Economista de Bento analisa aumento do salário mínimo nacional

O novo salário mínimo, de R$ 954 entrou em vigor no dia 1º. O reajuste de R$ 17, ou seja, 1,81%, foi abaixo do previsto no orçamento, sendo o menor dos últimos 24 anos. E isso traz pontos positivos e negativos, na avaliação do economista Vinicius Triches, em entrevista à Rádio Difusora.

Triches destaca que quanto a impactos positivos, pode se dizer que o Governo prevê uma economia de R$ 3,3 bi em 2018. “Alguns gastos serão menores, uma vez que o maior responsável pelo pagamento de salário mínimo é o Governo e 45 milhões de pessoas recebem esse valor, entre servidores, pensionistas, aposentados e um aumento muito significativo acaba influenciando nas contas públicas”.

O economista explica ainda que se é dado um aumento muito pequeno, isso significa que a inflação foi baixa, o que significa um poder de compra maior para a população.

Porém, há impactos negativos do valor do salário mínimo. O principal deles reflete na renda do consumidor. “Os trabalhadores perdem em qualidade de vida e é complicado para a economia, pois é menos dinheiro circulando. Ou seja, em termos de distribuição de recursos é um dado problemático. Temos que observar a inflação ao longo do ano”, afirma.

Triches esclarece ainda o cálculo do reajuste. Havia um fórmula de cálculo que observava a inflação do ano anterior e o aumento do PIB – Produto Interno Bruto – nos últimos dois anos. E como o crescimento era maior, os aumentos eram mais expresssivos nas décadas anteriores. Em 2012 a então presidente Dilma Rousseff mudou o cálculo, onde se calculava o PIB do ano anterior. Em 2016 não houve crescimento econômico e como não se pode tirar, trabalhou-se com índice zero. “O que o Governo Temer fez foi cumprir uma lei que se estenderá pelo menos até 2019, uma vez que em 2015 ela foi estendida por Medida Provisória”.

Triches destaca que o preço dos alimentos puxou a inflação para baixo, o que reflete diretamente no Índice Nacional de Preços ao Consumidor – INPC.

No entanto, o salário mínimo, na visão do economista, está longe do ideal. As necessidades básicas do pai de uma família de quatro pessoas para atender as exigências da constituição seria de R$ 3.731,00, ou seja, deveria ser 3,9 maior. “Mesmo que o aumento fosse mais substancial esse ano, como foi em anos anteriores, de 10 ou 12%, ainda faltaria muito para atender as necessidades básicas de uma família”, explicou.

Triches esclarece ainda que a vantagem de um salário mínimo maior, se aumenta a qualidade de vida da população, com melhor distribuição de renda. Por outro lado, se o salário mínimo foi muito alto, as empresas terão aumentos de custos muito maiores e como a maioria das firmas são médias ou pequenas, isso acabaria gerando desemprego. “Cobrar salários mínimos muito altos pode impactar então diretamente na geração de emprego. Esse é um ponto crítico”, afirmou.

 

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