Há pelo menos cinco anos, existe em Bento Gonçalves o Programa de Pacificação Restaurativa, que promove os chamados Círculos de Paz, e que tem sido fundamental para a diminuição de casos de conflitos na comunidade.
A rede Municipal de ensino está desenvolvendo esse trabalho, através da Central de Orientação Restaurativa Escolar (Cores), vinculada à Infância e Juventude e Cidadania, sob a coordenação do Núcleo de Justiça Restaurativa, instituída pelo Decreto nº 9.811, de 11 de maio de 2018, em parceria com o Ministério Público do RS. Os facilitadores em círculos de construção de paz atendem demandas das escolas municipais, envolvendo alunos, professores, funcionários e pais. Atuam também em questões envolvendo idosos, conforme encaminhamentos feitos pelo Ministério Público e SEDES-Secretaria de Esportes e Desenvolvimento Social (CRAS, SCFVs, Conselho Tutelar), sob a coordenação da Central Restaurativa.
Uma das instituições que tem realizado o trabalho de forma exemplar é a Escola Municipal de Ensino Fundamental Tancredo Neves. A Diretora da instituição, Nelita Maria Zanovelo, comentou sobre a realização do projeto na escola. “Estamos realizando os círculos, pois é necessário entender que o aluno está chegando na escola trazendo todo seu contexto familiar em tempos difíceis de pandemia. São pequenos movimentos dentro da escola, mas com a certeza de construímos relacionamentos mais saudáveis e termos a oportunidade de prevenir alguns conflitos”.
A orientadora, que atua na EMEF Tancredo Neves, Vera Lúcia Sfredo, explicou como funciona a prática dos círculos. “Os círculos acontecem em sala de aula, geralmente na disciplina de ensino religioso. Os alunos se acomodam mantendo o distanciamento, e no centro do circulo é colocado um tapete com objetos que simbolizam o projeto da escola e também materiais para os alunos concretizarem suas falas”.
As diretrizes
De acordo com Vera Lúcia, antes de iniciar a atividade, é explicado como funciona o círculo e suas diretrizes que são: respeito a objeto da palavra, falar em primeira pessoa e confidencialidade. Após, dentro da estrutura do círculo, inicia-se com uma prática meditativa e de respiração, com o objetivo de desacelerar e estar presente com eles mesmo, e com os outros, pois, segundo ela, sabe-se que a prática meditativa aumenta o bem-estar mental, físico, espiritual e emocional.
Ainda segundo a orientadora, “em seguida inicia-se o check-in, que é a primeira rodada em que cada aluno diz o seu nome e responde a primeira pergunta norteadora, planejada de acordo com o projeto da escola. Após a primeira rodada é realizada a leitura de um poema e de um conto contextualizado dentro do projeto de escola com a finalidade de refletir sobre suas histórias, sonhos e força de cada um. Na segunda rodada é realizado uma nova pergunta baseada na leitura e reflexão produzida. E na terceira e última rodada cada aluno relata como está se sentindo com a prática do círculo ou com um agradecimento”.
A Coordenadora da Central da Pacificação Restaurativa da Infância e Juventude, Marlisete Alessi, explica sobre o trabalho desenvolvido junto à comunidade. “Nós recebemos demandas das escolas, promotoria, serviços. Nós trabalhamos com a prevenção. Vamos até as escolas e conversamos com equipe diretiva, professora, pais, e depois entramos em sala de aula para fazer o círculo, encontros, e conversas com alunos”.
De acordo com Marlisete, “na escola é iniciado o objeto da palavra, da fala, diretrizes, regras, combinados, contações de histórias. A pessoa sempre fala de si, mesmo nos casos mais complexos. O círculo é extremamente sigiloso, por isso tem sua validade. Estamos conquistando as escolas, a comunidade escolar e comunidade em geral através dessa conversa restaurativa, com muito respeito pelo outro, e sempre sem julgamento. Ouvimos e nos posicionamos sem julgar, sem preconceito”.
A Coordenadora da Central da Comunidade, Vanise Marconi, comenta sobre a importância que o programa exerce na comunidade. “Somos uma das únicas centrais do Brasil, com pessoas designadas para fazer esse trabalho. Atendemos casos do conselho tutelar, casos de escol e dividimos por círculos mais complexos e menos complexos. Nas escolas são realizados círculos mais de fortalecimento, vínculo e diálogo. Na promotoria recebemos casos de idosos, da comunidade em geral, em que classificamos como como sendo mais complexos”.
Ainda segundo Vanise, “esse trabalho é mágico. Toda escola municipal de Bento tem uma formadora na escola. Ressaltamos também o apoio dos gestores. Temos 25 formadoras formadas e contamos com apoio dos gestores, desde o prefeito, até a nossa Secretária”.
A Secretária da Educação, Adriane Zorzi, destaca sobre a importância da realização da atividade junto às instituições do município. “O trabalho da justiça restaurativa nas escolas tem sido de extrema importância. Percebemos que desde o início desse trabalho melhoraram as relações, diminuíram os conflitos, e fomos percebendo a importância do diálogo e comunicação não violenta. Os profissionais foram aos poucos se formando, foram acontecendo círculos restaurativos nas escolas, e todos foram percebendo, desde profissionais, crianças, e a própria comunidade escolar, a importância do momento de escuta e acolhida para que todos pudessem junto resolver cada situação”.
Confira o podcast da matéria
Fonte: Assessoria de Comunicação Social da Prefeitura
Foto: Divulgação ASCOMBG
(RM)
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