“Devemos ter presente que celebrar é prestar um tributo, através da voz do artista, no gemido da gaita e no dedilhar das cordas do violão, aos antepassados que dormem o sono da eternidade no panteão dos imortais”
Estimados irmãos e irmãs em Cristo Jesus! Quando lemos as Sagradas Escrituras, podemos acompanhar a história da formação do povo de Deus da Antiga Aliança. Um povo peregrino, duramente provado, que precisou reconstruir a sua identidade como povo de Deus, fragilizada pelos acontecimentos que marcaram a sua história: escravidão, derrotas e exílios em terras estrangeiras. Diante de tais fatos, esse povo, com sua identidade, poderia ter desaparecido com o passar dos séculos. Mas, o cultivo da fé no Deus dos patriarcas – Abraão, Isaac e Jacó – mais as tradições forjadas no sofrimento e nas provações serviram para manter viva a história de Israel.
Por isso, não devemos esquecer que um povo sem “tradição” é um povo desconectado do seu passado; é como árvore sem raízes profundas, não resiste aos ventos do tempo, da mudança de época. Nas tradições celebramos a fé, a cultura e a vida, marcadas por fatos heroicos, que feriram e enobreceram a alma e a história da nação e do estado; algo de grandioso, que não morreu com a geração que os presenciou, mas ficou como um legado sagrado, para ser celebrado através do tempo e das gerações que se sucederão.
Um povo que perde suas tradições é como alguém que perde seu documento de identidade. Com uma grande diferença, sobre este último pode-se recorrer a um ofício público e requerer uma nova via. Mas as tradições, uma vez perdidas, dificilmente podem ser recuperadas, porque antes de serem um fato social celebrado exteriormente, é uma identidade que está enraizada na alma de um povo. Essa identidade não se deixa quando se deixa os limites de um estado ou as fronteiras de uma nação; ela acompanha o itinerário de vida de uma pessoa, e se transmite aos descendentes como uma herança de valores sagrados.
O povo gaúcho sente orgulho de suas tradições porque celebram a tenacidade e a bravura de seus antepassados. E o reviver, a cada ano, a Semana Farroupilha é como mergulhar na alma do passado e trazer para o presente, no despojamento e rusticidade dos galpões, um jeito único de acolher as pessoas, de valorizar e celebrar a simplicidade e a beleza da vida. Mas também devemos ter presente que celebrar é prestar um tributo, através da voz do artista, no gemido da gaita e no dedilhar das cordas do violão, aos antepassados que dormem o sono da eternidade no panteão dos imortais.
+ Dom José Gislon, OFMCap.
Bispo Diocesano de Caxias do Sul
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