O governo do Rio Grande do Sul está na comitiva brasileira que partiu em missão internacional para a China na sexta-feira (24/3). Trata-se do único Estado brasileiro que integra a delegação oficial do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), liderada pelo ministro da pasta, Carlos Fávaro. Cerca de 16 lideranças estão no grupo – os demais integrantes são funcionários de órgãos governamentais e agências.
Os interesses do Estado serão apresentados pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sedec), que enviará o diretor do departamento de Promoção Comercial e Assuntos Internacionais (DPCI), Evaldo da Silva Júnior. O diretor irá representar o titular da pasta, Ernani Polo, que não assumiu o compromisso por incompatibilidade de agenda.
Promovida pelo governo federal, a jornada conta com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A chegada ao gigante asiático ocorre neste sábado (25/3), em Pequim; a volta está marcada para 6 de abril. O grupo conta também com uma delegação empresarial formada por mais de 200 empresários brasileiros – sendo alguns gestores do Rio Grande do Sul – e prevê a consolidação de mais de 30 acordos firmados com os chineses.
A Sedec vai pleitear a habilitação de cinco plantas frigoríficas de aves – Languiru (Teutônia), Carrer (Farroupilha), Mais Frango (Miraguaí), Dália (Encantado) e Nova Araçá (Nova Araçá) – e uma de bovinos – o Frigorífico Silva (Santa Maria). Quanto aos suínos, a ideia é obter o reconhecimento, pelos chineses, do status sanitário do Rio Grande do Sul como zona livre de febre aftosa sem vacinação, o que vai permitir a entrada de carne suína com osso e miúdos.
O secretário de desenvolvimento econômico, Ernani Polo, lembra que o Estado já conquistou esse status sanitário pela Organização Mundial da Saúde Animal (OIE) desde maio de 2021. Ainda segundo ele, obter o reconhecimento pela China é fundamental para aumentar o volume de exportação.
“Essa restrição à venda de carne de suínos com ossos e miúdos, segundo estudos, representa em torno de R$ 100 a menos na precificação por suíno se comparado a Santa Catarina. Para citar um exemplo, os chineses pagam, em média, US$ 4 mil por tonelada dos pés dos suínos, um mercado ao qual ainda não temos acesso, e esse produto está sendo destinado para graxaria”, explica Polo. A China tem forte influência na economia do Rio Grande do Sul, com participação de cerca de 30% do faturamento do agro em 2022, situação que a coloca como principal parceira comercial do Brasil.
A missão, além de Pequim, vai passar por Shangai. O diretor Evaldo faz uma analogia para explicar a escolha das duas cidades chinesas como roteiro: “Pequim é a nossa Brasília e Shanghai, a nossa São Paulo”. Ele ressalta, assim, a importância desses locais para a realização de negócios e como centro de fundos de investimentos.
Evaldo avalia também que a viagem permite uma aproximação com lideranças dos demais países do Brics (sigla que une Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e é estratégica para atrair investimentos para o Rio Grande do Sul. “A China é um dos maiores players mundiais em investimentos, com potenciais importadores interessados nos produtos brasileiros e, especialmente, gaúchos. Esses importadores conseguem, por exemplo, fazer um investimento numa empresa na qual têm interesse, para que ampliem a produção e, a partir disso, possam contar com mais produtos disponíveis para importação”, explica o diretor. “É um investimento direto muito comum, principalmente nas questões ligadas à segurança alimentar.” Evaldo ainda destaca que, dos cinco principais bancos do mundo, quatro são chineses, fato que considera significativo no que se refere à captação de recursos para investimentos.
Noz pecan
Outro mercado que o Rio Grande do Sul pretende abrir é o de noz pecan. O Brasil tem uma produção anual de 7 mil toneladas, das quais 3 mil estão disponíveis para exportação. “A China participa de um terço nas importações mundiais de pecan, e o Brasil não tem acesso a essa possibilidade comercial”, ressalta Polo. O Rio Grande do Sul responde por 70% da produção nacional e a entrada no mercado chinês beneficiaria diretamente o Estado.
Texto: Ascom Sedec
Edição: Felipe Borges/Secom
(KPJ)
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