Câmaras Técnicas ponderam a respeito de desafios para recuperar economia
As enchentes que trouxeram destruição e mortes ao Estado foram responsáveis, também, por grandes impactos econômicos. Medira a intensidade desses prejuízos em setores dramaticamente afetados, como serviços e turismo, bem como analisar as perspectivas para a retomada tem mobilizado o Bento+20 a debater cenários e ações.
O conselho responsável por planejar o futuro da cidade, formado por membros de entidades, universidades e poder público, também tem esse assunto como pauta nos segmentos de agricultura, comércio e indústria. Por isso, envolveu as câmaras técnicas (CTs) dos cinco setores a fim de encontrar respostas para amenizar os efeitos das enchentes.
Isso porque os recentes acontecimentos demandam novas discussões a respeito do planejamento da cidade, na avaliação do presidente do Bento+20, Roberto Cainelli Júnior. “Temos um plano para os próximos 20 anos, o Masterplan, e agora tudo está sendo revisto, já que tivemos um impacto significativo em várias áreas da cidade e setores, desde financeiros e culturais a psicológicos. Estaremos fazendo o que Bento faz de melhor, ou seja, trabalhando intensamente para amenizar os impactos e continuarmos crescendo e nos desenvolvendo de maneira sustentável, garantindo uma cidade melhor a todos”, comenta Cainelli.
O turismo, assim como na pandemia, foi um dos primeiros setores a sentir o impacto das águas, que destruiu estradas e fechou o Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre. De acordo com a coordenadora do CT Turismo, Marcia Ferronato, dos cerca de 350 negócios diretamente ligados ao setor do turismo, 95% deles estão com as portas abertas. “As chuvas atingiram diretamente alguns negócios, mas impactaram a todos”, analisa. Para lidar com a grande queda no fluxo de visitantes, o trade criou um comitê estratégico e traçou alternativas. Entre elas, estiveram o apoio às campanhas Abrace Bento, incentivando as visitas ao município, que segue durante este mês, e Unidos por Bento, focada na recuperação de estradas e acessos, e a atuação regional para melhorar o Aeroporto Hugo Cantergiani, em Caxias do Sul, e a reconstrução das pontes de Cotiporã e a localizada entre Caxias e Nova Petrópolis. “O acesso é essencial para o aumento do fluxo do turismo e a retomada dos eventos. Não há como manter os negócios sem turistas”, diz Márcia.
Os desafios seguem imensos para o setor que, em Bento Gonçalves, emprega cerca de 7 mil pessoas. Márcia cita, principalmente, a falta de clientes. Outro é a carência de recursos para cumprir obrigações, como folha de pagamento, aluguel, financiamentos, entre outros. Também aponta a falta de medidas emergenciais para socorrer efetivamente as empresas. “Todos registram que o impacto deverá ser maior do que o causado pela pandemia”, comenta.
No setor de serviços, as chuvas também impactaram o segmento. A coordenadora da CT da pasta, Flávia Aparecida Nunes, diz que as razões para perda de receita estão ligadas à necessidade da população em priorizar o consumo de itens básicos e dos problemas logísticos. A CT lidera uma pesquisa a fim de dimensionar os impactos e agilizar iniciativas para a retomada. “O levantamento abrangerá setores como serviços em transporte e logística, em alimentação e turismo, serviços industriais e os relacionados à construção civil, além de bancários e financeiros, tecnologia da informação, saúde e estética, representações comerciais, consultorias e serviços em educação”, comenta Flávia.
Outra área que contabiliza prejuízos é agricultura. Em Bento Gonçalves, os distritos de Faria Lemos e Tuiuty foram os mais acometidos pelos deslizamentos de terras, que destruíram plantações. As principais perdas foram de vinhedos, citros, oleícolas, pomares e hortas domésticas, diz o coordenador da CT de Desenvolvimento Rural, Rodrigo Monteiro. “Devido a acessos interditados, alguns não conseguiram colher os citros, perdendo parte da produção. A Emater está fazendo um levantamento das propriedades atingidas, além de apoio às vítimas resgatadas”, conta Monteiro.
Indústria e comércio foram outras áreas em que os problemas logísticos ocasionados pelas chuvas trouxeram prejuízos imediatos. “Por obstruções de estradas e acessos algumas operações congelaram seus faturamentos ou tiveram custos extras de logística”, comenta o coordenador da CT Indústria, Leonardo Rosseto. Hoje, o ritmo está normalizado, com pequenas restrições a clientes de zonas de enchente. No comércio, as estradas obstruídas impediram recebimentos de insumos e escoamento de produtos no início da crise, mas agora o problema é outro: queda no consumo. Segundo a coordenadora da CT Comércio, Luísa Cobalchini, prioridades emergenciais e insegurança financeira foram os principais fatores para isso. Para enfrentar a situação, ela diz que é preciso preparação, planejamento e, principalmente, solidariedade. “Comprar das comunidades locais é a melhor forma de fortalecer a economia neste momento difícil, colaborando para a retomada do comércio no Estado. Solidariedade é a palavra de ordem”, destaca Luísa.
Fonte: Exata Comunicação e Eventos
Foto: Exata Comunicação, Alessandro Manzoni
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