O governador Eduardo Leite transmitiu, nesta quinta-feira (1/8), o cargo de presidente do Conselho de Desenvolvimento e Integração Sul (Codesul) para o governador do Mato Grosso do Sul (MS), Eduardo Riedel. A solenidade ocorreu em Campo Grande, durante encontro do colegiado que reúne os três estados da Região Sul (RS, SC e PR) mais o anfitrião. Também participaram os governadores do Paraná, Ratinho Junior, de Santa Catarina, Jorginho Melo, e o presidente do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), Ranolfo Vieira Júnior.
“A vida das pessoas não se orienta pelas fronteiras institucionais estabelecidas para organização dos governos. Quando nos unimos, não é em detrimento de outras regiões, não é para tirar nada de ninguém. Apenas queremos que respeitem a nossa região pelo que é nosso, de direito, com o tratamento federativo adequado que muitas vezes não é conferido”, afirmou Leite. “Repasso a presidência do Codesul satisfeito pelas inúmeras medidas concretas em andamento. Tenho absoluta confiança na condução do governador Riedel, que por toda a qualidade e competência terá muito sucesso na continuidade e construção de projetos.”
“Ninguém faz nada sozinho, e o que nós vemos aqui hoje é fruto de uma integração, é fruto de uma capacidade de interlocução, pelos bons projetos liberados, definidos, no âmbito desse conselho. Então, o nosso agradecimento, Eduardo Leite, e parabéns por todo o trabalho. Seguiremos trabalhando para fortalecer ainda mais nossa integração”, disse Riedel.
À frente do consórcio regional desde abril de 2023, Leite transmite a presidência deixando uma série de projetos estratégicos estruturados, que deverão ter continuidade na gestão de Riedel. Além das articulações junto ao Congresso pelos interesses do Codesul na Reforma Tributária, um destaque é a formatação do Planejamento Estratégico Visão Regional 2040.
Esta é a primeira vez, desde a fundação em 1961, que o Codesul terá um planejamento estratégico. Diante desse vácuo, Leite solicitou a elaboração de um plano que fortaleça o desenvolvimento regional dos quatro estados e fixe metas a serem alcançadas até 2040. A Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) foi contratada por meio do BRDE, vinculado ao Codesul, para levantamento e compilação dos dados. Com 15 eixos prioritários, a elaboração do planejamento foi divida em sete etapas, das quais cinco já foram entregues. A expectativa é que as duas restantes sejam finalizadas em 60 dias.
“Buscamos uma visão de futuro consolidada em uma plataforma de gestão que permita aos Estados fazerem análises para diagnóstico de onde estamos e, a partir dos indicadores e metas que vamos traçar para cada eixo, tenhamos um acompanhamento intensivo que nos permita chegar aonde queremos”, afirmou o diretor de Planejamento do BRDE, Leonardo Busatto, que apresentou uma ferramenta de Business Intelligence com a integração de dados compilados até o momento.
“Estamos agora na fase final de definição de indicadores estratégicos e metas”, comentou a secretária da Planejamento, Governança e Gestão do RS, Danielle Calazans.
Plenária dos governadores
Outra ação de destaque da gestão Leite no Codesul, a partir das enchentes de setembro do ano passado no Rio Grande do Sul, foi o encaminhamento para elaboração de um projeto de sistemas integrados para adaptação às mudanças climáticas e fortalecimento da resiliência dos estados-membros.
O avanço do projeto foi apresentado na plenária dos governadores do Codesul, realizada no Centro de Convenções Arquiteto Rubens Gil de Camillo, dentro do Parque dos Poderes, na capital sul-mato-grossense, pela secretária do Meio Ambiente e Infraestrutura do RS, Marjorie Kauffman, e pelo especialista em Gestão de Risco e Desastres, Rafael Schadeck, do Banco Mundial, parceiro do projeto.
“O objetivo é alinhar os sistemas hidrometerológicos dos estados do Codesul a ponto de conseguir reunir as informações em plataforma única. Além disso, a intenção é estabelecer a governança do sistema integrado com protocolos e gatilhos para atuação colaborativa organizada e preparada entre os estados para momentos de crise, como da histórica enchente de maio no Rio Grande do Sul”, explicou Marjorie.
“O Codesul iniciou-se como a primeira região a se integrar no Brasil, e também criou o primeiro banco de fomento regional. Agora, os governadores inovam mais uma vez ao buscar a elaboração desse centro integrado de resiliência”, afirmou a secretária-executiva do Codesul, Michele Petry, que também transmitiu o cargo para Magda Corrêa, do Mato Grosso do Sul.
Um grupo de trabalho foi criado em outubro de 2023 e, em março deste ano, com apoio do BRDE, o Codesul levou o projeto ao Banco Mundial. A cooperação entre as três instituições estruturará um termo de referência para contratação de consultoria que elabore o projeto de integração dos sistemas. Para isso, serão considerados os serviços de hidrometeorologia existentes nos estados, com detalhamento das arquiteturas, dados e infraestrutura tecnológica, de forma a implantar uma governança baseada no método conhecido como Sistema de Alerta Precoce (SAP). Essa metodologia busca proporcionar a capacidade necessária para produzir e divulgar boletins de alerta úteis aos indivíduos, comunidades e organizações ameaçados por algum perigo.
Para possibilitar o avanço do projeto, com previsão de conclusão do termo de referência até dezembro de 2024, também foi assinado, durante a reunião do Codesul, um protocolo de intenções para cooperação mútua nas áreas técnica, operacional, de recursos humanos, de recursos materiais e de recursos financeiros para estruturar e potencializar ações de prevenção, mitigação, preparação, resposta, recuperação e reconstrução entre as Defesas Civis dos estados-membros.
Conforme o chefe da Casa Militar e coordenador estadual de Proteção e Defesa Civil do RS, coronel Luciano Boeira, a cooperação fortalecerá o compartilhamento de informações das salas de monitoramento de cada Estado. “Teremos um planejamento organizacional com 17 metas de curto, médio e longo prazo, para evoluir na padronização das estruturas e na atuação integrada, inclusive em relação a capacitação de pessoal e aquisição de equipamentos e centro de comando móvel”, explicou.
Também foram tratadas na plenária dos governadores pautas referentes ao BRDE. O presidente do banco apresentou aos governadores a iniciativa de criação de uma agência de fomento para o Mato Grosso do Sul, com participação societária da instituição financeira regional, formada pelos estados do Sul (RS, SC e PR), como alternativa de utilização de recursos. A estruturação da agência se dará por meio de consultoria da Fundação Getulio Vargas.
“Agradeço aos colegas governadores e a toda diretoria do BRDE por essa solução inovadora que será extremamente relevante para colaborar com o desenvolvimento do Mato Grosso do Sul”, afirmou Riedel.
“O BRDE é um banco que, ano após ano, apresenta crescimento, irrigando e fomentando o desenvolvimento dos nossos estados”, afirmou Ranolfo, que também apresentou na reunião os resultados da instituição em 2023.
O presidente do BRDE ainda tratou da captação internacional de recursos para a reconstrução do RS. Há duas cartas-consultas protocoladas junto à Comissão de Financiamentos Externos (Cofiex), que buscam U$ 200 milhões junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e de U$ 600 milhões no Novo Banco de Desenvolvimento (NBD). Essa captação depende de contragarantias dos Estados acionistas do BRDE, que serão assumidas pelos governos de SC e PR.
Texto: Carlos Ismael Moreira/Secom
Edição: Rodrigo Toledo França/Secom
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