Dragagem, desassoreamento e extração mineral, termos como estes relacionados à remoção de materiais de leitos de corpos d’água ganharam destaque no dia-a-dia dos gaúchos desde a histórica enchente do ano passado. Seus propósitos e aplicações são distintos, e o governo vem trabalhando em cada um deles por meio do Plano Rio Grande, programa de Estado liderado pelo governador Eduardo Leite para reconstruir o Rio Grande do Sul e torná-lo ainda mais forte e resiliente, preparado para o futuro.
O secretário-executivo do Gabinete de Crise Climática (GCC) do Estado, Pablo Souto Palma, explica a diferença entre esses conceitos. “É possível que todas as modalidades sejam benéficas para a prevenção de enchentes, mas somente a partir de estudos técnicos é viável definir como e onde podem ser eficazes. Por isso, os levantamentos batimétricos contratados pelo Estado são tão importantes”, destaca Pablo.
- Batimetria já está em campo para medir profundidade dos rios de grande porte do Estado
Os trabalhos de campo da batimetria já começaram no Estado. São realizados por sonar e GPS, que possibilitam mapear a topografia do fundo dos rios e será fundamental para apontar as áreas onde há necessidade de desassoreamento. O investimento em batimetria é de R$ 45,9 milhões.
Dragagem é termo amplo
A dragagem envolve todos os demais termos. Abrange a remoção ou mudança de um local para outro de sedimentos, areia, lodo e outros materiais do fundo de rios, lagos, mares e canais. Ela pode ser de vários tipos, conforme a finalidade da ação. Algumas de suas modalidades são: dragagem para fins de navegação, dragagem de desassoreamento (popularmente chamada apenas de desassoreamento) e dragagem de mineração.
No desassoreamento, os sedimentos retirados são destinados a áreas fora do curso d’água (como aterros ou áreas de disposição de resíduos). Já na dragagem para navegação, é mais comum que o material seja transportado para outro ponto dentro do próprio corpo hídrico, embora também possa ser levado para áreas externas. A destinada à mineração, por sua vez, é a retirada, do leito, de minerais de valor econômico, como areia e cascalho.
Os investimentos realizados pelo governo do Estado por meio do Plano Rio Grande em batimetria e em dragagens, tanto para navegação como para desassoreamento, ultrapassam R$ 1 bilhão.
Dragagem para navegação
É realizada para implantação, ampliação ou aprofundamento de canais de navegação, entre outras obras e serviços em hidrovias. Neste tipo de dragagem, materiais sólidos, como cascalho, argila, silte e areia, são retirados do fundo de rios e lagos e postos em outro local, normalmente dentro do próprio corpo d’água. Trata-se de uma atividade que depende de licenciamento ambiental.
Por meio do Plano Rio Grande, o governo do Estado está realizando dragagens em hidrovias, visando a garantir a navegabilidade e reforçar a infraestrutura aquaviária. Nessas ações, o investimento total do Executivo estadual é de R$ 731 milhões. Executados pela Portos RS, os trabalhos estão concentrados no Guaíba e nos principais canais, como Itapuã, Leitão, Pedras Brancas, São Gonçalo e Furadinho.
Desassoreamento
Consiste na remoção de areia, cascalho, argila, lodo e outros elementos do fundo de rios e lagos, que se depositaram em decorrência de ações antrópicas e/ou fenômenos naturais. É um tipo de dragagem focado na remoção do acúmulo de sedimentos que reduzem a capacidade de um curso d’água, frequentemente com o objetivo de melhorar a capacidade de escoamento e prevenir inundações.
No âmbito do Plano Rio Grande, o governo está executado o Programa de Desassoreamento do Rio Grande do Sul (Desassorear RS), que promove o desassoreamento e a limpeza de recursos hídricos. Executado pela Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Metropolitano (Sedur), o Eixo 1 do Desassorear RS envolve pequenos rios.
A primeira fase do Desassorear RS contempla 154 cidades e inclui a limpeza de pequenos rios, arroios, canais de drenagem e sistemas pluviais em diversas regiões do Estado. São R$ 301 milhões via Fundo do Plano Rio Grande (Funrigs). Este trabalho já vem mostrando resultados há vários meses e foi fundamental para amenizar os efeitos das intensas chuvas de junho de 2025.

Já o Eixo 2, coordenado pela Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema), envolve grandes rios, onde as operações de desassoreamento dependem da conclusão da batimetria, cujos trabalhos de campo já estão em andamento. A sondagem envolve o Guaíba e os rios Taquari-Antas, Delta do Jacuí, Caí, Sinos, Gravataí e Baixo Jacuí.
Dragagem de mineração
Refere-se à extração, transporte e comercialização de recursos minerais, como areia e cascalho, presentes no leito de rios e lagos. Essa atividade serve a fins comerciais, com aproveitamento econômico dos materiais minerais obtidos na dragagem. Também depende de licenciamento ambiental.
A Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) concluiu o zoneamento ambiental para a atividade de mineração no Guaíba. Conforme determina a legislação, será aberta consulta pública sobre o tema.
Especificamente no Guaíba, esse tipo de atividade está suspensa por força de decisão judicial, até que seja concluído o zoneamento. Nos demais cursos hídricos, a dragagem para mineração continua sendo licenciada pela Fepam, com base em critérios técnicos definidos pelo Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema).
Texto: Juliana Dias/Secom
Edição: Dario Panzenhagen
Foto: João Pedro Rodrigues/Secom
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