De acordo com a Secretaria Estadual da Saúde, os casos de SRAG em crianças estão ocorrendo de forma mais concentrada desde 2022 pelo fato de que muitas crianças não tiveram contato com os vírus durante os momentos de distanciamento social, quando a pandemia se apresentava de forma mais grave
A Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS) expressa preocupação com o crescente número de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em crianças no estado. Com o anúncio do decreto de estado de emergência em saúde pública, a entidade reforça a importância de conscientizar a população sobre os sintomas e medidas preventivas relacionadas à SRAG.
De acordo com os dados mais recentes, o número de crianças hospitalizadas com SRAG cresceu 23% em 2023, totalizando 2.806 casos até o momento, comparado a 2.279 casos no mesmo período do ano anterior. A SRAG é uma condição respiratória grave, geralmente causada por vírus como o sincicial respiratório, influenza e coronavírus.
“A SRAG em crianças é uma preocupação significativa para a comunidade médica e para os pais. É essencial que estejamos cientes dos sintomas e medidas preventivas para proteger nossas crianças. É importante que os pais estejam atentos aos sinais de SRAG em crianças, como febre, tosse, falta de ar e dificuldade respiratória”,ressaltou o presidente da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul, Sérgio Amantea.
O médico pediatra, Benjamin Roitman, reforça a importância da vacinação nesse processo.
“A vacinação contra COVID e gripe são indispensáveis. São imunizantes disponíveis em todos os postos de saúde e para todas as idades. Além disso, a lavagem frequente das mãos e o distanciamento social são medidas essenciais para prevenir a propagação das doenças respiratórias”, disse.
O membro do Comitê de Infectologia da Sociedade de Pediatria RS, Juarez Cunha, também salienta a importância dos pais não descuidarem do calandário vacinal. Ele salienta que há vários vírus circulando: influenza que causa a gripe, o SARS-CoV-2 que causa a COVID e o VSR causador da bronquiolite.
A orientação para a população é conversar com o seu pediatra que pode fornecer informações e orientações sobre as síndromes gripais e respiratórias.
Vacina para o VSR
Os Estados Unidos aprovaram a primeira vacina do mundo contra o vírus sincicial respiratório (VSR). A vacina Arexvy, desenvolvida pela farmacêutica britânica GSK, foi autorizada para pessoas com 60 anos ou mais. O VSR é conhecido por causar bronquiolite em crianças pequenas e idosos, podendo ser perigoso e até fatal. A vacina foi testada em aproximadamente 25 mil participantes, demonstrando uma eficácia de 83% na prevenção de infecções do trato respiratório inferior. A autorização da vacina nos Estados Unidos representa um avanço importante na prevenção dessa doença disseminada e contagiosa. Ainda não há previsão de início da aplicação em território brasileiro.
No Brasil, a possibiidade de uso de anticorpos existe, mas é ainda bastante restrita para pacientes específicos. O Ministério da Saúde disponibiliza o uso do anticorpo monoclonal palivizumabe para crianças elegíveis, que são aquelas com maior risco de complicações da doença, como prematuros e crianças com doenças pulmonares crônicas. A dose indicada é de 15 mg/kg/dose, por via intramuscular, com até 5 doses e intervalo de 30 dias.
Decreto
O Decreto 57.090/2023 declara estado de emergência em saúde pública em todo o território do Rio Grande do Sul para fins de prevenção e de enfrentamento da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em crianças. O texto determina que as redes hospitalares que prestam serviços ao Sistema Único de Saúde (SUS) deverão adotar medidas administrativas para priorizar a disponibilização dos leitos clínicos de suporte ventilatórios e de UTI pediátricas para os casos de SRAG em crianças.
O estado de emergência terá a vigência de 90 dias, contados a partir da publicação, podendo ser prorrogado conforme evolução dos indicadores epidemiológicos. Cabe à Secretaria da Saúde (SES) a coordenação das ações e serviços públicos de saúde voltados ao enfrentamento da emergência e as diretrizes gerais para a execução das medidas de contenção.
O decreto também segue as diretrizes da Portaria 756/2023, do Ministério da Saúde, que institui, em caráter excepcional e temporário, incentivo financeiro de custeio para o atendimento de crianças com SRAG, na atenção de Média e Alta Complexidade do SUS. Segundo dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), o Rio Grande do Sul possuiu 264 leitos de UTI pediátrica em 26 hospitais.
Redação e coordenação: Marcelo Matusiak
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