EMEF Tancredo de Almeida Neves: projeto socioambiental une Educação Financeira e Sustentabilidade na formação de cidadãos conscientes

Arrecadação de garrafas pets já ultrapassam mais de 2 toneladas 

Desde 2017, a Base Nacional Comum Curricular preconiza a Educação Financeira para ser desenvolvida e trabalhada nas escolas, objetivando o uso do dinheiro de forma consciente, prática e preparatória para as necessidades básicas como alimentação, saúde e meio ambiente. Em Bento Gonçalves, a Secretaria de Educação incentiva a rede pública de ensino, por meio da equipe do Setor Pedagógico, elabora ações e atividades relacionadas ao tema, que está incorporada ao projeto norteador, devido ao seu caráter transversal, dialogando com outros componentes e assuntos, como a sustentabilidade.

A EMEF Tancredo de Almeida Neves, localizada no bairro São João, em Bento, e há 43 anos em atividade, criou o projeto “Leitura e Arte como perspectivas para adiar o fim do mundo”, baseado no livro do líder indígena, ambientalista e escritor, Ailton Krenak, “Ideias para adiar o fim do mundo”, lançado em 2019.

Assim, foram estabelecidas três linhas de ação: a arrecadação de garrafas pet e tampinhas, para produção de matéria prima e direcionamento e reaproveitamento correto; criação da moeda própria da escola, o Tancrédito (assim como em países desenvolvidos, há bônus para famílias e educandos conscientes); a integração ao programa “Reciclar é fazer mágica”, da Bellaforma Embalagens, de Garibaldi, para o direcionamento e reaproveitamento do material arrecadado pelos 461 alunos e suas famílias.

Os Tancréditos, idealizados pela vice-diretora Rita de Cássia Dorigon Trevisan, foram criados para serem utilizados internamente e os alunos os recebem quando entregam as embalagens. De acordo com o peso, recebem um valor para as compras de lanches e de outros materiais. O sistema de recompensa resultou numa eficiência tão boa, que a direção está pensando em expandir para os estabelecimentos do bairro, como mercados e academias.

O movimento já estava sendo estruturado no ano passado e ganhou corpo e robustez em 2025. Por meio do planejamento constituído, foram realizadas palestras para embasar os conhecimentos e o mapa para a execução das práticas para a geração de renda, investimentos e consumo consciente. O projeto está sendo um sucesso, tendo arrecadado mais de 2 toneladas de garrafas pet, até o presente momento.

No roteiro, também foram trabalhados quatro Objetivos de Desenvolvimento Sustentável como: acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares; assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, promovendo oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos; reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles; assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis.

Percebe-se ser um trabalho de responsabilidade social e ecológica, proveniente de base escolar e comunitária, pois a difusão das práticas pode impactar positivamente o comportamento e as atitudes do entorno. A EMEF Tancredo espelha a preocupação com o amanhã, incentivando as boas práticas necessárias para as mudanças da sociedade, auxiliando na formação cidadã.

“Ao unir sustentabilidade e educação financeira, o projeto busca desenvolver competências essenciais para a formação de cidadãos mais críticos, éticos e preparados para tomar decisões que favoreçam o bem-estar individual e coletivo, contribuindo para um futuro mais justo e equilibrado”, destaca a diretora, Greice Gabbardo Barbosa.

Em agosto, o educandário recebeu a visita de uma comitiva com pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, composta por Diogo Yano, engenheiro mecânico e especialista em Economia Circular e Diana Ramos Lima, engenheira química, acompanhados de Jeferson Bertol, gestor do programa “Reciclar é fazer mágica”. Eles estão estudando cases, analisando a performance na cadeia de economia circular e comparar com a rede doméstica. Na ocasião, a diretora e sua equipe apresentaram o percurso e os resultados alcançados pelo projeto, como a redução de desperdícios.

Ambos evidenciaram a sinergia de diferentes temas de impacto socioambiental, a reciclagem e a cadeia estruturada para um novo ciclo de vida unindo a proposta pedagógica com a Educação Financeira.

“O projeto mostra que a Economia Circular tem potencial de transformação e de impacto social na cadeia de embalagens de produção e consumo e a articulação entre os atores funciona”, analisa Diogo.

Jeferson corrobora as impressões dos pesquisadores sobre a evolução do projeto e complementa sobre o olhar acadêmico: “Foi uma grande surpresa. Precisa ter um tempo de maturação para cada campanha. É um sistema que vem dando muito certo na EMEF Tancredo de Almeida Neves e atribuo muito à organização e ao engajamento que faz diferença. A visita dos pesquisadores agrega muito ao trabalho implementado, como na solidez, pois valida a nossa proposta, e joga luzes para as melhorias”.

O panorama acima mostra como pequenos gestos e o engajamento contribuem para o avanço responsável para com a realidade, partindo da esfera particular, a escola, para o global, a sociedade, a economia e o meio ambiente.

“O projeto da EMEF Tancredo de Almeida Neves une educação financeira e sustentabilidade na formação de cidadãos conscientes para o consumo. O Tancrédito, moeda criada pela escola, estimula o consumo consciente e a responsabilidade social. Um exemplo de como a educação pode transformar a realidade e inspirar um futuro mais justo e equilibrado”, enfatiza a Secretária de Educação, Andreza Peruzzo.

Fonte e foto: Assessoria de Comunicação Social -Prefeitura