Estudo da UCS em parceria com o Bento+20 pesquisou, ainda, características de trabalhadores do município
Um estudo inédito conduzido pela UCS Bento em parceria com o Bento+20 com estudantes e trabalhadores do município identificou características e percepções relativas à educação e ao trabalho em Bento Gonçalves. Realizado de modo online, o formulário foi aplicado entre abril e agosto a 443 alunos do ensino médio e a 283 trabalhadores de mais de 35 bairros.
Os resultados mostram que 64% dos alunos do ensino médio desempenham algum tipo de atividade remunerada, enquanto 80,8% da massa laboral não pensa em trocar de emprego. “É uma pesquisa muito interessante que nos traz algumas visões para o nosso futuro. Percebemos como o jovem entra cedo para o mercado de trabalho e como eles querem prosseguir se qualificando após o ensino médio. Ao mesmo tempo, temos um indicativo para trabalhar na questão do turismo, uma das nossas forças econômicas, apontada pelos estudantes como uma das áreas de menor interesse para trabalhar”, comenta o presidente do Bento+20, Roberto Meggiolaro Junior.
Entre os estudantes, cuja maioria tem entre 15 e 18 anos (97,9%), 45,6% trabalham como menor ou jovem aprendiz, e 18,5% estão no mercado informal. Indústria e comércio, com 36,6% e 31,3%, absorvem a maior parte dos estudantes que trabalham de modo formal, sendo o restante, 27,1%, atuante nos serviços. Outro dado mostra que 52% dos estudantes da rede pública trabalham no mercado formal. Entre os estudantes de escolas privadas, 19% estão empregados formalmente. Uma grande diferença também se percebe entre os alunos que não trabalham. Estão nessa condição 61% dos jovens que estudam em escolas particulares, um universo que se reduz a 30% quando olhado para os alunos da rede pública. Já entre os que atuam no mercado informal há pouca diferença em relação à origem dos alunos – 18% de escolas públicas e 20% de escolas particulares.
A pesquisa também mostrou que 67,3% dos que não trabalham gostariam de ingressar no mercado como jovem aprendiz, índice que sobe para 71% entre quem estuda na rede pública e que cai para 60% entre alunos da rede privada. A maior parte, ou 36,4% do total, não tem preferência sobre em qual setor gostaria de ingressar. Essa percepção também se mantém mesmo após o encerramento do ensino médio (33%). Mas há setores com rejeição, ou seja, onde não se trabalharia de forma alguma: agricultura, com 42,5% das citações, seguido de turismo, com 24,2%, e indústria, com 13,6%.
Outro ponto da pesquisa foi identificar as percepções dos alunos acerca do trabalho. Eles foram convidados, numa escala de zero a 10, a atribuir uma nota para diversas citações, sendo zero ‘discordo totalmente’ e 10 ‘concordo totalmente’. A nota mais alta foi atribuída à sentença que o trabalho significa “assumir novas responsabilidades”, com 9,5. Já a que eles menos concordaram, com nota 4,5, foi a de que “a vida só tem sentido às pessoas quando se envolvem com o trabalho”. “A percepção sobre o significado do trabalho é semelhante entre estudantes do ensino médio de escolas públicas e privadas. Os maiores níveis de concordância para a dimensão de realização pessoal e dimensão positiva do trabalho; menores níveis de concordância para as dimensões negativas do trabalho (apesar de estar em nível de concordância), centralidade do trabalho e dimensão econômica”, observa o sub-reitor da UCS Bento, professor Fabiano Larentis, que analisou os dados da pesquisa.
Em relação ao estudo, 72,7% dos participantes querem seguir para o ensino superior. Esse indicador sobe consideravelmente quando observado apenas os alunos de escolas privadas, indo a 91%. Já entre quem estuda em escolas públicas, o índice cai para 68%. Para 18,5% dos estudantes, a preferência é prosseguir com os estudos de algum curso técnico. Já 4,7% não querem seguir estudando e 4,1% disseram preferir optar por uma qualificação/formação mais curta.
