Comitiva gaúcha vai conhecer tecnologias utilizadas no país europeu que podem ser implantadas no Brasil mediante parcerias para geração de energia a partir de resíduos orgânicos
Constatar possibilidades de intercâmbio tecnológico com universidades europeias, para incrementar a realização de pesquisas em bioenergia e qualificar a formação profissional oferecida na UCS, e também prospectar oportunidades de negócios para empresas da região são os objetivos da presença da Universidade de Caxias do Sul na Missão Energias Renováveis e Biogás, a ser realizada na Holanda, de 12 a 16 de março. A organização é do Centro Internacional de Negócios do Rio Grande do Sul (CIN-RS), integrante da Gerência de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado (FIERGS).
A representante da UCS na comitiva será a professora dos programas de Pós-Graduação em Biotecnologia e em Engenharia e Ciências Ambientais, Suelen Paesi, também representante do Arranjo Produtivo Local Metalmecânico e Automotivo da Serra Gaúcha. Como coordenadora Laboratório de Diagnóstico Molecular do Instituto de Biotecnologia da Universidade, ela atua com pesquisas microbiológicas capazes de potencializar a produção de biogás, composto surgido da fermentação de resíduos orgânicos que, uma vez purificado – processo pelo qual são separados os gases metano e carbônico, os ácidos e outros residuais – pode ser convertido em energia elétrica, térmica e em combustíveis.
Na Holanda, a missão gaúcha vai percorrer diversas cidades para conhecer projetos que envolvem a cadeia pública e privada de pesquisa, desenvolvimento tecnológico e execução da produção bioenergética do país. Dentre eles estão a produção de biogás a partir de restos orgânicos animais em empreendimentos rurais e a partir do processamento de resíduos orgânicos municipais; a produção de energia e de biocombustíveis baseada na separação e processamento de três tipos principais de biomassa (óleos e gorduras, carboidratos e madeira); e pesquisas universitárias para criação de tecnologias para energias sustentáveis.
A visita às instituições holandesas também vai contar com apresentações de empresas interessadas em parcerias para desenvolvimento de tecnologia para biogás no Brasil e com rodadas de network exclusiva para as organizações brasileiras. Nesta interação, serão conhecidos trabalhos geridos pela Organização Holandesa para Aplicação da Pesquisa Científica (entidade independente de pesquisa e desenvolvimento de inovações com foco em Indústria, Energia, Segurança e Defesa, Urbanização e Vida Saudável), e da Fundação Energy Valley, que intermedeia a conexão de partes interessadas na criação de oportunidades de mercado na geração de energias limpas e inovadoras.
Matriz Produtiva dos Biodigestores
Além das oportunidades potenciais da missão da comitiva da FIERGS à Holanda, a UCS está inserida em outra iniciativa que visa expandir o uso do biogás como fonte de energia sustentável e como recurso para o reaproveitamento de resíduos orgânicos no Estado. Por meio do Instituto de Biotecnologia, a Universidade entrega o Grupo de Trabalho da Matriz Produtiva dos Biodigestores, coordenado pela deputada estadual Zilá Breitenbach (PSDB). A ideia, que visa à instalação de biodigestores para produção de biogás em propriedades rurais, já foi apresentada ao governo do Estado e ao Ministério da Agricultura, e deve ser transformada em um projeto de parceria público-privada.
Alternativa ecológica reaproveita resíduos para gerar energia limpa
Gerar energia elétrica sem causar impacto ambiental, produzir gás combustível utilizável em sistemas de aquecimento ou em veículos, e criar fertilizantes ecológicos, capazes de melhorar a qualidade e a quantidade da produção rural. Tudo isso sendo, ao mesmo tempo, solução para a destinação de resíduos orgânicos. São inúmeras as aplicações e vantagens que o reaproveitamento de biomassas pode ser alcançado com a contribuição da ciência. Bem como os agentes públicos e privados beneficiados.
“Todos os que geram algum tipo de resíduo, desde municípios, empresas ou produtores rurais podem, com essa tecnologia, convertê-lo em energia”, destaca a coordenadora Laboratório de Diagnóstico Molecular do Instituto de Biotecnologia (IB-UCS), Suelen Paesi.
A indústria de combustíveis é um desses casos. Para a produção de cada litro de etanol restam 13 litros de vinhaça, um resíduo poluente da cana-de-açúcar. Já o biodiesel, elaborado a partir de óleos vegetais e óleos reciclados, tem como subproduto o glicerol, também poluente e reaproveitável. Palha de arroz, restos de alimentos e dejetos de suínos, bovinos e aves também são exemplos de resíduos que podem ser matéria-prima para produção do biogás.
As pesquisas do Laboratório de Diagnóstico Molecular da UCS na área consistem na potencialização desse processo. A geração de gases ocorre a partir de microorganismos responsáveis pela fermentação de matéria orgânica – as bactérias, de modo aeróbio (com presença de oxigênio) e as metagonênicas, de maneira anaeróbia (sem oxigênio). Os estudos consistem em detectar, em nível molecular, quais desses agentes microbiológicos (ou um conjunto deles), em qual tipo de dejeto, podem acelerar a produção em gases em ambientes controlados, os biodigestores.
Qualidade e produtividade – O principal produto resultante deste processo é o biometano que, uma vez separado do gás carbônico e do gás sulfídrico, pode ser usado diretamente como gás de cozinha, gás veicular, em aquecedores ou, mediante um equipamento de conversão, ser transformado em energia elétrica. Outra sobra valiosa é o biofertilizante, matéria orgânica que pode ser usada como adubo ecológico. Ao contrário dos fertilizantes químicos, que aniquilam todos os tipos microorganismos de uma plantação, o biofertilizante conserva os não-patogênicos, aqueles que impedem o avanço das chamadas pragas de lavoura.
“No Brasil, com a agroindústria, e no RS, um dos maiores produtores de suínos e aves do país, entre tantas outras culturas, temos a geração de um volume gigantesco de resíduos. A conversão disso em biogás trata não só da produção de energia, capaz de tornar uma propriedade autossustentável nesse quesito, mas também de reduzir o impacto ambiental ao dar destinação aos dejetos”, observa a pesquisadora. A ação duplamente ecológica tem mais um viés econômico, uma vez que a produção excedente de biogás em uma propriedade pode ser, observa Suelen, comercializada para o Estado, que conta com uma rede de gasodutos pronta para receber o excedente.
Fórum Sulbrasileiro de Biogás e Biometano
O desenvolvimento científico e tecnológico e as potencialidades de geração de novos negócios em torno da bioenergia serão discutidos em âmbito interestadual, entre empresas, universidades e poder público, no Fórum Sul Brasileiro de Biogás e Biometano, de 6 a 8 de junho, em Foz do Iguaçu (PR). A realização é da Universidade de Caxias do Sul, por meio do Parque de Ciência, Tecnologia e Inovação – TecnoUCS; do Arranjo Produtivo Local Metalmecânico e Automotivo da Serra Gaúcha; do Centro Internacional de Energias Renováveis – Biogás (Cibiogás); e do Instituto SENAI de Tecnologia em Petróleo, Gás e Energia.
Foto – Claudia Velho/UCS
Fonte: UCS
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