Após quebra de 28%, Aurora estima safra de recuperação que deve passar de 70 milhões de quilos de uva

Projeção é baseada no levantamento da equipe técnica da cooperativa junto aos 1,1 mil associados nos 11 municípios da Serra Gaúcha. Condições climáticas do fenômeno La Niña não devem causar maiores danos na vindima, que teve início no final de dezembro e será concluída em março

Uma safra de recuperação. É desta forma que a maior cooperativa vinícola brasileira estima colher mais de 70 milhões de quilos de uva em 2025. Os dados foram apurados junto aos 1,1 mil associados da Cooperativa Vinícola Aurora e se baseiam no levantamento da situação atual da produção nos 11 municípios de abrangência da empresa, na Serra Gaúcha. Todas as propriedades estão localizadas num raio de, aproximadamente, 50 quilômetros da unidade Matriz, em Bento Gonçalves.

Historicamente, a safra dos cooperados da Aurora representa entre 10% e 15% do total de uvas para processamento colhidas no Rio Grande do Sul. Em 2024, houve uma quebra de safra de 28,6% em relação à vindima de 2023, com um volume que chegou a 50,3 milhões de quilos. A estimativa deste ano é de chegar próximo ao que foi colhido há dois anos (70,5 milhões de quilos).

As primeiras variedades que chegaram à indústria, no final de dezembro, foram as híbridas Magna e Violeta. No início deste mês estão sendo recebidas as americanas Bordô e Isabel Precoce e as viníferas Chardonnay, Pinot Noir e Malvasia Aromática. A vindima deverá encerrar na segunda quinzena de março, com as viníferas Moscato Branco e Cabernet Sauvignon.

O gerente agrícola da Cooperativa Vinícola Aurora, Maurício Bonafé, diz que os efeitos do La Niña estão mais amenos do previsto no início de 2024. Segundo ele, a falta de chuvas em alguns períodos não deve causar perdas significativas nesta colheita.

Todas as variedades estão com uma qualidade muito boa. O clima tem ajudado e o manejo acaba fazendo com que se extraia o máximo das características que precisamos para a elaboração sucos, vinhos e espumantes. As uvas para suco deverão ter boa cor e concentração de açúcares, as brancas viníferas com excelente nível de acidez e sanidade e as tintas também estão com boas perspectivas de qualidade”, resume o gerente.

Tecnologia no campo se intensifica

A safra 2025 deverá marcar a superação da meta da Cooperativa Vinícola Aurora na busca pela redução do esforço excessivo durante a colheita. A estimativa é de que a mecanização de bins (caixas com capacidade para até 500 quilos, em substituição às unidades de 20 quilos) chegue a 95% do volume colhido – o objetivo inicial era de 90% para este ano. Até 2027, todos os produtores deverão colher com o auxílio do equipamento.

Além dos bins, outras tecnologias deverão ser intensificadas para ajudar o produtor a realizar uma safra de recuperação. O uso de drone para tratamento, a regulagem de pulverizadores e as estações meteorológicas estão entre os exemplos.

A safra 2025 também deve ser lembrada pela ampliação do uso de colheitadeiras mecânicas. Para isso, a equipe agrícola da Aurora realizou um trabalho de assistência para que os produtores adaptassem a condução das parreiras em sistema de latada.

“Também demos continuidade aos programas de Boas Práticas Agrícolas e Trabalhistas, com acompanhamento durante todo o ano e instruções aos 1,1 mil produtores sobre contratação de trabalhadores temporários com carteira assinada, alojamentos, uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e tudo que envolve a própria produção. Fizemos reuniões com os 20 núcleos de produtores e encontros com fiscais do Ministério Público do Trabalho para instruir os viticultores da importância de seguir as normas da NR-31, que dispõe sobre as condições de trabalho”, informa Bonafé.

Safra marcada pela reconstrução

Se não bastassem as perdas ocorridas na safra 2024 em função do excesso de chuvas no Rio Grande do Sul, que resultou numa quebra de 28,6%, quando foram colhidos 50,3 milhões de quilos de uva, a maior tragédia climática vivida pelo Estado em maio de 2024 também deve causar prejuízos à vitivinicultura.

Somente na Aurora foram 86 propriedades atingidas (7,82% do total de associados), com 75 hectares afetados, em diferentes níveis de prejuízos, pelos deslizamentos de terra em decorrência das chuvas. Em volume, serão, aproximadamente, 2,5 milhões de quilos de uva a menos nesta safra.

A equipe do setor agrícola visitou todas as áreas prejudicadas e iniciou, ainda em maio do ano passado, o acolhimento das famílias e o trabalho de assistência técnica para a reconstrução de vinhedos.

No campo, o suporte incluiu a disponibilização gratuita de mudas de videira, por meio de empresa parceira, para os viticultores associados. Ainda foram elaborados pelos agrônomos da Aurora mais de 40 projetos para financiamento, que totalizam R$ 4,5 milhões junto ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), para o trabalho de recuperação de vinhedos e outras obras e itens necessários.

Consultoria técnica e orientação sobre as formas de reconstrução, com vistas à redução de perdas nas próximas safras e contato permanente com os viticultores, acompanhando a evolução da reconstrução dos vinhedos, são atividades desenvolvidas continuamente.

“Importante frisar que o excesso de água e os deslizamentos não têm qualquer interferência com a qualidade das uvas da safra 2025, já que a tragédia climática ocorreu no período de dormência das videiras, ou seja, quando elas não tinham frutos”, recorda o gerente Agrícola.

A colheita da Aurora nos últimos anos*
2015 – 65,5 milhões
2016 – 33,6 milhões
2017 – 71,5 milhões
2018 – 61,8 milhões
2019 – 68,2 milhões
2020 – 61,9 milhões
2021 – 90 milhões
2022 – 66 milhões
2023 – 70,5 milhões
2024 – 50,3 milhões
* (quilos de uva)         

Fonte: Assessoria de imprensa da Cooperativa Vinícola Aurora | MCom Comunicação 

Foto capa: Eduardo Benini

 

 

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