Recorte mostra trabalhadores com mais estudo
A pesquisa realizada com trabalhadores indicou que 84% deles trabalham com carteira assinada, com o restante se dividindo entre MEI, sócio de empresa, autônomo e atuação informal – 5% não trabalham. Do total, 73% atuam na indústria, 24,4% nos serviços e 2,6% no comércio. Entre as atividades mais citadas, estão moveleiro, metalurgia, educação, saúde, transporte/logística, alumínio e vidro.
Os trabalhadores pesquisados avançaram nos estudos, com 24% dos participantes sendo pós-graduados e 23% graduados. Isso se reflete nos salários. Embora a renda média bruta dos assalariados tenha ficado em R$ 4.244, conforme dados da RAIS de 2024, 59% do total de quem participou da pesquisa recebe acima dos R$ 4.501. Desses, 39,1% totalizam valor acima dos R$ 6 mil. Essa faixa salarial é alcançada por 82% dos portadores de diploma de graduação. Atualmente, 36% estão fazendo algum curso, principalmente nas áreas de gestão, humanidades, saúde e tecnologia, e 78% pretendem, no futuro, fazer outro curso, especialmente nessas mesmas áreas. A amostra teve um percentual de participantes com curso superior incompleto e completo acima do que possui a população de assalariados.
Com diferentes faixas etárias, os entrevistados entre 30 e 45 anos representaram 51,6% do total. O fator idade também pesa entre os que recebem acima de R$ 6 mil, com 44% desses casos sendo de pessoas com 40 anos ou mais. Entre todos os que responderam, 69% eram casados ou estavam em união estável e 67% tinham filhos – sendo a maioria, 36%, tendo apenas um. Chama a atenção, ainda, a alta massa de trabalhadores não nascidos no município, praticamente equiparada à de habitantes nativos. Enquanto 50,2% são nascidos em Bento Gonçalves, 49,8% são de fora, com 68% desses residindo na cidade há mais de 10 anos. A pesquisa apontou, também, que 19% dos trabalhadores têm interesse em trocar de emprego. “As razões mais citadas são salário maior (54%), melhor ambiente de trabalho (31%) e trabalho mais próximo de casa (22%)”, pontua Larentis.
Da mesma forma que ocorreu com os estudantes, os trabalhadores também emitiram seus pareceres a respeito das percepções acerca do trabalho. As afirmações que eles mais concordaram, com 9,2, foram que o trabalho significa “assumir novas responsabilidades” e “possibilidade de utilizar minhas capacidades e competências”. Já as que eles menos concordaram foram que trabalho significa “um ambiente estressante e pesado”, com 3,5, e que remete a “preocupação e instabilidades constantes”, com 3,7. “As maiores diferenças nas médias ocorrem quando se consideram as faixas etárias, com trabalhadores de 19 a 29 anos apresentando, no geral, menores médias nas dimensões de realização pelo trabalho, aspectos positivos do trabalho, aspectos econômicos e centralidade do trabalho na vida”, comenta Larentis. O aspecto centralidade do trabalho, que considera o quanto o trabalho é fundamental à vida das pessoas, apresenta médias menores para quem tem menos idade. “A média para quem tem de 19 a 29 anos é 5,1, ao passo que a média, para quem tem de 30 a 39, é 6,3, e para quem tem 40 anos ou mais, 6,6. Não significa que o trabalho seja desconsiderado pelos mais jovens, uma vez que ele é percebido como necessário para a realização pessoal, mas que há outros elementos da vida que são também colocados na balança, algo conectado com as mudanças geracionais”, avalia Larentis. Meggiolaro considera a visão positiva do trabalho compartilhada tanto pelos trabalhadores quanto pelos estudantes um dos motivos para a pujança do município e, também, razão para seguir construindo um futuro ainda melhor para Bento Gonçalves. “É uma relação associada à realização pessoal, uma perspectiva que coloca o trabalho num ambiente positivo como motivo para a construção de uma sociedade com mais oportunidades”, comentou Meggiolaro.
O estudo foi apresentado ao Prefeito Diogo Siqueira na sexta-feira, 05 de setembro.
Fonte: Exata Comunicação
Foto capa: Gabriel Stella
Foto galeria: Prefeitura de Bento Gonçalves
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