O Estado do Rio Grande do Sul estabeleceu como meta melhorar a qualidade e a eficiência da educação pública. Para atingir esse objetivo, além de uma série de investimentos em infraestrutura escolar, o governo do Estado expandirá e aprimorará o modelo do Ensino Médio em tempo integral. Essa modalidade proporciona aos jovens uma formação qualificada e apresenta uma série de vantagens em relação ao ensino regular, sendo capaz, inclusive, de gerar diversos impactos socioeconômicos.
Estudos realizados em Pernambuco — estado pioneiro na implantação do tempo integral no Brasil — mostram que o modelo proporciona diversos benefícios em termos de escolaridade, renda e equidade. Alguns de seus efeitos são a melhoria do desempenho acadêmico nas diferentes áreas do currículo, especialmente para os estudantes mais pobres; a diminuição da evasão escolar e do abandono; e a redução de aspectos relacionados à vulnerabilidade social.
“Se pegarmos dados e evidências, no tempo integral, as escolas têm menor taxa de evasão, e os estudantes têm melhor desempenho no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) e no Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb). Além disso, há uma série de indicadores associados, como a queda dos índices de violência”, disse o subsecretário de Desenvolvimento da Educação, Marcelo Jerônimo.
Em comparação com o ensino regular, para alunos egressos de escolas de tempo integral, a probabilidade de ingressar no Ensino Superior é 17 pontos percentuais maior. Esses jovens têm salário médio mensal 18% maior e trabalham mais frequentemente em setores com alta qualificação. Quando saem do integral, a probabilidade de mulheres ingressarem no mercado de trabalho é oito pontos percentuais maior.
Esse sistema de ensino também vem produzindo resultados importantes na promoção da equidade racial. Nas escolas tradicionais, quando se analisa a diferença salarial entre egressos brancos e negros, o segundo grupo apresenta ganhos aproximadamente 10% inferiores em relação ao primeiro. Quando considerado o ensino integral, essa diferença não mais existe, ou seja, as pesquisas revelam que o ensino em tempo integral pode até mesmo eliminar a diferença salarial racial.
Além disso, a metodologia do tempo integral tem se revelado eficaz na diminuição da criminalidade. Em Pernambuco, o modelo reduziu em até 50% as taxas de homicídios entre jovens de 15 a 19 anos.
Considerando os ganhos de renda para a sociedade, o retorno social da educação em tempo integral equivale a seis vezes o seu custo. Quanto aos ganhos de renda para cada indivíduo, o benefício social para cada jovem que teve acesso à educação integral equivale a 2,7 vezes o seu custo.
O governo do Estado está se preparando para uma virada na educação em tempo integral em 2024. O sistema será ampliado, com a adesão de mais 93 unidades de ensino, passando de 111 para 204 instituições em tempo integral. Além dessa expansão, o modelo será aperfeiçoado, a fim de reforçar ou introduzir elementos como o protagonismo juvenil, o acolhimento, as práticas experimentais, a qualificação profissional, os clubes juvenis e a mentoria. A ideia é aliar a qualidade da educação a uma formação integral e acolhedora.
O subsecretário estima os resultados positivos que advirão desse processo. “Haverá a melhora da qualidade da educação, tanto do ponto de vista da aprendizagem quanto da permanência dos jovens na escola. Acreditamos que esse modelo vai ser atrativo a ponto de reter o estudante, aumentando o índice de terminalidade do Ensino Médio”, afirmou. “Essa é uma mudança importante. Teremos jovens mais qualificados para o mercado de trabalho, o que vai melhorar a empregabilidade e a possibilidade de incremento da renda.”
Para Marcelo, outro aspecto importante é a equidade. “Esse é um modelo que combate a desigualdade, porque o aluno de faixas mais carentes ou de recortes que historicamente foram desprestigiados tem a possibilidade de ter uma escola de qualidade e que promove acolhimento para que ele possa concluir sua formação”, observou.
Em 2023, 10% das escolas de Ensino Médio ofertam a modalidade em tempo integral. Em 2024, serão 18%. A meta é alcançar 27% em 2025 e 50% em 2026.
Texto: Juliana Dias/Secom
Edição: Camila Cargnelutti/Secom
Foto: Mauro Nascimento/Secom
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