Na manhã desta sexta-feira (23) a Polícia Civil, por meio do delegado de Teutônia, José Romaci Reis, e da delegada regional Shana Luft Hartz, concedeu uma coletiva de imprensa para anunciar o encerramento do inquérito sobre o acidente que envolveu o ônibus da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), ocorrido no dia 4 de abril, na chamada Descida da Berlim, no acesso ao município de Imigrante.
Na ocasião, sete pessoas morreram e outras 25 ficaram feridas. Além do motorista, estavam no veículo estudantes e professores do curso de Paisagismo da universidade, que se dirigiam a uma visita ao Cactário Horst.
O inquérito ouviu mais de 40 pessoas e possui mais de mil páginas. Segundo a delegada Shana, a conclusão foi pelo indiciamento de três pessoas pelos crimes de homicídio culposo (sete vítimas) e lesão corporal (21 vítimas). Quatro feridos optaram por não representar criminalmente.
O delegado Reis destacou que foram analisados diversos laudos periciais e colhidos múltiplos depoimentos, o que permitiu chegar ao indiciamento de três pessoas.
O motorista do ônibus, de 42 anos: segundo o delegado, ele não seguiu os procedimentos de segurança ao conduzir o veículo na serra. “Ao descer a serra, ele deveria ter reduzido para a segunda marcha e acionado o freio motor, o que não foi feito. Se ele tivesse feito isso, teria descido a serra sem sequer precisar usar o freio de serviço, que é o freio de pé”, explicou Reis. O motorista teria tentado acionar o freio motor no meio da descida, quando já não era mais possível reduzir a marcha. Com isso, recorreu ao freio de pé, cujas lonas estavam gastas. O sistema superaqueceu, vitrificou e perdeu totalmente o poder de frenagem, fazendo com que o condutor perdesse o controle do veículo.
O responsável pelo Núcleo de Transporte da UFSM, de 28 anos: ele deveria assegurar a manutenção regular do ônibus. A perícia constatou que a lona do freio traseiro esquerdo estava totalmente gasta, ou seja, inoperante. “O ônibus poderia até circular nas condições em que estava, mas apenas em trajetos planos, sem aclives ou declives”, afirmou o delegado. Além disso, não foi exigido que o motorista preenchesse um checklist com eventuais defeitos do veículo. O responsável pelo transporte também não se preocupava em encaminhar o ônibus para revisões periódicas. A última revisão geral foi realizada em 2023, e, desde então, não há registro de qualquer manutenção, sequer nos freios. O itinerário da viagem também não foi compartilhado com os passageiros, o que é um procedimento necessário. “A negligência foi total, tanto por parte do motorista quanto do chefe do núcleo de transporte”, afirmou Reis.
A representante da empresa contratante dos motoristas, de 53 anos: ela é acusada de contratar motoristas totalmente despreparados. Segundo a investigação, os profissionais não possuíam cursos obrigatórios para o transporte de passageiros, como direção defensiva ou reciclagem, e não verificavam se o ônibus passava por manutenções regulares. “Eles deveriam avisar ao chefe do núcleo quando a quilometragem se aproximava do ponto de revisão, o que não era feito. Os condutores também deveriam conferir a lista de passageiros antes de iniciar a viagem. Esse motorista sequer sabia quantas pessoas havia no ônibus”, ressaltou o delegado. A investigação apontou uma série de falhas por parte da representante, que deveria orientar os motoristas, mas não o fez.
O inquérito será encaminhado ao Poder Judiciário ainda nesta sexta-feira (23), havendo a possibilidade de alterações nos indiciamentos, conforme avaliação da Justiça.
Fonte: Rádio Independente
Foto: Gabriela Hautrive
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