A inclusão é uma das preocupações para a inserção de políticas públicas que o Museu do Imigrante vem desenvolvendo. Nesta perspectiva, faz-se necessário promover ações para a fruição do patrimônio cultural e de pensar as diversas acessibilidades às quais precisam estar em diálogo com todas as ações desenvolvidas nos espaços de memória, como destaca a museóloga Deise Formolo.
“Nesse momento, através dos recursos vindos com o projeto, Laços Patrimoniais, o Museu do Imigrante conseguiu produzir um material de extrema importância no formato Braille, mas salientamos que o Museu ainda tem um longo caminho para atender a todas as necessidades para se tornar 100% acessível. A perspectiva da preservação dos patrimônios está diretamente relacionada ao diálogo e a participação coletiva, dessa forma, é imprescindível que ações como essa estejam inseridas no cotidiano das instituições”.
Juliana Peixoto salienta o significado do projeto para o município e para os deficientes visuais. “Este projeto tem um significado muito importante para Bento Gonçalves pois amplia o olhar para as nossas histórias, as muitas histórias que aqui foram construídas e que se entrelaçam. Dar voz a todos que aqui contribuíram e que deixam também o seu legado e a sua sabedoria e suas raízes. Estamos muito felizes em poder tornar o projeto acessível também às pessoas que utilizam o Braille como uma forma de leitura e poder democratizar esse acesso a todos. Tive a oportunidade de fazer o cerimonial, realizando a leitura em Braille o que também mostra para o público a importância da impressão e distribuição do livro nesse formato para escolas e instituições que trabalham com reabilitação de pessoas cegas.”
A equipe do Museu do Imigrante iniciou a entrega do livro em Braile para as 40 instituições e entidades que contam com a Sala de Recursos estruturada e ativa. A transcrição, tradução e impressão foi realizada pela Inclusiva Educativa, de Porto Alegre.
Diversidade
O projeto “Laços Patrimoniais” é focado na educação patrimonial teve como objetivo atualizar o inventário do município produzido em 1994. Desde o início do projeto até a sua finalização, a ação passou por diversas adaptações geradas pela pandemia da Covid-19, mas que não desviaram de seu foco.
O empreendimento resultou em diversas ações como depoimentos orais e saídas a campo que evidenciam um pensamento voltado para a totalidade das diversidades. Bento Gonçalves, em sua formação, possui um mosaico étnico de origem polonesa, negra, alemã, sueca, italiana, entre outras.
Margrit Arnold, professora do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Caxias do Sul ressaltou a possibilidade dos novos estudos de desenvolver a pluralidade. “Este trabalho veio somar e dar amplitude da importância de outras etnias na formação identitária de Bento Gonçalves. É um projeto que precisa ter continuidade e nós do meio acadêmico estamos aqui para dar o suporte para o que for possível”.
Marcus Flávio Dutra Ribeiro, presidente da Associação Amigos Museu do Imigrante e do Movimento Negro Raízes, compartilhou da mesma opinião. “Todos nós somos imigrantes. O livro Laços Patrimoniais imortaliza as diversas vozes desta terra e a gente se sente representado. Essa é a maior dádiva, a maior contribuição: fazer com que todos, indistintamente, estejam e sejam representados. Tem um significado histórico, cultural, sem precedentes, pois as próximas gerações vão ter o conhecimento, a informação, de que Bento Gonçalves é plural em suas raízes”.
O secretário de Cultura e presidente da Fundação Casa das Artes, Evandro Soares, expressou a importância da obra como um meio de reconhecimento integrativo. “A obra fala de um processo em constante movimento e construção. Bento Gonçalves é composta por um cenário plural, e o projeto, por meio de todos os envolvidos, souberam por meio de informações, relatos, saídas a campo, trazer na obra finalizada mais do que o patrimônio cultural edificado. Evocaram o ser humano que veio aqui independente de sua etnia. E o projeto teve o louvor de ampliar o processo participativo e educativo destes povos que refletem o seu papel principal de serem cidadãos”.
O livro físico tem a tiragem de 200 exemplares e está sendo concedido a diversas entidades e instituições como escolares, acadêmicas, históricas, entre outras. Já a sua versão digital pode ser acessada por meio deste link encurtador.com.br/jCHIV
A equipe do Museu do Imigrante produziu um tutorial sobre como pode ser explorado o livro digital: https://www.youtube.com/watch?v=3jbYosHTBwc
“Laços Patrimoniais: construindo um inventário colaborativo para Bento Gonçalves” configura-se em um projeto de educação patrimonial, selecionado no Edital SEDAC nº 01/2019 “FAC Educação Patrimonial”, com financiamento de R$ 50 mil (cinquenta mil reais) pela Secretaria de Estado da Cultura e contrapartida de R$ 20 mil (vinte mil reais) da Prefeitura Municipal de Bento Gonçalves.
A equipe principal do projeto é composta por servidoras da Prefeitura Municipal de Bento Gonçalves: Secretaria de Cultura – Museu do Imigrante, Secretaria Municipal de Educação, representantes do curso de Arquitetura da Universidade de Caxias do Sul, um fotógrafo e um historiador, ambos contratados, bem como parcerias com o Conselho Municipal de Políticas Culturais, Conselho Municipal de Patrimônio Histórico e Cultural e Conselho Municipal dos Povos Tradicionais de Matriz Africana.
Fonte: Assessoria de Comunicação Social da Prefeitura
Foto: Jose Martim Estefanon/ Divulgação
(RM)
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