Dom José Gislon – Imaculada Conceição da Bem-Aventurada Virgem Maria

“Estimados irmãos e irmãs! Deus não cuida do pecado, mas tem amor e compaixão pelo pecador que busca, com o coração ferido e arrependido, a misericórdia do Pai.”

Estimados irmãos e irmãs em Cristo Jesus! No dia 8 de dezembro, a Igreja convida seus filhos e filhas a celebrarem a Festa da Imaculada Conceição da Bem-Aventurada Virgem Maria, concebida sem o pecado original, em vista dos méritos de Cristo. Escolhida para ser morada digna de Jesus, o Filho do Deus altíssimo, ela deu o seu “sim” aos planos de Deus. É o “sim” da disponibilidade de servir o Senhor Jesus, mas também da responsabilidade, do compromisso com o projeto de Deus. Nele está presente também o nosso sim a Deus, que não deve ser pronunciado só com os lábios, mas sair do mais profundo do nosso coração, como foi o sim de Maria diante do anjo Gabriel, o mensageiro de Deus. Um sim para acolher e proteger a vida, para servir a Deus e redimir a humanidade do pecado de Adão e Eva.

Com o pecado, não é Deus que se torna inimigo do homem, é o homem que deixa de sentir ou ter Deus como amigo, e experimenta o medo: “Escutei tua voz no jardim, tive medo e me escondi”. Na verdade, o homem tem medo de si mesmo, do outro que vê como uma ameaça à sua vida, da natureza que, agredida, volta-se contra ele e às vezes o faz sofrer. Muitas vezes temos dificuldades em assumir nossos erros. Procuramos culpados para justificar nossas fragilidades e assim fugir das nossas responsabilidades. Podemos dizer que a culpa é do pecado, e do mal que é consequência, do outro, da serpente, da mulher, e, se olharmos bem, também de Deus, porque esta é a acusação do homem: A mulher que colocaste ao meu lado deu-me do fruto da árvore…

Estimados irmãos e irmãs! Deus não cuida do pecado, mas tem amor e compaixão pelo pecador que busca, com o coração ferido e arrependido, a misericórdia do Pai. A vontade salvífica de Deus passa pelas pequenas coisas, que às vezes temos dificuldades de entender. Insignificante era a pequena cidade de Nazaré, nunca mencionada no Antigo Testamento. Da mesma forma, a pequena Maria, menina comum aos olhos do povo, mas não aos olhos de Deus. Deus nos surpreende pelo jeito simples de fazer as coisas acontecerem na nossa vida, de se fazer presente nela. A saudação do anjo é extraordinária: “Alegra-te, ó cheia de graça, … o Senhor está contigo”.

Neste anúncio estão as promessas de Deus, anunciadas pelos profetas e esperadas por muitas gerações. Verdadeiramente o Senhor está no meio do seu povo, e a graça do Senhor, que transbordou no coração de Maria, agora se faz presente na pessoa do Verbo: a Palavra que se faz carne e vai sendo tecida no ventre de Maria. Ela torna-se modelo para cada um de nós, proclamando-se a serva do Senhor; “Cheia de graça”, como disse o anjo Gabriel; “Bendita entre as mulheres”, dirá mais tarde Isabel. Mas Maria continuará a definir-se simplesmente como a “serva” do Senhor.

+ Dom José Gislon, OFMCap.
Bispo Diocesano de Caxias do Sul

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