Vazão do Rio das Antas que levou à enchente catastrófica do Taquari superou cálculos probabilísticos mais pessimistas de engenharia
Um dado espantoso revela como foi absurdamente extrema a cheia do Rio das Antes que levou à cheia histórica e de enormes proporções do Rio Taquari nos vales, causando uma destruição imensa de destruição com dezenas de pessoas mortas e um número elevado de desaparecidos. A UHE (Usina Hidrelétrica de Energia) Castro Alves, mantida pela CERAN (Companhia Energética Rio das Antas) tem uma vazão média de longo período de 162 metros cúbicos por segundo. Já a chamada vazão decamilenar (10 mil anos) estimada por complexos cálculos de engenharia é de 9.011 metros cúbicos por segundo. Na segunda-feira (4/9), a UHE Castro Alves teve vazão afluente registrada de 9.783 metros cúbicos por segundo às 18h.
A vazão afluente espantosa do fim da tarde de segunda-feira, portanto, ficou acima da vazão decamilenar projetada. A vazão decamilenar é aquela cujo período de retorno ou tempo de recorrência (TR) estimado de 10.000 anos. Isso significa que, em teoria, o valor pode ser igualado ou superado a cada dez mil anos, pelas estimativas de probabilidade. A probabilidade de ocorrência deste evento é igual ao inverso do TR, ou seja, 0,01%.
Não significa que choveu ou equivalente a dez mil anos ou que há dez mil anos já havia registro de chuva, mas que a vazão alcançada atingiu o que a Engenharia estimava poderia ocorrer com um período de retorno de cada dez mil anos. Tanto em vazão como em chuva, com base em séries históricas, com bases em séries históricas de dados, são feitos cálculos probabilísticos de tempo de retorno de um evento extremo. Meses atrás, a cidade turística de Fort Laudardale, no estado norte-americano da Flórida, registrou chuva extraordinária com tempo de retorno estimado em mil anos. Estação meteorológica perto do Aeroporto de Fort Laudardale indicou precipitação de 574 mm em apenas sete horas.
CHUVA FORA DO COMUM NAS CABECEIRAS
Acumulados de chuva de 200 mm a 400 mm atingiram grande parte da Metade Norte gaúcha no começo deste mês.
Estação meteorológica particular chegou a anotar 390 mm na região de Passo Fundo. Várias outras estações da região com registros confiáveis indicaram mais de 300 mm entre o Alto Jacuí, o Planalto Médio e os Campos de Cima da Serra.
A estação oficial do Instituto Nacional de Meteorologia em Passo Fundo anotou o maior volume em 24 horas para o mês de setembro desde o começo das medições em 1913 com 164,4 mm até 9h do dia 4. O mesmo ocorreu com a estação de Cruz Alta, com dados desde 1912, que registrou 160,8 mm em 24 horas até 9h do dia 4. Os volumes excessivos sobre a Metade Norte do Rio Grande do Sul no começo deste mês foram consequência da influência de uma área de baixa pressão com rio atmosférico que trouxe grande quantidade de umidade. Esse cenário, reforçado pelo avanço de uma frente fria pelo território gaúcho, favoreceu intensa instabilidade com muitas descargas e chuva com volumes excessivos a extremos.
Os acumulados extraordinários de chuva em curto período nas nascentes do sistema Taquari-Antas somados aos volumes enormes de chuva ao longo de toda a bacia com córregos e pequenos rios que desembocam no rio, e ainda as características de calha do Antas e do Taquari entre morros na Serra, acelerou enormemente as águas até desembocar nos vales, levando às enchentes repentinas e catastróficas por onde passava o rio. Tratou-se, assim, de um fenômeno singular e de muito difícil ocorrência de precipitação que gerou vazão acima das estimativas mais pessimistas.
O QUE DIZ A CERAN
A Companhia Energética Rio das Antas (Ceran) divulgou nota oficial informando que as usinas no Rio da Antas possuem um tipo de vertedouro que não têm capacidade de regular o fluxo de água do rio e que as barragens não conseguem reduzir a enorme vazão, considerada a maior desde a construção das usinas.
Leia a íntegra da nota:
“A Ceran se solidariza com toda a tragédia ocorrida no Rio Grande do Sul. Desde o início do evento vem tomando as ações cabíveis junto ao poder público e cumprindo todos os protocolos para garantir a integridade das barragens e, por consequência, a segurança da população.
Na última segunda-feira, 04 de setembro, o Rio das Antas atingiu a vazão mais alta desde a construção das usinas e uma das maiores vazões que se tem registro, tratando-se de um desastre natural de grandes proporções. Infelizmente, as barragens não conseguem reduzir altas afluências e mitigar os impactos no entorno do rio, pois as barragens da Ceran possuem vertedouro do tipo soleira livre e tem a característica “a fio d’água”, ou seja, não tem capacidade de armazenamento e nem de regular o fluxo do rio, pois todo o excedente de água passa por cima da barragem.
Durante as cheias monitoramos em tempo real todas as estruturas, que em nenhum momento, apresentaram anomalias que indicassem risco de rompimento, o que não levou ao acionamento das sirenes de emergência.
Reforçamos que todos os protocolos de segurança de barragem foram cumpridos durante o evento, incluindo as comunicações com as Defesas Civis dos municípios, que atuaram junto à população.
A Ceran segue trabalhando para fornecer todas os esclarecimentos ao poder público, de forma a dar a transparência e tranquilidade de que todas as obrigações e responsabilidades foram cumpridas”.
Leia a matéria completa no site da Metsul https://metsul.com/vazao-do-rio-das-antas-superou-estimativa-de-recorrencia-de-dez-mil-anos/
Fonte: Metsul
Foto: MELQUIADES BASTIANI
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