Em oito dias na Polônia, jornalista morador de Caxias relata situação dos refugiados da guerra na Ucrânia

O jornalista Fernando Levinski, morador de Caxias do Sul, passou recentemente pelo maior desafio de sua carreira.

De forma independente, para sua página no Instagram, esteve na Polônia, em uma cidade fronteira com a Ucrânia por alguns dias, onde cobriu a saga e a história de refugiados da guerra na Ucrânia, atingida pela Rússia em função da situação política, fazendo com que inúmeros refugiados deixem o país.

Ele esteve no país por dez dias, de 8 a 18 de abril, durante um período de férias da Rádio São Francisco, a qual trabalha em Caxias do Sul. A viagem pôde ser viabilizada por meio de Crowdfunding, também chamado de vaquinha online e financiamento coletivo, é uma forma de arrecadação de dinheiro pela internet.

Além de realizar a cobertura para as redes sociais, Fernando Levinski também produziu conteúdo para o seu site www.fernandolevinski.com.br.

Entre os locais que esteve em meio a cobertura, estão abrigos temporários para os refugiados, como estruturas de apoio em estações de trem, tendas de apoio na fronteira entre Polônia e Ucrânia e o vilarejo de Shegini (Ucrânia).

Durante todas as noites em que esteve na Polônia, Levinski fazia lives para relatar o que aconteceu durante cada dia de cobertura e as histórias mais marcantes.

“Foram apenas oito dias, centenas de quilômetros e histórias que ouvi para tentar entender os reflexos de uma guerra no país ao lado da bela Polônia. Vi um povo solidário e preocupado. A Polônia tem sido o principal país escolhido por refugiados”, conta.

A Rádio Difusora realizou uma entrevista com Fernando Levinski a respeito de sua trajetória e de seu  trabalho realizado nestes oito dias. Confira.

Principais desafios enfrentados pelos refugiados?

Os refugiados não possuem dinheiro algum. Vivem de apoio de voluntários na Polônia. É uma rede de apoio muito grande. Além das estações de trem, há uma estrutura muito útil para essas pessoas desabrigadas.

Como jornalista, qual a situação mais dramática que vivenciou durante os dias de cobertura?

É difícil escolher uma só. Foram várias situações bem impactantes. A oportunidade de conhecer abrigos temporários. Fui muito bem acholido pelos poloneses que gerenciam esses locais. A gente percebe o quanto a guerra fragiliza as pessoas, que tem um olhar perdido, as crianças que o normal é estar sorrindo, brincando, tem um olhar perdido, um olhar triste da guerra. Um episódio que marcou foi um menino muito jovem, se despedindo da mãe. A família toda é ucraniana e quando a guerra começou, a mãe que morava na Polônia voltou para a Ucrânia, pois o marido, por lei, não poderia sair do país. E a criança ficou na Polônia.

Principal desafio no trabalho jornalístico?

Fui muito bem recebido pelos poloneses, são pessoas solidárias, estão empenhadas em  ajudar os ucranianos e não enfrentei maiores problemas para realizar meu trabalho. Na cidade de Krakóvia, tive uma certa burocracia para me apresentar e realizar a cobertura e tive que fazer os relatos seguindo algumas normas, especialmente nas imagens, sem identificação de rostos de crianças, de ucranianos, mas algo dentro do normal. Não tive maiores restrições para trabalhar, tive muita tranquilidade, dentro somente de algumas regras específicas. A maior dificuldade foi produzir conteúdo para meu site e redes sociais, pois realizei essa cobertura de forma independente, sem a devida estrutura e apoio. Mas dentro das dificuldades, consegui realizar um bom trabalho e trazer pra quem me acompanha, a realidade dos refugiados da guerra.

Como surgiu a ideia de embarcar na aventura?

Eu sou descendente de Polonês e Ucraniano por parte de pai e sempre admirei a cobertura jornalística de guerra, sempre admirei profissionais que contam a histórias das pessoas que passam por essas dificuldades, de deixar seu país, seu bairro, em função de uma guerra que não passou pelo seu consentimento. Entendo que é importante dar voz a essa população, que é quem mais sofre com os reflexos da guerra. É essencial protagonizar essas pessoas, o que elas passam, quais as suas dificuldades. Nunca cogitei ir até a Ucrânia, mas estar na Polônia, na fronteira, seria uma forma de vivenciar a realidade desta guerra. Fui a Polônia só para isso. Os jornalistas que vão até o país da guerra, em si, são pessoas com maior experiência, maior aparato técnico e teórico. Então fui também sabendo das minhas “limitações”, tomando todos os cuidados e com um devido planejamento. Andei muito a pé para contar da melhor forma e o máximo de conteúdo possível nas redes sociais e também no meu site.

Confira os relatos de Fernando Levinski no site www.fernandolevinski.com.br, quanto no instagram @nandolevinski.

Fotos: Fernando Levinski

 

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