O monitoramento dos casos de dengue no Rio Grande do Sul, realizado pela Secretaria da Saúde (SES), por meio do Centro de Vigilância em Saúde (Cevs), apresenta um alerta para o aumento de registros da doença, durante as duas primeiras semanas de 2022, 2023 e 2024. Conforme dados do Painel de Casos de Dengue RS, nas duas primeiras semanas de 2022 foram registrados 63 casos confirmados; em 2023, 42; e em 2024, 216.
A chefe da Divisão de Vigilância Epidemiológica do Cevs, Roberta Vanacôr Lenhardt, afirma que outro fator de alerta é a ocorrência de casos confirmados de dengue durante todos os meses do ano – anteriormente, ocorriam somente nos períodos de calor. Isso demonstra que não há mais sazonalidade na circulação do mosquito Aedes Aegypti, transmissor da doença.
“Atualmente, a presença do evento climático El Niño, com chuvas volumosas associadas a altas temperaturas, predispõe ainda mais para o surgimento e manutenção de mais criadouros do mosquito vetor. Essa situação chama a atenção para a importância do cuidado com o meio ambiente, tanto por parte da sociedade, como dos gestores públicos”, disse Roberta.
Em todo o ano de 2022, o Rio Grande do Sul apresentou 66.812 casos confirmados e 66 óbitos. Em 2023, o Estado apresentou um número total de casos confirmados, até o momento, de 38.221 e 54 óbitos em razão da doença. Apesar de o número absoluto de óbitos ter sido menor do que no ano de 2022, a análise de dados demonstra uma elevação na letalidade da doença, considerando o número de casos confirmados.
O painel eletrônico com esses e outros dados está disponível em Dengue RS. São disponibilizadas informações atualizadas e de forma acessível para os profissionais de saúde, gestores e população em geral. São dados sobre o cenário epidemiológico e ambiental, sistematizados por região de saúde e município.
“Trata-se de uma ferramenta de apoio à gestão, fornecendo informações com relação ao número de casos notificados e nível de alerta em que o município e ou região de saúde se encontram. O painel informa, inclusive, a descrição das ações a serem implementadas para controle e mitigação dos riscos, bem como o cálculo para organização das ações assistenciais”, explicou a chefe da Divisão de Vigilância Epidemiológica do Cevs.
Plano de Contingência
Para enfrentamento ao risco de aumento de casos e de óbitos de dengue, a SES conta com o plano de contingência das arboviroses urbanas (dengue, zika e chikungunya). O material orienta as ações de vigilância, controle do vetor e atenção à saúde, conforme o nível de alerta de cada região e cidade.
Também foi adotada, desde 2022, a emissão de comunicados de risco semanais, todas as terças-feiras. Os comunicados contemplam as 30 Regiões de Saúde do Estado, levando em consideração os diagramas de controle de casos notificados de dengue exceto os descartados, bem como dados ambientais e ocorrência de casos graves e óbitos. O objetivo é sinalizar as regiões de saúde com maior risco para epidemia de dengue e demais arboviroses.
“Diante desse cenário, o enfrentamento da dengue precisa ser realizado de forma conjunta. A população também faz parte desse processo, eliminando possíveis criadouros e revisando interna e externamente as áreas da residência, ao menos uma vez por semana”, frisou Roberta.
Além disso, também são atitudes necessárias por parte da população: o descarte adequado de objetos que possivelmente acumulem água, o uso de repelente para proteção e a procura por um serviço de saúde diante das manifestações dos primeiros sintomas compatíveis com dengue e na ocorrência de sinais de alarme.
A chefe da Divisão Epidemiológica também ressaltou a importância dos municípios manterem seus planos de contingência para o enfrentamento das arboviroses 2022/2023 atualizados, atentos à situação epidemiológica de sua região. A notificação de casos suspeitos de dengue deve ser realizada em até 72 horas da suspeita, conforme Portaria SES 210/2022; casos graves, gestantes e óbitos devem ser notificados em até 24 horas.
Rede de Atenção à Saúde
A dengue é uma doença infecciosa que provoca sintomas comuns a outras viroses, exigindo atenção aos possíveis casos suspeitos para manejo clínico adequado e oportuno. Além das medidas de controle ambiental e de vigilância epidemiológica, buscando evitar óbitos, os profissionais médicos devem estar atentos com relação à incidência dos casos de dengue de sua região. Também devem implementar conduta clínica de acordo com os protocolos instituídos pelo Ministério da Saúde em todos os níveis de atenção, nos serviços públicos ou privados.
A Atenção Primária à Saúde (APS) é a principal porta de entrada do Sistema Único de Saúde (SUS) e centro de comunicação com toda a Rede de Atenção à Saúde, sendo normalmente o local de procura de usuários com sintomas mais brandos da doença. As demais portas de entrada dos serviços de saúde, como emergências e Unidades de Pronto Atendimento (UPAS), são direcionadas a casos mais graves, com provável necessidade de internação.
Capacitação de profissionais
A SES/RS mantém disponíveis cursos a respeito do manejo clínico da dengue no canal Vigilância na APS e no TelessaúdeRS. Este último oferece, de forma gratuita e autoinstrucional, Capacitação em Manejo Clínico de Dengue e outras Arboviroses na APS. Os profissionais da Atenção Primária à Saúde podem consultar o TelessaúdeRS pelo telefone 0800 644 6543 (atendimento de segunda à sexta-feira, das 8h às 18h).
Texto: Ascom SES
Edição: Secom
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