Panorama da Federação Varejista do RS traz dados que contabilizam efeitos da tragédia
A tragédia climática de maio reflete-se nos números da economia do Rio Grande do Sul e aponta para a necessidade de políticas direcionadas à mitigação dos impactos climáticos e em apoio à economia do Estado. Conforme o Panorama do Comércio RS de julho, que avalia os dados da economia gaúcha em maio, divulgado pela Federação Varejista do RS, a variação mensal, em comparação com maio de 2023, do Varejo Ampliado, pela primeira vez no ano foi negativa, de -2,8%, no Rio Grande do Sul, em contrapartida à leve alta de 0,8% no Brasil.
O indicador corrobora com os números também negativos nos Serviços (-1,8%) e na Indústria (-1,1%) no Rio Grande do Sul, enquanto no país, houve crescimentos de 2% e 2,5% respectivamente. Mais preocupante em relação ao cenário deixado nas cidades gaúchas pelas enxurradas de maio são os dados de emprego e desemprego, também com registros negativos inéditos para o ano. Ao todo, o saldo, conforme o Caged, em junho de 2024, foi de -22.180 vagas e, quando considerado somente o comércio, há um saldo preocupante de -5.520 vagas. Ao todo, foram apontados 116.309 desligamentos em empresas do Rio Grande do Sul em maio (30.062 no comércio), indicando a dificuldade enfrentada, especialmente pelo setor do varejo, para manter o nível de empregos com a conjunção de fatores econômicos adversos e climáticos extremos.
O peso inflacionário de produtos básicos para as famílias gaúchas acentua a perspectiva de dificuldades na economia do Rio Grande do Sul. O IPCA de junho de 2024 mostra uma inflação de 1,9% em Porto Alegre, seguindo a tendência nacional, de 2,48% no mesmo mês. Se Alimentação e Combustíveis, como já acontecia nos meses anteriores, representam 43% deste peso, há um elemento novo. A Habitação pesou 14% no índice.
Em contrapartida, o Rio Grande do Sul apresentou, conforme o SPC, redução significativa de 14,64% de inadimplentes em junho deste ano em comparação com o mesmo mês de 2023, repetindo uma tendência também observada no mês anterior, quando este índice foi de 10% de queda. Em todo o país, houve alta de 0,53% neste mesmo índice. Considerando o intervalo de maio a junho, também houve importante redução, de 6% entre gaúchos, enquanto no Brasil, a redução foi de 0,43%. Em média, o devedor fica inadimplente por 29,5 meses, com valor médio de R$ 4,3 mil. No entanto, em 44,12% dos casos, a dívida não ultrapassa os R$ 1 mil.
Quando analisados os itens do Varejo Ampliado, também há dados positivos no levantamento. Setores como Hipermercados e Atacados de Alimentação e Bebidas seguem em alta, confirmando a prioridade do consumidor gaúcho pelos produtos de primeira necessidade, com crescimentos de 13,8% e 13% respectivamente em relação a maio de 2023. No país, os dois setores tiveram a metade do volume percentual de crescimento.
A surpresa positiva de maio ficou por conta do setor de Material para Escritório, que cresceu 16,1% em relação ao mesmo período do ano passado no Rio Grande do Sul. No Brasil, este setor teve aumento de apenas 2,8% nas compras.
No acumulado do ano, o Rio Grande do Sul apresenta volumes positivos no varejo, de 6,7%, e no varejo ampliado, de 5,2%. Variações semelhantes aos índices nacionais.
Mais sensíveis ao momento vivido no Estado em maio, no entanto, foram os setores de Combustíveis e Lubrificantes, com redução de 5,1% em relação a maio de 2023, de Material de Construção e de outros Artigos de Uso Pessoal e Doméstico, ambos com variação negativa de 1,5%. Pesou nesta balança também a variação tímida de 1,8% no setor de Veículos, Motocicletas, Partes e Peças, enquanto no país, houve alta de 13,4% em relação ao mesmo mês do ano passado.
Fonte: Exata Comunicação
Foto: Ramiro Sanchez
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