Dados do Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI) apontam que existem atualmente (09/02) no Rio Grande do Sul mais de três milhões de pessoas com alguma dose contra o coronavírus em atraso. A Secretaria da Saúde (SES) alerta para o risco que representa não estar com o esquema atualizado. Entre dezembro e janeiro, conforme o Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), 68% das hospitalizações e 70% das mortes por covid-19 ocorreram em pessoas não vacinadas ou com alguma dose em atraso.
A chefe da Divisão de Vigilância Epidemiológica do Cevs, Tani Ranieri, comenta que nessas situações busca-se, junto aos municípios uma verificação. “São três as possibilidades que precisamos analisar nesses casos: se a pessoa não fez realmente a dose, se ela fez a vacina e falta o registro do SI-PNI, ou se fez a dose e foi feito o registro, só que por alguma razão técnica isso não consta no banco de dados”, explica.
Somente em relação à segunda dose, há 786 mil pessoas em atraso. Elas representam aquelas que deixaram expirar o prazo para completar o esquema primário, que varia de acordo com a vacina recebida: 28 dias (quatro semanas) de intervalo para a Coronavac, 56 dias (oito semanas) para a Pfizer e entre 70 e 84 dias para a AstraZeneca (10 a 12 semanas).
Em relação às cerca de 9 milhões de pessoas que já fizeram a primeira dose, isso representa que cerca de 9% não voltaram em tempo oportuno para a segunda. Se essas já tivessem feito a segunda dose, a população total do RS com esquema completo passaria dos atuais 73% para 80%.
Em relação à dose de reforço, são mais de 2,5 milhões de pessoas com ela em atraso, ou seja, com mais de quatro meses desde a segunda dose ou dose única. Isso representa que três a cada 10 pessoas que fizeram a segunda dose ou dose única não voltaram no prazo para o reforço. Outro 1,8 milhão de pessoas estão hoje aguardando dentro do prazo para fazer essa terceira dose. Caso todos que estão com reforço em atraso já tivessem feito essa dose, a porcentagem da população gaúcha com esse status quase que dobraria: dos atuais 27% para 49%.
Segunda dose atrasada
Das 786 mil pessoas com a segunda dose em atraso, quase 42 mil têm 60 anos ou mais, que são aquelas com maior risco de desenvolver casos graves ou ir a óbito. Destaca-se ainda que a grande maioria desse público fez a primeira dose no início da campanha em 2021, ou seja, muitos estão por completar nesses próximos meses um ano de atraso vacinal. Entre essas pessoas com segunda dose atrasada, cerca de 528 mil têm entre 18 e 59 anos e 215 mil têm de 12 a 17 aos.
Pessoas com segunda dose em atraso conforme idade (em 09/02/22):
12 a 14 anos: 104.057
15 a 17 anos: 110.642
18 a 19 anos: 45.637
20 a 24 anos: 117.237
25 a 29 anos: 101.617
30 a 34 anos: 79.422
35 a 39 anos: 61.111
40 a 44 anos: 43.849
45 a 49 anos: 31.869
50 a 54 anos: 25.554
55 a 59 anos: 21.742
60 a 64 anos: 14.356
65 a 69 anos: 9.241
70 a 74 anos: 5.552
75 a 79 anos: 4.120
80 anos ou mais: 9.162
Idade não informada: 301
Total: 785.469
Reforço em atraso
Entre as mais de 2,5 milhões de pessoas com o reforço em atraso, 604 mil têm 60 anos ou mais. Os adultos dos 20 aos 59 anos somam mais de 1,8 milhão de pessoas, enquanto cerca de 55 mil são adolescentes de 18 e 19 anos. Essa dose de reforço ainda não foi aberta para os adolescentes de 12 a 17 anos e para as crianças de 5 a 11 anos.
Pessoas com dose de reforço em atraso conforme idade (em 09/02/22):
18 a 19 anos: 55.169
20 a 24 anos: 149.165
25 a 29 anos: 157.565
30 a 34 anos: 197.068
35 a 39 anos: 233.352
40 a 44 anos: 264.738
45 a 49 anos: 270.280
50 a 54 anos: 285.378
55 a 59 anos: 292.693
60 a 64 anos: 250.760
65 a 69 anos: 144.418
70 a 74 anos: 76.219
75 a 79 anos: 50.357
80 anos ou mais: 83.010
População sem nenhuma dose no RS
Há no Estado cerca de dois milhões de pessoas que não fizeram nenhuma dose contra o coronavírus. Parte é a população abaixo dos cinco anos, para as quais ainda não há vacina disponível aprovada pelo Ministério da Saúde. São cerca de 680 mil crianças nesta idade, que representam 6% da população gaúcha.
Outras 1,3 milhão de pessoas acima dos 5 anos também possuem registro de nenhuma dose. Há entre essas aquelas do grupo que recém foi aberto: dos 5 aos 11 anos. De acordo com a disponibilidade de doses nos municípios, nem todas as idades desta faixa já estão com a vacinação aberta. Em janeiro, a imunização dessas crianças começou por aquelas com comorbidades, com a regressão das idades sendo ofertada de acordo com as doses recebidas.
São cerca de 965 mil crianças nessa faixa etária, das quais aproximadamente 120 mil já recebeu a primeira dose. Esse é um número ainda parcial, informado diretamente pelos municípios à SES, visto que o SI-PNI ainda não está apresenta o total de doses já aplicadas nesta idade.
Entre os adolescentes de 12 aos 17 anos, que somam 863 mil pessoas no RS, 86% já fez a primeira dose. Mais da metade já completou o esquema de duas doses. Nesta população, ainda não está prevista a dose de reforço.
Entre os adultos (acima dos 18 anos), 97% fez ao menos uma dose, 89% completou o esquema primário e 35% já está com o reforço.
Veja os números por município de segundas doses e doses de reforço pendentes
Busca ativa pelos faltantes
Uma das alternativas da SES para a resgatar quem está com alguma dose em atraso é o envio periódico dessas listagens nominais dessas pessoas aos municípios e coordenadorias regionais de saúde. Dessa forma, as secretarias municipais podem adotar medidas de busca ativa por elas, a partir dos dados de telefone, endereço e local da vacinação da primeira dose que constem no sistema. Também é reforçado junto aos gestores locais que verifiquem se não há nessas listas pessoas que já tenham recebido a dose e estão apenas com o registro no sistema pendente por falta de digitação ou outro problema.
Aumento nos riscos de óbitos
Um levantamento do Cevs divulgado na última semana também constatou a redução nas chances de óbito das pessoas vacinadas em comparação com as demais, principalmente nos idosos. O risco de morte para quem tem 60 anos ou mais foi 21 vezes maior para aquelas pessoas sem nenhuma dose recebida em relação às pessoas com esquema completo mais dose de reforço.
Nesta mesma faixa etária, usando como referência as pessoas com o reforço recebido, quem tem apenas uma dose tem quase cinco vezes mais risco de morte. Nas situações nas quais a pessoa tinha esquema completo sem o reforço, as chances de óbitos foram o dobre quando analisadas com que tinha essa terceira dose.
Fonte: SES
Foto: Gustavo Mansur / Palácio Piratini / Arquivo
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