O segundo mês de 2022 manteve na maioria dos indicadores criminais monitorados pela Secretaria da Segurança Pública (SSP) a tendência de redução vista nos últimos três anos. Naquele que é considerado internacionalmente a principal métrica de violência, os homicídios, fevereiro encerrou com queda de 15,3% em relação ao mesmo mês de 2021, passando de 144 vítimas para 122, o menor total para o mês desde 2006. É o que mostra o balanço mensal divulgado pela SSP nesta terça-feira, dia 15.
O destaque na queda de assassinatos em fevereiro foi o município de São Leopoldo, no Vale do Rio dos Sinos. Com 240.378 habitantes conforme a mais recente estimativa do IBGE, sendo a nona maior população entre os 497 municípios do Rio Grande do Sul, a cidade terminou o mês de fevereiro sem homicídios. É a primeira vez desde 2012, quando o número de vítimas desse tipo de crime passou a ser contabilizado individualmente, que São Leopoldo fecha fevereiro sem assassinatos – em 2017, a cidade chegou a pico de 16 assassinatos no período de 28 dias. E mais: neste ano, a cidade também não registrou no mês nenhum latrocínio ou feminicídio.
“À Polícia Civil cabe a apuração de autoria e materialidade dos crimes. E é essa investigação qualificada que tem contribuído sobremaneira para a redução dos indicadores criminais, a partir da robustez das provas apresentadas ao Sistema de Justiça Criminal e da manutenção dos criminosos mais violentos no sistema carcerário. Em São Leopoldo, em toda a linha histórica, nunca se viu tamanha queda nos indicadores criminais, notadamente homicídios. Estamos há quase 50 dias sem um homicídio sequer no município. Isso é produto do trabalho integrado, base do RS Seguro, e também do bom desempenho de cada instituição no seu papel”, afirmou o delegado Eduardo Hartz, titular da 3ª Delegacia de Polícia Regional Metropolitana (3ª DPRM).
“O trabalho de inteligência desenvolvido pela BM, subsidiando as operações que ocorrem de forma diária, são superimportantes para que tenhamos alcançados esses índices históricos. Sabemos a dinâmica de atuação dos indíviduos e, dessa forma, a partir da integração e das ferramentas da GESeg, tivemos mais de 3,8 mil pessoas abordadas, 91 presos e 12 foragidos recapturados em fevereiro. Isso explica bastante essa queda histórica no índices criminais. A partir dos mapas de gerenciamento ao nosso alcance, em comunhão de esforços, em especial com a Polícia Civil, conseguimos entregar para a população esse trabalho qualificado de repressão e prevenção”, acrescentou o major Alexsandro do Nascimento Goi, comandante do 25º Batalhão de Polícia Militar (25º BPM) de São Leopoldo.
Além disso, com 130,2 mil veículos em circulação – a 10ª maior frota do RS conforme estatística do Departamento Estadual de Trânsito (DetranRS) –, São Leopoldo teve em fevereiro apenas nove roubos de veículos, uma queda de 63% na comparação com as 24 ocorrências do mesmo mês no ano passado. As lideranças locais de Brigada Militar, Polícia Civil e Guarda Municipal são unânimes ao atribuir os resultados ao fortalecimento da integração entre os órgãos, premissa do programa RS Seguro. São Leopoldo é um dos 23 municípios priorizados pela Gestão de Estatística em Segurança (GESeg) para o monitoramento intensivo de indicadores.
Desse conjunto de cidades, 14 terminaram fevereiro com queda ou estabilidade no número de vítimas de homicídio – Cachoeirinha, na Região Metropolitana, também zerou o índice. A adoção pelo RS Seguro desse foco territorial para combater o crime onde ele mais acontece tem impacto para o Estado como um todo. A queda verificada no mês também se reflete no acumulado do bimestre, em que o ranking das 10 maiores reduções tem seis posições ocupadas por cidades do grupo priorizado pelo programa.
Porto Alegre lidera o ranking de reduções no bimestre, com 10 vítimas a menos em relação a igual intervalo do ano passado, de 46 para 36 – queda de 21,7% e o menor total para o período em mais de uma década. O resultado foi impulsionado pelos números de fevereiro, em que a Capital reduziu de 21 para 13 as vítimas de homicídio, retração de 38,1% e também o menor total na série mensal desde 2010.
No Estado como um todo, o acumulado de homicídios entre janeiro e fevereiro caiu de 295 no ano passado para 263, retração de 10,8% e o menor total desde 2006. Na comparação com 2018, último ano antes da implantação do RS Seguro, quando os dois meses somaram 441 vítimas de assassinato, a queda chega a 40,4%. Contra o pico de 637 homicídios no primeiro bimestre de 2017, a diminuição é de mais que a metade: 58,7%
Crimes contra patrimônio no menor patamar das séries históricas
Apesar de terem uma série de características e peculiaridades diferentes, os principais crimes contra o patrimônio se encontram em um ponto comum no Rio Grande do Sul: tanto no resultado de fevereiro quanto no acumulado do 1º bimestre, todos registraram queda na comparação com igual período do ano passado e estão nos menores patamares já registrados em suas séries históricas.
As maiores retrações em fevereiro frente igual mês de 2021 ocorreram nos ataques a banco e nos roubos a transporte coletivo, com quedas de 60%. Houve dois furtos e nenhum roubo a banco no Estado contra cinco ocorrências do ano passado (somados furtos e roubos). As ações contra motoristas e passageiros de ônibus e lotações baixaram de 98 para 39. Em relação ao pico de 2016, que teve 551 registros em fevereiro, o total atual de roubos a transporte coletivo representa diminuição de 92,9%.
As baixas no mês contribuíram para o cenário de queda também no acumulado do 1º bimestre. Os ataques a banco entre janeiro e fevereiro caíram de nove em 2021 para três neste ano (-66,7%). Na mesma comparação, os roubos a ônibus e lotações reduziram de 224 para 125 (-44,2%).
Entre os roubos de veículo, também foi mantida a tendência de queda vista ao longo dos últimos três anos. Em fevereiro, o número de casos passou de 474 para 362 (-23,6%) – a terceira menor marca da história para o período de um mês, a frente apenas de julho e agosto do ano passado, que tiveram respectivamente 325 e 316 ocorrências.
Impulsionada pelo resultado do segundo mês do ano, a retração no bimestre bateu novo recorde. De 1.023 roubos de veículo entre janeiro e fevereiro de 2021, o Estado passou para 751 ocorrências neste ano, baixa de 26,6%.
O índice também destaca, mais uma vez, o impacto do foco territorial implantado pelo Programa RS Seguro. No acumulado, dos 272 casos de roubo de veículo a menos no RS, 252 deixaram de acontecer no conjunto dos 23 municípios priorizados pelo programa – o que significa que esse bloco de cidades respondeu por 9,2 a cada 10 ocorrências reduzidas.
Porto Alegre, que integra o grupo, teve diminuição de 196 roubos de veículo em fevereiro de 2021 para 131 no segundo mês deste ano, baixa de 33,2%. Na comparação dos 1º bimestres, a queda foi de 26,1%, passando de 394 casos para 291. Em ambos os casos, os menores totais das séries.
Fonte e foto: Polícia Civil – RS
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