Comemoração dos 150 anos da imigração italiana será estendida para 2026

Anúncio foi feito durante II Encontro da Comunidade Italiana do Rio Grande do Sul, promovido pelo COMITES-RS

Iniciada em 16 de janeiro deste ano, com término programado para 31 de dezembro, a programação comemorativa aos 150 anos da imigração italiana no Rio Grande do Sul terá continuidade até maio de 2026. O Governo do Estado acatou pedido formulado por entidades integrantes da Comissão Organizadora e estenderá o calendário até 20 de maio do próximo ano. A oficialização depende somente de trâmites junto à Casa Civil do Palácio Piratini.

O anúncio foi feito por Fabricio Peruchin, presidente da comissão e secretário de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos do Estado, durante o II Encontro da Comunidade Italiana do Rio Grande do Sul, promovido pelo COMITES-RS (Comitê dos Italianos no Exterior). A programação ocorreu nesta quinta-feira (18), na sede do Centro da Indústria, Comércio e Serviços de Bento Gonçalves, reunindo em torno de 150 participantes, que representaram as mais de 80 associações italianas existentes no Estado.

Na avaliação do secretário, o maior legado das atividades comemorativas dos 150 anos é o resgate histórico dos valores da família italiana. Ele destacou que o RS é o segundo maior local no mundo com mais italianos, atrás somente da Itália. “São cerca de 4 milhões de descendentes e 130 mil cidadãos italianos, o equivalente a 40% da população gaúcha. Este resgate é muito importante, razão para o Estado estender a programação dos 150 anos”, frisou.

Presidente do COMITES-RS para o período 2022-2026, Cristina Mioranza destacou que a entidade está passando por um processo de retomada, com o entendimento das suas atribuições, e com um projeto de atuação definido de forma coletiva pela diretoria. Ela ressaltou a conquista da sede honorária, em Porto Alegre; a elaboração semestral de um boletim informativo; o lançamento de livro “Andiamo Via!”, com financiamento do governo italiano; e a parceria com escolas para estimular o estudo da língua italiana. O próximo objetivo é a vinda do Instituto de Cultura Italiana.

A presidente assinalou, ainda, a sólida parceria com o Consulado da Itália no Rio Grande do Sul, com apoio a diversas iniciativas. Uma delas é a chegada de uma nova professora, por meio do governo da Itália, para ensinar e difundir a língua italiana através de cursos de formação de professores na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. “O COMITES-RS tem trabalhado forte para fazer o cidadão italiano entender que também tem deveres, não é só receber o passaporte”, reforçou.

Integrante do Conselho Geral dos Italianos no Exterior e tesoureira do COMITES-RS, Stephania Puton reforçou a importância de exercer a cidadania ativa por meio da atualização de informações e integração aos organismos que representam o governo italiano, como o consulado, e associações. “Precisamos cumprir com obrigações como fazemos no Brasil. Aí se inclui a votação nas eleições italianas. A cédula, com ou sem voto, deve ser devolvida para mostrar que o endereço está correto e o cidadão ativo”, assinalou. Ela afirmou que uma das principais dificuldades é o engajamento dos jovens no movimento de valorização da cultura italiana. “Precisamos pensar no legado que vamos deixar para os jovens nos próximos 150 anos. Por isso, o objetivo de difundir a língua e a cultura italiana, com o apoio do governo, de entidades e das prefeituras”, reforçou. Citou que no Brasil são 30 milhões de descendentes italianos, o equivalente a metade da população italiana, e mais de 1 milhão de cidadãos reconhecidos.

Para a vice-presidente do COMITES-RS, Rosária Anele, o trabalho precisa ser feito desde a infância, incentivando as crianças por meio de cursos e participação em grupos de música, como o Vocal Trama Voz, formado por meninas, e Coral Canarinhos de Tuiuty, que se apresentaram na abertura do encontro. “Recentemente, por iniciativa do cônsul Valério Caruso, reunimos diversas instituições de ensino para fomentar o estudo da língua italiana”, observou.

Deputado expõe cenário da nova lei de cidadania

O II Encontro da Comunidade Italiana do Rio Grande do Sul reuniu lideranças políticas, comunitárias e empresariais para também debater aspectos da nova lei da cidadania e ações para fortalecer a difusão da cultura e língua italiana. O cônsul-geral da Itália no Rio Grande do Sul, Valério Caruso, ressaltou que o estado é estratégico para o país por sua história, povo e economia. Deu ênfase à importância da recriação da Câmara de Comércio da Itália no estado, que irá contribuir na consolidação de novos negócios e na formação do sistema italiano, e à participação exitosa do consulado na Expointer. “O resultado obtido nestes últimos três anos no consulado está sendo positivo, com o apoio e parceria da comunidade, por meio das associações, e organizações públicas”, comentou. Confirmou para segunda-feira o início das obras da nova sede do consulado, com estimativa de entrega para seis meses.

O deputado italiano Fabio Porta fez um relato da atual situação, destacando que eventuais mudanças somente devem ocorrer a partir de 2026, quando a Corte Constitucional analisará decisão de juiz de Turim, que considerou inconstitucional a lei aprovada pelo Parlamento, em processo movido por um cidadão. “Mesmo que a Corte julgue favorável, os reflexos não serão automáticos”, frisou. Na sua opinião, o governo agiu de forma errada ao propor uma legislação sem discutir com a comunidade. Porta avaliar que o governo age na contramão do que o país precisa, pois está carente de mão de obra. Além da baixa natalidade, citou a migração de jovens. “A Espanha, ao contrário, tem uma política inclusiva de imigrantes de língua latina. Mesmo com redução demográfica, está conseguindo crescer”, citou.

Giuseppe Pinelli, da empresa Destino Itália, detalhou o projeto para atrair imigrantes ao país, que deve ter uma redução de 20% na população até 2050. “A Itália precisa de mão de obra qualificada, razão para termos este projeto que conecta profissionais interessados em trabalhar no país com empresas que demandam vagas”, frisou. A iniciativa, que também atua com estudantes e mesmo pessoas que somente querem se mudar para a Itália, oferece todos os serviços por meio de uma plataforma digital, além de dar o suporte necessário aos interessados.

O deputado estadual Guilherme Pasin, presidente da Frente Parlamentar Brasil-Itália, destacou a tramitação na Assembleia de dois projetos que visam à valorização das comemorações dos 150 anos da imigração italiana. Um deles reconhece a data como de relevante interesse cultural para o estado. O segundo busca destinar uma parcela de recursos do fundo de cultura estadual para eventos e ações focados na valorização do patrimônio cultural do público ítalo-gaúcho.

O prefeito de Bento Gonçalves, Diogo Siqueira, frisou que os pequenos e médios municípios devem defender o que os diferencia dos demais e mostrar o que fazem de melhor. “Para o Brasil dar certo basta olhar o que os desbravadores fizeram, que chegaram sem nada e enfrentaram as dificuldades com trabalho”, destacou. A professora e pesquisadora Vania Heredia registrou como legados dos imigrantes o amor à família e à vida, o respeito ao trabalho, o culto à propriedade e o sentimento religioso. A programação foi encerrada com show de humor e sessão de autógrafos do livro “Andiamo Via!” por Carlos Iotti e apresentação do Grupo Nostri Ricordi.

O II Encontro da Comunidade Italiana no RS tem o patrocínio de Beigrupo, CIC Bento Gonçalves, Destino Itália, Mercattino Café e Quíron Cursos e Idiomas.

Fonte: Exata Comunicação

Fotos: Cesar Silvestro

 

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