Responsável por abrir a terceira edição do Congresso Estadual AEARV, o arquiteto Mario Biselli mostrará nesta quinta-feira (31), em Bento Gonçalves, projetos urbanos e de habitação social desenvolvidos por seu escritório, o Biselli Katchborian Arquitetos Associados, de São Paulo. A palestra Habitação e Cidade, na Casa das Artes, às 9h30min, tem por base trabalhos realizados para o poder público – prefeitura de São Paulo – e para as parcerias público-privadas promovidas pelo governo do Estado, além de outros projetos do escritório.
Para Biselli, relacionar a arquitetura à habitação e à cidade é inerente às capacidades técnicas do profissional. “Somos arquitetos urbanistas por formação, portanto não há nenhuma particular dificuldade em pensar arquitetura ou cidade. Conhecemos os instrumentos de projeto e a cultura acumulada em torno dos problemas”, justifica. Segundo ele, tanto os edifícios quanto as unidades habitacionais são definidores e qualificadores da cidade e, portanto, devem estar no centro das decisões estratégicas. “Os sistemas de financiamento para a casa própria são conhecidos e vão se aperfeiçoando, mas a qualidade dos modelos urbanos e das unidades habitacionais está ainda muito distante dos padrões internacionais”, avalia.
Trazendo o debate para a seara da coletividade – tema do Congresso da AEARV deste ano -, Biselli acredita que os modos de produção da arquitetura são muito variados atualmente, com demandas e áreas de atuação se multiplicando conforme a sociedade se torna mais complexa e democrática. “Dentro do escritório, vejo que a contribuição de muitos está cada vez mais presente, no entanto, acredito que o assunto da autoria não está superado e nem estará. Em qualquer grupo há sempre uma liderança responsável por pensar o partido arquitetônico, dando origem a todas as ulteriores ações de projeto”, comenta.
“A arquitetura deve acompanhar as mudanças da sociedade”, dizem Pascali e Sarkis
Premiados em países como Alemanha e Estados Unidos, os arquitetos Domingos Pascali e Sarkis Semerdjian também compõem a programação do primeiro dia de atividades do Congresso. Conhecidos pela versatilidade de seus projetos – seja para arquitetura e interiores, seja para produtos e cenografia – mostrarão por que a experimentação é mais do que o uso de materiais alternativos. “Acho que experimentação vem de diversas formas de pensar. A busca por uma materialidade mais diversa com certeza se enquadra nesse conceito. Mas principalmente devemos estar atentos às mudanças na sociedade, que são cada vez mais rápidas, e a arquitetura deve acompanhá-las”, comenta Sarkis.
Na palestra, os arquitetos falarão sobre experimentos através, basicamente, de dois projetos do escritório: a Galeria Melissa, em Nova York, e a Casa Ipanema, no Rio de Janeiro – ambas premiadas pelo iF Design Awards, na Alemanha. “Os dois espaços fugiram do conceito de loja”, explica. “A Galeria é um espaço que busca receber intervenções de diferentes artistas a cada três meses. Por isso, a arquitetura deveria ser impactante, mas ao mesmo tempo discreta. Ela remete a uma caverna urbana”, completa.
A Casa Ipanema, além de ser um case da arquitetura experimental do duo, tem o próprio conceito de coletividade – tema do congresso – impresso no seu fazer arquitetônico, observando o entorno social que a cerca. “Ela buscou a interação e participação dos moradores do bairro para enriquecer o espaço com experiências e objetos pessoais. Tudo lá tem uma história verdadeira. Os vizinhos se engajaram no processo doando objetos que contassem a sua própria história ou a história do bairro”.
Para Sarkis, edificações experimentais, principalmente na habitação, podem se tornar um modelo a ser implantado em maior escala, mas é preciso atentar que muitos buscam um novo formato comercial, sem se preocupar em levar um benefício à sociedade. No escritório da dupla, o arquiteto diz que a coletividade está presente desde a etapa de estudos dos projetos até a experimentação e o uso do espaço criado. “A arquitetura não funciona sem pessoas”, comenta Sarkis.
