“Precisamos ter presente que a vida e a história obedecem em primeiro lugar ao projeto de Deus, que quer a vida para todos. O cristão é sempre levado a buscar o significado profundo dos acontecimentos, além de seus caprichos e interesses imediatos”
Estimados irmãos e irmãs em Cristo Jesus! O ponto de partida da vida cristã é o amor a Deus, a si mesmo e ao próximo. A medida do amor ao próximo é a mesma do amor que se tem para consigo mesmo. Estamos finalizando o mês de maio, com a celebração da 145ª Romaria ao Santuário de Caravaggio, neste mês marcado pelas celebrações marianas, que nos lembram o carinho e o afeto maternal de Maria, a mãe de Jesus e nossa. Maria, a primeira seguidora de Jesus Cristo, nos recorda o nosso compromisso de batizados, que é seguir Jesus, como discípulos e missionários do Reino. Mas o discípulo, para poder viver em comunhão com o Mestre, deve alimentar-se do pão Palavra e do pão da vida eterna: a Eucaristia.
Quando nos colocamos em oração e na escuta de Deus, em comunidade, o sentido de pertença ao Povo de Deus, revigora a nossa vida de fé, e nos sentimos participantes de uma grande família. Sem vida de oração, que fortalece a comunhão entre nós e com Deus, dificilmente uma comunidade sobrevive como comunidade cristã. Não podemos manter a nossa fé no Senhor Jesus se não estamos abertos a ação santificadora do Espírito Santo na Igreja e na comunidade. O compromisso de todo batizado é anunciar e testemunhar Jesus Cristo, mas para anunciá-lo é preciso primeiro fazer um encontro com Ele. Do encontro com o Senhor Jesus nasce a conversão e a vivência comunitária da fé. A fé dos que encontraram o Senhor não é indiferente, mas busca testemunhar a alegria de ter encontrado o Mestre, vivendo a ação missionária de forma acolhedora, também na vida da comunidade.
Como cristãos, precisamos ter presente que a vida e a história obedecem em primeiro lugar ao projeto de Deus, que quer a vida para todos. Por isso, o cristão é sempre levado a buscar o significado profundo dos acontecimentos, para além de seus caprichos e interesses imediatos.
Centralizada no amor a Deus e ao próximo, a vida cristã é essencialmente uma realização comunitária. A comunidade é o ambiente vital para os cristãos, é nela que eles partilham a vida e encontram o apoio necessário para perseverar na fé. Por isso, a comunidade deve ser preservada de qualquer divisão que provém da competição pelo poder, da busca de privilégios e de sectarismos. A preocupação com a reconciliação é um dever de todos, e supõe imparcialidade quando aparecem conflitos.
Viver em comunidade, portanto, supõe que cada um confie plenamente no dom de Deus. Mas, ao mesmo tempo, requer uma educação para isso. E o ponto fundamental é a instrução no temor de Deus. Não se trata de ter medo de Deus, mas de reconhecer que Deus é o Senhor e doador da vida, e seu projeto é que todos repartam a vida entre todos. A educação cristã começa aqui, mostrando para as pessoas que elas não são autossuficientes e independentes, mas interdependentes, complementando-se mutuamente na partilha do que cada um é.
Se o caminho da vida é temer a Deus e amar a Deus e ao próximo, o caminho da morte é o contrário: começa com a ausência do temor de Deus. Sem esse temor, o homem se coloca no lugar de Deus e passa a agir como se fosse centro e senhor da vida, dispondo de tudo e de todos, sem a menor consideração pela vida e liberdade de seus semelhantes. Quando o homem usurpa o lugar de Deus, cria automaticamente o projeto da escravidão e da morte.
À luz do Evangelho, a comunidade cristã deve alimentar um clima de fraternidade e de partilha. Ao mesmo tempo, deve ser solidária e estar sempre aberta para acolher aqueles que necessitam de ajuda, para serem inseridos ou reinseridos na comunidade, como irmãos que trazem no coração, muitas vezes ferido, a dignidade de filhos e filhas de Deus nosso Pai.
+ Dom José Gislon, OFMCap.
Bispo Diocesano de Caxias do Sul
No Dia do Doador de Sangue, Hemocentro do RS homenageia entidades parceiras
Centenária imagem de Santo Antônio retorna ao Santuário, em Bento Gonçalves, após mais de 100 dias de restauro
IV Encontro Restaurativo reforça os ideais da cultura de paz em Bento Gonçalves