Artigo Dom José Gislon: cultivar uma vida de discípulos de Jesus

“Por isso, é importante esse começar ou recomeçar a cada dia, contando com a graça de Deus. Quando fecho o meu coração à ação do Espírito Santo e à graça de Deus, começo a percorrer o caminho da autossuficiência”

Estimados irmãos e irmãs em Cristo Jesus! Na vida, todos nós temos compromissos, projetos, amigos e sonhos; e gostaríamos de vê-los realizados. Mas a vida também é feita de um dia após o outro, e é nessa pequena fração do dia, que se renova a cada manhã, que a vida vai acontecendo com todas as conquistas, dissabores e glórias. Mas nenhuma vida será completa sem a presença dos outros, porque é no encontro com os outros que nós aprendemos a valorizar as nossas atitudes, que expressam o nosso eu interior, mas também nos apontam as fragilidades que precisamos corrigir, para que a vida não seja marcada mais por desencontros e intrigas, que nos ferem e nos isolam, na família e na comunidade.

Como cristãos, devemos renovar a nossa adesão ao Evangelho e no seguimento do Mestre Jesus a cada manhã, como os primeiros discípulos às margens do mar da Galiléia. Esse compromisso interior nos ajuda a entender que seguir Jesus é descobrir ou perceber também nos outros a presença do amor de Deus. Tendo presente que na vida de fé, se não anunciarmos e buscarmos o Deus anunciado por Jesus Cristo, será impossível anunciarmos um Deus “Pai” misericordioso e fiel às pessoas que encontramos no peregrinar da vida.

Viver o discipulado é ser um peregrino, que está sempre em busca da estrada que leva ao encontro do Mestre, e. quando o encontra, não deixa de caminhar com ele, porque sabe que Ele é: o caminho, a verdade e a vida que conduz ao Pai. Por isso, é importante esse começar ou recomeçar a cada dia, contando com a graça de Deus. Quando fecho o meu coração à ação do Espírito Santo e à graça de Deus, começo a percorrer o caminho da autossuficiência, como cristão e discípulo perfeito, que não precisa mais ouvir a palavra de Deus nem participar dos sacramentos ou da vida da comunidade. Essa atitude é um sinal de que não me sinto mais discípulo do Mestre Jesus, e preciso vencer as resistências interiores, para colocar-me novamente a caminho, para encontrá-lo e acolhê-lo, como Senhor da minha vida.

Muitas vezes encontramos pessoas feridas interiormente e amarguradas por situações que envolvem a família ou a comunidade. Por sentirem-se feridas, acabam se afastando da família e às vezes também da comunidade. A falta de compreensão, de perdão e reconciliação conosco mesmo, com os irmãos e com Deus, acaba consumindo grande parte das energias da nossa vida, nos enfraquecendo fisicamente e nos destruindo espiritualmente. Por isso, o homem reconciliado é um homem renovado, porque tocado pela graça do perdão e da misericórdia de Deus. Ele sente no seu interior que a vida renasce e ganha um novo sentido, nas suas relações com o Senhor, com os familiares e na comunidade. Porque de certa forma ele deixa de ser prisioneiro do rancor e do ódio, para integrar-se na família dos discípulos de Jesus, para viver em paz e promover a paz, que dá um novo sentido à vida, dom de Deus.

+ Dom José Gislon, OFMCap.
Bispo Diocesano de Caxias do Sul

SANTUÁRIO DE N. SRA. DE CARAVAGGIO
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