Foram beneficiadas quase 23 mil artistas do sexo feminino, representando cerca de 10% do total de titulares pessoa física contemplados com direitos autorais em 2021. Foram 66% de autoras, 29% de intérpretes e 5% das demais categorias, como musicistas e produtoras fonográficas. Quanto à nacionalidade, o relatório informa que 67% são brasileiras e 33% são estrangeiras.
Os titulares de música são os compositores, intérpretes, músicos, editores e produtores fonográficos filiados em uma das sete associações de música que administram o Ecad, a Associação de Músicos Arranjadores e Regentes (Amar), a Associação de Intérpretes e Músicos (Assim), a Sociedade Brasileira de Autores, Compositores e Escritores de Música (Sbacem), a Sociedade Independente de Compositores e Autores Musicais (Sicam), a Sociedade Brasileira de Administração e Proteção de Direitos Intelectuais (Socinpro) e a União Brasileira de Compositores (UBC).
Apoio
O estudo visa a apoiar a atuação das mulheres na cadeia produtiva da música para que alcancem seus espaços. A superintendente executiva do Ecad, Isabel Amorim, acredita que levantamentos como esse sobre as mulheres na música podem ajudar não só a mostrar a participação feminina no setor, mas também a apoiar e estimular o seu crescimento. “Os dados indicam longo caminho a ser percorrido em favor de total igualdade de gênero nesse mercado, mas é fundamental ter um estudo que apresente a relevância e a participação da mulher. É importante levarmos em consideração que o ecossistema da música não é formado apenas por intérpretes e compositoras, mas também por produtoras e musicistas”, afirmou Isabel.
Também no ranking dos 100 autores com maior rendimento, considerando todos os segmentos de execução pública, a presença feminina cresceu de 2% para 4%, embora os homens constituam a grande maioria. A superintendente executiva do Ecad admitiu que mesmo com os avanços, a média de apenas quatro mulheres entre os 100 autores com maior rendimento nos últimos cinco anos deixa claro que o cenário ainda está longe da igualdade. Em 2018, a participação feminina no ranking dos 100 autores com maior rendimento alcançou 6%.
A compositora e pianista Chiquinha Gonzaga foi uma das pioneiras, no Brasil, na defesa dos direitos autorais na virada do século 20 e abriu caminho para as mulheres nos setores de música e teatro. Em 2021, as mulheres tiveram a maior parte de seus rendimentos proveniente dos segmentos de rádio, TV aberta e sonorização ambiental, que somaram quase 60% de todos os valores pagos a elas, com contribuições de 30,9%, 16,3% e 12,7%, respectivamente.
Banco de dados
Até o fim do ano passado, o banco de dados da gestão coletiva tinha cerca de 4 milhões de titulares filiados ativos, cadastrados como pessoa física, sendo 11% do gênero feminino. Um por cento de novas artistas foi cadastrado em 2021. Do total de quase 390 mil titulares mulheres, cerca de 95% estão filiadas a uma das associações de música como autoras: 8% são brasileiras e 92% estrangeiras, em função dos contratos de representação firmados entre as associações nacionais e sociedades congêneres em todo o mundo, informou o Ecad.
Por categoria, o percentual de mulheres cadastradas no banco de dados é de 94,7% autoras, 11,3% intérpretes, 9,7% musicistas executantes e 3,1% produtoras fonográficas. Isabel Amorim avaliou que o cenário ainda é desafiador para as mulheres na música. “E o caminho ainda é longo para podermos falar de igualdade entre homens e mulheres neste mercado e em tantos outros. O cenário de pandemia vivido trouxe desafios novos para as mulheres, que muitas vezes têm jornadas duplas e triplas. O fato de elas persistirem na música, mantendo uma participação ativa em comparação com 2020, mostra que a bandeira foi fincada e o espaço está conquistado, mas agora é preciso criar condições para aumentar essa presença.”
Desigualdade
Do mesmo modo, a edição 2022 do estudo “Por Elas Que Fazem a Música”, da União Brasileira de Compositores (UBC), confirma que a desigualdade continua grande entre homens e mulheres na indústria fonográfica. Nesta quinta edição, o estudo, também divulgado no Dia Internacional da Mulher (8), mostra que no ano passado, do total distribuído em direitos autorais, o valor destinado às mulheres continuou estagnado em 9%, dos quais 67% se destinaram a autoras, 26% a intérpretes, 5% a músicas executantes e 1% a produtoras fonográficas. Considerando os rendimentos procedentes do exterior, entre os 100 maiores arrecadadores de direitos autorais, apenas 13 são mulheres. A UBC não informou, entretanto, o valor distribuído em direitos autorais, porque a política da entidade não permite divulgar o valor anual de arrecadação.
Em relação ao ano anterior, a participação feminina na quantidade de obras e fonogramas cadastrados cresceu em quatro categorias, com expansão de 13% no número de autoras e versionistas, de 10% no número de intérpretes, 9% de músicas executantes e de 22% de produtoras fonográficas. A UBC responde pela distribuição de quase 60% dos direitos autorais de execução pública musical no país e mostra, em relatório, que entre artistas mulheres a maior concentração está no Sudeste, com 63%, enquanto a Região Norte reúne apenas 2%. Representando mais de 48 mil artistas, a entidade verificou que, em 2021, dobrou o número de associadas em relação ao primeiro levantamento, feito em 2018. Agora, elas representam 16% do quadro geral. No ano passado, dos quase 8 mil novos associados, 18% foram mulheres.
De 2020 para 2021, o percentual de mulheres associadas na faixa de 18 a 30 anos, somando 30% do total, ultrapassou pela primeira vez o percentual da faixa de 31 a 40 anos (29%) que, desde o início da pesquisa, era predominante no quadro de associadas. Segundo a UBC, os tradicionais meios de rádio e TV aberta continuam sendo as maiores fontes de distribuição de direitos autorais para as mulheres, com 25% e 20% de participação respectivamente, mostra o estudo.
Debate
A coordenadora de Comunicação da UBC, Mila Ventura, destacou a necessidade de debate e urgência com vistas a uma participação maior das mulheres na indústria. “Mesmo com a pandemia, o aumento significativo do número total de associadas demonstra que apesar de todos os desafios, as mulheres persistem e, pouco a pouco, vêm ocupando seus espaços, um reflexo direto da sociedade. Além de aumentarmos o debate sobre os espaços ocupados pela mulher no cenário musical, este ano apresentamos também dados internos, provando que nosso compromisso com a mudança começa de dentro para fora. O quadro de funcionários da UBC é composto por 58% de mulheres e, dessas, 12 ocupam cargos de liderança, incluindo as gerências de todas as filiais”, informou.
Fonte: Agência Brasil
Foto: Marcello Casal Jr. / Agência Brasil / Divulgação
(RM)
IV Encontro Restaurativo reforça os ideais da cultura de paz em Bento Gonçalves
Prefeitura de Bento realiza mutirão de limpeza de pichações neste sábado, dia 23
Alunos da EMEF Maria Borges Frota participam de contação de histórias em alusão à consciência negra