“A esperança é aquilo que nos permite enfrentar as provas da vida, como também atravessar as trevas da morte, sem nos deixar abater, recordando que a imortalidade é o triunfo final da comunhão entre a nossa humanidade e a própria vida divina”
Estimados irmãos e irmãs em Cristo Jesus! A Palavra de Deus nos torna atentos à história e a tudo o que de novo germina nela, e envolve também na realidade de hoje o povo de Deus a caminho. Vemos diariamente tantos sinais de vida, marcados pelo amor compaixão, mas não podemos fechar os olhos ou ser indiferentes aos sinais de morte, que ferem a humanidade e a nossa Casa Comum. Lembrando que é na hora do sofrimento que surgem, mais agudas no coração do homem, as questões últimas sobre o sentido da própria vida, e percorrendo um processo de busca interior, podemos nos deparar com o fato de que a sensibilidade, o amor, a fé e a esperança possam estar adormecidas no nosso coração de peregrinos.
Defendemos por princípios cristãos que a vida é sagrada, dom de Deus, embora nem sempre seja valorizada ou cuidada como deveria. Podemos dizer também que ela é um caminho que cada um de nós percorre, entre sorrisos e prantos, esperanças e desilusões, encontros e desencontros. Mesmo assim vale a pena viver, para poder contemplar o brilho das estrelas na noite escura, o raio do sol que nos apresenta um novo dia, as gotas da chuva que saciam a sede da terra e dão vida à natureza, o sorriso de uma criança e a serenidade no olhar de quem já percorreu um longo caminho, mas não perdeu o gosto pela vida e a esperança no amanhã.
O ser humano vê diariamente a sombra da morte, mas traz dentro de si “a luz divina”, a esperança da vida. A esperança é aquilo que nos permite enfrentar as provas da vida, como também atravessar as trevas da morte, sem nos deixar abater, recordando que a imortalidade é o triunfo final da comunhão entre a nossa humanidade e a própria vida divina.
Quantas pessoas que nós amávamos e já partiram para celebrar a Páscoa definitiva? Partiram, mas continuam presentes no nosso coração, porque marcaram profundamente a nossa vida, pelo testemunho de fé, pela simplicidade e disponibilidade em servir, por serem portadoras de uma esperança que contagiava a vida na família e na comunidade, mesmo nos momentos mais difíceis. Percorreram o caminho da vida no anonimato, mas nos deixaram como herança bonitas lições de vida, marcadas pela fé, a gratidão a Deus, o amor e o respeito à família, e a dedicação à Igreja, povo de Deus a caminho. Que descansem em paz e a luz perpétua as ilumine.
+ Dom José Gislon, OFMCap.
Bispo Diocesano de Caxias do Sul
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