Projetos do Studio Arthur Casas em destaque
Representando um dos mais celebrados escritórios do país, o arquiteto Gabriel Ranieiri traz a Bento Gonçalves os bastidores de criação envoltos aos projetos do Studio Arthur Casas, no dia 1º de setembro, no Congresso Estadual AEARV. Com unidades em São Paulo e Nova York, o estúdio tem assinado projetos em cidades tão distintas quanto Paris e Tóquio e ajudado, assim, a perpetuar o estilo brasileiro de “arquitetar” ao redor do mundo. “Existe uma inegável e forte influência do modernismo em praticamente tudo que se produz hoje no Brasil, inclusive na produção do Studio”, diz Ranieri sobre a identidade de nossa arquitetura. “Entendo que, no geral, temos uma relação diferente com a natureza, uma relação mais íntima, diferente da arquitetura de outros países, seja pelo clima propício ou pela influência ancestral”, considera.
Os projetos do estúdio comandado por um dos principais arquitetos contemporâneos do Brasil – Arthur Casas – são o foco da palestra de Ranieri, no dia 1 de setembro, na Casa das Artes. São trabalhos que abrangem a totalidade do escopo da arquitetura, passando por projetos residenciais e comerciais, além do design e do urbanismo e participações em concurso. “Temos interesses em todas as áreas e escalas possíveis, desde o design ao urbanismo, e atualmente atuamos em todas elas. Da cadeira ao bairro”, pontua Ranieri.
O estilo do escritório está presente em obras distintas como o Hotel Emiliano (SP e, recentemente, RJ), a revitalização dos Largos do Pelourinho (BA), o residencial Chelsea (NY) e o Pavilhão Brasil para a Expo 2015, em Milão, na Itália. Para contemplar tamanha gama de interesses arquitetônicos, em locais situados em diferentes contextos sociais e geográficos, a equipe faz um amplo estudo do que cerca aquele ambiente, desde fatores naturais como clima e a relação do indivíduo com o espaço, bem como técnicas construtivas locais e materiais disponíveis. “Cada caso é um caso, cada lugar é um lugar. O papel da arquitetura é apresentar uma resposta a uma demanda, e o entorno em que ela é inserida é o que mais influencia na concepção”, explica Ranieri.
Apesar do respaldo positivo que a arquitetura brasileira tem, muito pela referência modernista, o profissional acredita que há desafios a serem superados. “Acho que ainda sofremos quanto à qualidade de mão de obra e a resistência do mercado em relação a novas técnicas construtivas. Ainda estamos, literalmente, empilhando pedras”.
Como participar
As inscrições para o III Congresso Estadual AEARV podem ser feitas no site www.aearv.com.br/congresso ou diretamente no local do encontro. Para associados da entidade e estudantes, o investimento é de R$ 100, assim como para afilhados da Ascon Vinhedos. Profissionais não associados pagam R$ 220. Também é oferecido desconto de 25% no valor da inscrição para grupos a partir de cinco pessoas. O fórum tem o apoio institucional do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio Grande do Sul (CREA-RS), do CAU/RS (Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio Grande do Sul) e do Sindicato dos Engenheiros do Estado do Rio Grande do Sul (SENGE); das empresas Artelana, Byrne, Costaneira, Cristo Rei Materiais Elétricos, Espaco Décor, Friza, Meber Metais, Modelo Vidros, Perlare, Pró-Cor Tintas, Sole Aquecimento, Weiku, Bigfer e Berneck, além da Ascon Vinhedos e da Universidade de Caxias do Sul. Esses parceiros terão espaços especiais para exibição de suas novidades na Rua Coberta de Bento Gonçalves, nos dias de realização do congresso, como atração complementar à programação de palestras.
Fonte: Exata Comunicação
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