Conceitos auxiliaram os alunos a elaborar histórias sobre questões financeiras do cotidiano
Promover o diálogo entre componentes curriculares amplia o processo do ensino-aprendizagem, onde se pode colocar em prática habilidades e linguagens utilizadas em diversos campos do saber, permitindo novas formas de projetar a realidade e o futuro. Pensando nesse intercâmbio, de agosto a dezembro, o professor de Matemática, Rafael Zanovelo Perin, e de Língua Portuguesa, Karine Panizzi, ambos da EMEM Alvredo Aveline, pensaram numa proposta transdisciplinar: unir os repertórios da Educação Financeira e Fiscal com a ficção e a realidade, da Literatura.
Os trabalhos foram realizados com os oitavos anos, envolvendo 71 alunos. Na área da Educação Financeira e Fiscal, foram trabalhados conceitos como investimentos, impostos, economia circular, poupança, bancos, planejamento, entre outros, além de ter tido uma palestra com a consultora financeira Luciane Werner. E, os jovens puderam interagir com tais conteúdos através dos jogos “Piquenique” e “Bons Negócios”, desenvolvidos pelo Instituto Brasil Solidário (IBS).
Na prática, uma das ações do projeto foi a criação de um sebo, onde foram arrecadados livros de doação, e comercializados, após certa organização e categorização. Os lucros foram investidos em atividades pedagógicas. Outra ação do projeto foi a participação na Olimpíada do Tesouro Direto de Educação Financeira (OLITEF), que resultou em medalhas e destaques aos estudantes.
A Literatura entra em campo e começa a estudar as suas operações internas. A professora Karine trabalhou com os alunos a estrutura de como uma história é desenvolvida. Assim, foi preciso evocar conceitos como situação inicial, conflito, clímax, desfecho, em suma, de como criar um conto. Da mente criativa dos alunos, surgiram histórias referentes aos temas da Educação Financeira e Fiscal.
“Foi bem desafiador para mim, pois nunca tinha trabalhado com matemática. Como já tinha sido visto o conteúdo, sabiam o que se tratava, como o que eram juros, investimentos, endividamento. Foram selecionados sete assuntos e comigo produziram um texto no gênero conto ou crônica. As personagens da história tinham que passar por uma situação financeira ou fiscal, e estarem ambientados em bancos, na casa, na família”, ressalta Karine.
A aluna Júlia Trivilin criou uma história tendo como tema principal o endividamento. “Foi muito divertido, pois eu gosto muito de ler e juntou duas coisas bem interessantes. A história começa com o personagem com 92 anos e ele vai contando a história do que aconteceu com a família dele e até chegar onde ele está. Isso envolve questões de endividamento, a família faliu. A mensagem principal é de como financiar o dinheiro da forma correta”.
O aluno Paulo Augusto Dinarte Menegazzi escreveu um conto também sobre endividamento. Ele compartilha suas impressões de como a ficção pode auxiliar na realidade. “Me surpreendi o quanto não econômico eu sou, gasto mais do que eu tenho. O projeto me auxiliou na organização do dinheiro, pensando no agora e no futuro. É preciso se preocupar muito com o nosso dinheiro, é preciso pensar no futuro”.
Para ir além da escrita das histórias, os alunos precisaram utilizar a Sala Maker da EMTI São Roque/UCS, onde confeccionaram no Canva a arte e editaram o texto, caracterizando-os em livros. Uma projeção de como seria o livro físico, se fosse publicado.
O professor Rafael destaca sobre como foi satisfatória essa caminhada que uniu a Educação Financeira e Fiscal com a Literatura. “As temáticas ganharam espaço no dia a dia dos estudantes durante o projeto. Notou-se o aumento do interesse e gosto pela leitura, que é uma prática diária na escola. E concomitantemente, os alunos puderam tirar dúvidas e compreender temáticas que cercam suas famílias e despertam sua curiosidade, como: impostos, planejamento do dinheiro, juros, aposentadoria e outros. É gratificante ver os alunos lendo por interesse, economizando e investindo seu próprio dinheiro.”
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