Tabela alternativa para pagamento da uva é divulgada e produtores “não compactuam”

Uma tabela alternativa para o pagamento do quilo da uva pela indústria na safra 2022/2023, mesmo com a definição de reajuste de 20,61% pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) divulgada em dezembro, trouxe reações por parte de produtores nas últimas horas.

O ofício chegou ao conhecimento de agricultores na quarta-feira, 18 de janeiro, e é assinado pela Uvibra (União Brasileira de Vitivinicultura) através do presidente Daniel Panizzi. Ao invés de R$ 1,58 / kg para variedade isabel com 15º, estipulado pelo Governo, no documento consta R$ 1,40 / kg por consenso capitaneado pela Agavi (Associação Gaúcha de Vinicultores).

Os motivos elencados são a queda de comercialização, altos estoques de passagem, possibilidade recessão, inflação., etc.

“É uma circular informativa que a Uvibra não teve interferência, foi definida pelos associados da Agavi, onde se concentra praticamente 100% do volume de uvas de mesa”, comentou Panizzi.

A Rádio Difusora também contatou a Agavi. “É uma decisão dos associados que está coerente com a oferta que tinha sido feita. A nossa turma acha que não consegue fazer caber R$ 1,58 /  kg nos custos e por isso a tabela alternativa”, comentou Darci Dani, executivo da Associação. A Agavi representa 49 empresas.

Ele acrescentou ainda uma grande preocupação com estoque de mais de 350 milhões de litros junto as indústrias.

Nesta sexta-feira, 20, a Comissão Interestadual da Uva, emitiu uma nota oficial mostrando-se contrária a circular. Ela é assinada pelo presidente Cedenir Postal, que também preside o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Bento Gonçalves (STRBG), com extensão em Monte Belo, Pinto Bandeira e Santa Tereza.

“A Comissão não aceita e não compactua com esta prática de tabela alternativa, visto que fizemos o levantamento do custo de produção onde os insumos, fertilizantes, combustíveis e mão de obra” sofreram reajustes. Ainda diz que “a única tabela que aceitamos é a oficial que foi publicada e sempre prevaleceu”.

O Sindicato Rural da Serra Gaúcha (SRSG) através do presidente Elson Schneider informou que também foi procurado por agricultores. A entidade que atua em Bento Gonçalves, Carlos Barbosa, Garibaldi, Monte Belo do Sul, Pinto Bandeira e Santa Tereza reiterou a preocupação.

“Acreditamos que seja a primeira vez que isso tenha ocorrido de forma oficial. Neste momento acreditávamos que estávamos tranquilos com o reajuste para receber a uva e efetuar o pagamento através do grau e da qualidade”, disse.

Na última safra foram colhidas 683.766.221,61 quilos de uvas, de acordo com dados da Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação. Para esta safra a estimativa é entre 650 a 700 milhões de quilos.

 

Fonte: Central de Jornalismo da Rádio Difusora

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