A Polícia Civil do Estado do Rio Grande do Sul, por meio da Delegacia de Polícia de Farroupilha, deflagrou nesta quarta-feira, dia 25, uma operação que resultou na prisão preventiva de dois indivíduos, sendo um homem, 31 anos, e uma mulher, 40 anos, responsáveis pela administração e proprietários de uma clínica para dependentes químicos com duas unidades localizadas no município de Farroupilha. A ação contou com o apoio do Ministério Público e da Assistência Social do Município, e mobilizou cerca de 13 policiais civis.
A investigação policial apurou que a grande maioria dos internos encontrava-se irregularmente internada, em situação de cárcere privado. Durante o cumprimento dos mandados de busca e apreensão nas unidades residenciais, dezenas de internos relataram estar no local contra a própria vontade, sem qualquer respaldo judicial ou indicação médica que justificasse sua permanência.
Grande parte das internações ocorria à força, sem laudo médico nem ordem judicial, em total desacordo com a legislação vigente. Após serem levados à clínica, os internos eram dopados com um “protocolo” e permaneciam desacordados por dias. Ao recobrarem a consciência, eram obrigados a executar todas as atividades do residencial — como limpeza, cozinha, manutenção e cuidados com outros internos — sem qualquer remuneração ou desconto na mensalidade.
Além disso, os internos eram impedidos de sair da instituição. Aqueles que tentavam fugir eram perseguidos, recapturados e submetidos a severas agressões físicas, como forma de punição e intimidação. Nesse contexto, estão sendo apurados diversos crimes, dentre eles: lesão corporal, maus-tratos, sequestro e cárcere privado, tortura, extorsão e outros.
Os relatos colhidos durante as investigações apontam práticas sistemáticas de tortura. Um dos internos relatou ter sido dopado com substância desconhecida, mantido desacordado por vários dias, amarrado, agredido fisicamente e privado de qualquer atendimento médico, configurando clara violação de direitos fundamentais.
Há ainda o relato de outro caso de tortura, em que um interno, como forma de punição, teria sido agredido com chutes e socos, além de ter sofrido sufocamento por meio da aplicação de água no rosto enquanto permanecia com uma fronha cobrindo a cabeça. Segundo o depoimento, ele também foi esganado e teve as partes íntimas violentamente atingidas.
Em outro caso gravíssimo, ainda em apuração, apurou-se que um idoso de 91 anos, que se encontrava irregularmente na clínica e sob os cuidados de outros internos, fraturou o fêmur e só foi levado a atendimento médico três dias depois, na cidade de Caxias do Sul.
Além dessas situações, diversos outros internos relataram ter sido coagidos a assinar termos de internação voluntária sob ameaça, além de sofrerem punições físicas e psicológicas constantes. A investigação também identificou a prática de extorsão por meio da exigência de valores abusivos para a liberação dos pacientes. Em um dos casos, segundo testemunho colhido, uma família precisou pagar R$ 13.000,00 para conseguir retirar o paciente da clínica.
Os internos resgatados foram encaminhados às suas famílias ou cidades de origem, com o devido acompanhamento da Assistência Social.
As investigações prosseguem e outras vítimas ainda não identificadas devem comparecer à Delegacia de Polícia para serem ouvidas e os fatos apurados.
Fonte/foto: Delegacia de Polícia de Farroupilha
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