Corede Serra articula com prefeituras busca por mais recursos para a saúde

Encontro com a 5ª CRS e municípios da microrregião de Veranópolis tenta suprir gargalos no atendimento de média e alta complexidade

Com dificuldade em acessar leitos de UTI para média e alta complexidade, prefeitos da microrregião de Veranópolis estiveram reunidos com a 5ª Coordenadoria Regional da Saúde (5ª CRS) para discutir alternativas a fim de contornar esse que é um dos principais gargalos da área. Articulado pelo Conselho Regional de Desenvolvimento da Serra (Corede Serra), o encontro ocorreu na sexta-feira (03) na Associação Comercial e Industrial de Veranópolis, e apresentou como um dos principais encaminhamentos a união de forças para buscar recursos e ampliar o número de leitos em hospitais que já atendem alta complexidade. “Com a estrutura de hoje na Serra, temos condição de ter mais serviço”, disse a coordenadora da 5ª CRS, Tatiane Zarpeloni Misturini Fiori.

A ideia inicial é trabalhar para colocar em funcionamento duas estruturas que estão aptas para começar a operar, mas esbarram no financiamento do serviço no Ministério da Saúde. Uma está no Hospital São Carlos, em Farroupilha, que está com estrutura pronta para habilitar neuro de alta complexidade. Outra é o Hospital São Pedro, em Garibaldi, que se estruturou para trabalhar a alta complexidade em cardiologia. Por isso, agora, os esforços se voltam a unir as prefeituras num trabalho coletivo, com coordenação política, para angariar recursos junto aos governos estadual e federal. “Temos alguns hospitais com estrutura pronta para assumir serviço, no entanto, falta financiamento. Então, agora nós vamos, junto ao governo do Estado, buscar mais recursos. Também queremos negociar com o governo federal, pois temos uma demanda em torno de R$ 50 milhões por ano que não estão sendo repassados, com os municípios assumindo a conta”, disse o presidente do Corede Serra, Evaldo Kuiava.

A deliberação para buscar a ampliação do número de leitos em hospitais que já atendem alta complexidade passa pelo campo econômico e, também, humano. “Há dificuldade em contratar. Uma realidade é contratar um cirurgião torácico em Caxias, onde ele atende a vários hospitais, tem clínicas e outros serviços. Outra é trazer essas especialidades para cidades menores. O custo desses profissionais fica muito alto e muitas vezes eles não vêm por ter pouca opção de trabalho”, explicou Tatiane.

De acordo com ela, um déficit de R$ 46 milhões dos municípios da Serra com gastos extras em saúde, apontados por um estudo de Teto MAC (Média e Alta Complexidade) do SUS realizado pela 5ª CRS. Ou seja, as prefeituras aplicam recursos além dos recebidos do governo federal. “Os municípios estão suportando uma carga que, em tese, não seria da responsabilidade deles”, observou o prefeito de Nova Prata, Umberto Carnevalli. O próprio estudo de Teto MAC, realizado no ano passado, deve ser utilizado na argumentação dos prefeitos para que mais recursos cheguem à região. “A ideia, com ele, já era a de fazer uma grande mobilização da Serra junto ao Ministério da Saúde para recompor o teto da Serra, porque não adianta ir a Brasília um prefeito hoje e outro amanhã”, pontua Tatiane. Hoje, a Serra necessitaria 120 leitos de UTI, de acordo com ela, segundo um cálculo estipulado pela Organização Mundial de Saúde, que leva em consideração a população. Depois da pandemia, a região saltou de 60 leitos SUS para 102. “Estamos próximos do considerado ideal”, disse, ressaltando que a existem 22 hospitais filantrópicos na região.

Durante a reunião, a 5ª CRS, que coordena o sistema de saúde em 49 municípios da região, também apresentou um panorama dos trabalhos acerca da organização e da orientação dos sistemas de informação do SUS, abordando planejamento, regulação e auditoria. “Foi muito importante para clarear a questão das referências hospitalares, um momento para prefeitos e secretários colocarem os seus anseios. E ficou muito claro, também, que a gente precisa ter intervenções políticas para buscar aportar mais recursos para os municípios, porque os pequenos municípios já aportam muito valor em cima da saúde, sempre excedendo os seus limites para suprir a falta do Estado e do governo federal”, opinou a secretária de Saúde de Nova Bassano, Aline Luvison.

Fonte: Exata Comunicação

Foto: Tiago Garziera

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