O Sistema FIERGS solicitou ao coordenador da bancada federal gaúcha no Congresso Nacional, deputado federal Marcelo Moraes (PL) apoio na busca célere por medidas que ajudem a mitigar prejuízos a indústrias gaúchas atingidas pela alta de tarifas de importação dos EUA para produtos brasileiros. Em reunião na sede da entidade nesta segunda-feira (11), o presidente Claudio Bier pediu que deputados e senadores defendam a negociação diplomática.
“Nossas exportações estão penalizadas. Precisamos que os parlamentares utilizem todos os canais possíveis para viabilizar apoio à nossa indústria. É preciso defender uma postura de negociação diplomática para que a situação não seja ainda mais prejudicial ao Brasil”, reforçou, ressaltando a necessidade de apreciar com agilidade as medidas que devem ser encaminhadas pelo governo federal. A expectativa é que envolvam questões trabalhistas, de acesso ao crédito e de compensações tributárias.
Durante a reunião, foram apresentados os principais pleitos defendidos pelo Sistema FIERGS à União. Entre eles estão iniciativas como Programa Seguro-Desemprego com aperfeiçoamentos, acesso facilitado ao crédito subsidiado via BNDES a juros de 1% a 4% ao ano, específicas para capital de giro, e compensações tributárias, como ampliação do programa Reintegra, com elevação de 3% da alíquota de ressarcimento de tributos residuais nas exportações e a prorrogação do prazo de vencimento dos regimes fiscais, especiais como o Drawback.
Bier considerou ainda que todas essas medidas são importantes, ainda que paliativas. “Teremos desemprego, teremos fuga de empresas. Entramos em mais uma semana decisiva, pois o governo federal deve anunciar as medidas entre hoje (segunda) e amanhã (terça-feira). Por melhor que sejam, serão paliativas”, afirmou, ressaltando que a atenção maior deve ser para empresas exportadoras que tenham 50% do faturamento prejudicado. Moraes afirmou que a pressão política por uma resolução diplomática deve continuar. “Essas tarifas estão sendo aplicadas no mundo todo. Vou levar as proposições à bancada, o que nos cabe é pressionar por uma resolução”, disse o deputado.
O coordenador do Conselho de Articulação Política (Coap) do Sistema FIERGS, Diogo Paz Bier, ressaltou que, mesmo que a negociação das medidas seja feita pelo Poder Executivo, é essencial a articulação com a bancada federal. “Temos que mostrar o quanto nossa cadeia produtiva corre risco. Queremos passar esse cenário para que a bancada nos ajude a chamar atenção do governo federal”, afirmou.
De acordo com o vice-coordenador do Conselho de Comércio Exterior (Concex) do Sistema FIERGS, Leonardo De Zorzi, a situação exige “celeridade” diante do risco de “demissões em massa”. O industrial defende a “articulação política” como forma de sensibilizar e buscar apoio aos setores mais afetados, uma vez que já há um “congelamento dos negócios” e que “é muito difícil um produto sair ileso com tarifas de 40% ou 50%”.
O coordenador do Conselho de Relações do Trabalho (Contrab) do Sistema FIERGS, Guilherme Scozziero, explicou que, em relação às medidas trabalhistas, duas ações podem ser adotadas para proteger o emprego. Uma delas é o Programa de Proteção ao Emprego (PPE), que prevê custeio de 30% dos salários por meio do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e redução de jornada de 30%.
Na reunião, também foi solicitado a Moraes que seja encaminhada a aprovação de um projeto ampliando para 24 meses o prazo para cumprimento da exigência de manutenção do número de empregos do Programa Emergencial RS. Esse aumento é necessário em razão da dificuldade encontrada pelas indústrias em preencher as vagas. Originalmente, a exigência era de 10 meses, mas houve ampliação para 12 meses no final de maio.
IMPACTO NO RS
Com pelo menos 85,7% de suas exportações industriais incluídas na tarifa de 50% determinada pelo governo dos Estados Unidos para produtos brasileiros, o Rio Grande do Sul é o mais impactado pela medida entre os cinco estados que mais vendem ao país. Em 2024, os embarques somaram US$ 1,85 bilhão, sendo que R$ 1,58 bilhão estaria sujeito à nova taxa, caso estivesse em vigor na época. Em segundo lugar no ranking, aparece Minas Gerais, com 63,4%. São Paulo (57,8%), Espírito Santo (53,5%) e Rio de Janeiro (32,8%) completam a relação, segundo estudo do Sistema FIERGS.
Isso ocorre porque poucos produtos da pauta de exportação da indústria gaúcha entraram na lista de exceção publicada pela Casa Branca. O RS tem cerca de 1,1 mil indústrias que vendem para os Estados Unidos – o equivalente a 10% do total brasileiro. No ano passado, os EUA absorveram 11,2% das exportações da indústria de transformação gaúcha. Esse desempenho coloca o estado no topo do ranking de fornecedores ao país norte-americano na Região Sul.
Entre os ramos industriais, armas de fogo têm a maior exposição aos EUA, com 85,9% de suas vendas direcionadas ao país. Transformadores aparecem na sequência, com 79,3%. Quando se analisa o emprego, o ramo de calçados de couro, com 47,5% das exportações para os norte-americanos, é o que tem maior número de trabalhadores: 31,5 mil.
Crédito foto: Leonardo Dalla Porta, Fiergs, Divulgação
Fonte: Imprensa – FIERGS
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