetivo formar profissionais competentes em identificar e propor soluções para atender as necessidades de indivíduos, de grupos sociais e de comunidades, inclusive as economicamente menos privilegiadas, respondendo com excelência às exigências estéticas, funcionais, construtivas, ambientais, de segurança, conforto e higiene. Inserida neste contexto, a experiência de Alessandra Braun Teixeira (formada em 2006) no TaliesEM, fez com que descobrisse o quanto é importante o papel do arquiteto na sociedade, “que podemos fazer muito mais do que trabalhar para uma elite: podemos, realmente, melhor a vida das pessoas, não importando qual a sua classe social”.
Alessandra foi uma das alunas responsáveis pela criação do escritório modelo em 2003, participando como acadêmica até 2005 e, como egressa, até 2009. Ela desenvolveu vários projetos, tanto na área urbana como ações comunitárias, ações socioeducativas e levantamentos do patrimônio cultural e histórico. Para ela, “a vida não-convencional do TaliesEM ensina a sermos melhores na vida profissional, na vida pessoal e afetiva e a sermos melhores seres humanos”, conclui.
A coordenadora do TaliesEM salienta ainda que a participação – que é voluntária por parte dos alunos – no escritório evidencia a possibilidade de enxergar o papel social da Arquitetura, “para além da teoria e do mercado imobiliário, tão característico das cidades capitalistas de hoje. Porém, a transformação pessoal, o nosso crescimento como seres humanos é sempre o mais reverenciado. É o que nos permite entender nossa responsabilidade como cidadãos, como responsáveis pelo que fazemos não só nas nossas cidades, mas nas nossas vidas e no contato com as comunidades”, conclui Terezinha.
Retrospectiva
A mostra retrospectiva traz fotos de diversas ações socioeducativas, como as realizadas no Bairro Eusébio Beltrão de Queiroz, no Projeto CRAS (no Bairro Reolon), na Escola Machado de Assis (também no Bairro Reolon), na Escola João Grendene (em Farroupilha), na elaboração do Plano de Contigências entregue à Prefeitura Municipal de São Francisco de Paula (após o temporal de março de 2017), a participação de eventos em Brasília e Santa Catarina, a elaboração de projetos de ocupações de áreas verdes e documentações para instrução de processos de tombamento, como de Santa Tereza e inventários do patrimônio histórico rural de Caxias do Sul.
Arquitetura do coletivo para o coletivo
“Embora depoimentos sejam sempre percepções pessoais, talvez eu possa traduzir um sentimento que para nós, integrantes do TaliesEM, é comum. Posso dizer que tudo mudou no momento que aceitei o desafio de estar, de ‘pertencer’ ao Escritório Modelo: – a visão do que é Arquitetura, a vivência dos trabalhos em grupo, as relações de amizade, as relações afetivas… Delírio? Nem de longe! Provavelmente cada membro, possa relatar o que é esta sensação de pertencimento e que diferença isto faz na sua vida pessoal e acadêmica. Temos experiências, vidas, sonhos ou ideais diferentes.
Discutimos, brigamos, trocamos ideias, abrimos mão de algumas certezas. Rimos, choramos, fazemos festa e claro, trabalhamos muito. Trabalhamos com comunidades carentes, comunidades acadêmicas, realizamos levantamentos, pesquisas, trabalhos vinculados à extensão universitária. Temos professores, alunos voluntários, estagiários, um universo de diferenças.
Compartilhamos estas diferenças, unimos esforços, enfrentamos os próprios limites, vivemos situações reais de aprendizagem. Aceitamos as limitações de cada um, de cada trabalho e fazemos disto algo que nos faz crescer enquanto conjunto.
Concretizamos o chavão: ‘cada um faz sua parte’. Só que nenhuma é mais ou menos importante que a outra. Todas são essenciais. Arquitetura para nós é isso: compartilhar momentos, sonhos, ideais, melhorar a nossa vida e a vida das pessoas para quem trabalhamos. É assim que passamos a viver a Arquitetura pós-TaliesEM: Arquitetura do coletivo para o coletivo.
Viver a arquitetura e da arquitetura pode ser um objetivo de vida para os práticos, ou, um sonho para os utópicos. Não importa o seu perfil, o que importa é que você não se furte a esta vivência única, que só o Escritório Modelo é capaz de proporcionar” . (Depoimento da professora Terezinha de Oliveira Buchebuan)
Foto: Legenda / Exposição encontra-se no Campus Universitário da Região dos Vinhedos.
Fonte: UCS
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