Novo Ensino Médio no RS – Pedido de revogação é feito à Seduc

Um pedido de suspensão da aplicação do cronograma do Novo Ensino Médio (NEM), revogando a organização dos itinerários formativos, foi feito à secretária estadual de Educação, Raquel Teixeira, em reunião solicitada pela presidente da Comissão de Educação da ALRS, deputada Sofia Cavedon e realizada nesta segunda-feira, 30, na Seduc com as entidades estudantis, Cpers/Sindicato e representação da Faculdade de Educação da UFRGS.

Segundo a deputada Sofia Cavedon existe o acordo no conteúdo, tendo em vista que a Secretária disse concordar com a necessidade de ampliar a formação integral e cumprir o programa. “Ela colocou problemas burocráticos do tempo de Lei e resolução do Conselho Estadual de Educação. Afirmamos que não queremos por etapas e solicitamos fazer o processo todos juntos, Conselho, estudantes, Secretaria, Sindicato e Comissão de Educação para organizarmos o currículo para o ano que vem, a fim de que não se repita o que ocorreu ano passado e garantirmos uma grade curricular antecipada já com as mudanças necessárias”.

Sobre o Pré-Enem Seduc RS, ferramenta de recomposição das aprendizagens para os alunos do Ensino Médio usada pelo governo, Sofia sugeriu a utilização das redes da Uergs, do Comung, dos Institutos e Universidades Federais.”Assim conseguimos cobrir todo o território estadual através da rede de formação superior para fazer o Pré-Enem e ajudar a meninada que foi tão prejudicada pela pandemia e pleno novo ensino médio”, destaca a parlamentar.

Maria Beatriz Luce, da Faculdade de Educação da UFRGS e do Programa de Pós-Graduação em Educação da Unipampa, reforçou que os dois anos de implementação do novo Ensino Médio foram anos muito difíceis. “Falta de professores, de infraestrutura, desmotivação, professores sem preparação mesmo tendo boa vontade”. A professora  expressou ainda a preocupação sobre a continuidade dos problemas de condições de qualidade nas escolas, quadro de pessoal, das bibliotecas e laboratórios, que não podem ser substituídos por plataformas digitais, que são ferramentas de apoio. Também  afirmou que no momento a preocupação é em relação às alterações curriculares.

“Me associo aos estudantes quando falam que  atualizações são necessárias e devem ser precedidas das mudanças que constam no PL 2.601/2023  que tramita no Congresso, para que se tenha medidas que nos leve a continuar a fazer avanços na educação”. A pesquisadora Angela Chagas, da Ufrgs, disse que na pesquisa realizada ficou evidenciada a execução de um projeto que limitava, em vez de flexibilizar, fragmentava, em vez de diversificar, e negava o direito, em vez de garantir um Ensino Médio como etapa final da Educação Básica. Apontou como efeitos do Novo Ensino Médio na rede estadual o esvaziamento da formação geral básica e fragmentação curricular, limitada liberdade de escolha aos estudantes e aprofundamento e legitimação das desigualdades
educacionais.

O 2º vice-presidente CPERS, professor Edson Garcia, enfatizou a inexistência da tecnologia nas escolas, a falta de estrutura e as bibliotecas fechadas, alertando para que o início do ano letivo de 2024 seja preparado com antecedência para que a comunidade escolar não seja novamente prejudicada. Ele lembrou ainda da desvalorização do Magistério. A diretora do 39º Núcleo do CPERS, Neiva Lazzarotto, enfatizou para que o governo do Estado implemente o espírito do PL encaminhado ao Congresso Nacional. “Com as 2.400 horas na formação geral básica em 2024 sob pena de agravar o prejuízos aos estudantes que estão se evadindo e ficando em desvantagem em relação ao ENEM e também em prejuízo aos próprios professores, que estão  sofrendo com a obrigatoriedade de implementação de um currículo para o qual não estão habilitados.

Os estudantes, representados pela Ubes, Umespa e Uges, destacaram todas as dificuldades que os alunos enfrentam e com o NEM ocorre o  aumento das desigualdades. “Os  Itinerários sufocam as licenciaturas que são fundamentais para a prova do Enem. Temos situações bizarras como aprender a fazer Bolo de Pote, e isso provoca também a evasão além do problema do transporte escolar, em especial o Tri Escolar.

Participaram do encontro a deputada Sofia Cavedon;o vice presidente da UBES, Kaick Silva; o diretor de Escolas Técnicas da UBES, Hugo do Carmo Silva;  Aruã Flores de Jesus, Matheus Coutinho Guerra e Gabryelle Rocha, presidenta da  Umespa; Anderson Farias, da Uges; Maria Beatriz Luce e Angela Chagas, da Ufrgs; o 2º vice-presidente CPERS, Edson Garcia e a diretora do 39º Núcleo do Cpers, Neiva Lazzarotto.

Fonte:Gabinete Deputada Sofia Cavedon
Foto: Marta Resing

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