Dessa forma, através do mapeamento inicial, composto pela consulta bibliográfica sobre a temática do patrimônio em Bento Gonçalves e a última lista de inventário, elencaram-se locais geográficos onde o estudo se concentrou, considerando, como recorte, as lacunas existentes no último estudo de inventário.
A muséologa Deise Formolo destaca o caráter preambular e contínuo desse estudo. “Buscou-se tecer um debate inicial, amplo e questionador sobre os diferentes aspetos patrimoniais da cidade, voltado às premissas de uma educação para o patrimônio, ao aprofundar análises sobre origens históricas e características arquitetônicas dos bens de forma isolada. Também por esses motivos, abordaram-se as edificações inventariadas inseridas em conjuntos arquitetônicos e/ou roteiros culturais”.
A partir desta semana, o site da Prefeitura irá contar com uma série de matérias abordando este projeto que foi selecionado no âmbito do Edital Sedac nº 01/2019 “FAC Educação Patrimonial”. Ao final do trabalho, será lançado um livro e uma exposição fotográfica com previsão de lançamento no mês de junho/início do segundo semestre de 2021.
Em fevereiro deste ano foi divulgada matéria sobre as ações do “Laços Patrimoniais” (http://www.bentogoncalves.rs.gov.br/noticia/museu-do-imigrante-divulga-acoes-sobre-o-projeto-lacos-patrimoniais) e agora serão abordados os resultados para os oito eixos que a pesquisa apurou para o auxílio no diálogo entre história e arquitetura. E o primeiro eixo trata sobre o Bairro Centro, tendo como referenciais o Conjunto da Igreja Metodista, Bairro Cidade Alta, Bairro São Roque: Complexo do Batalhão e Conjunto Igreja São Roque. Neste primeiro momento do Eixo 1 – Sede Urbana – Centro, Cidade Alta e São Roque, vamos apresentar o Bairro São Roque. Na próxima matéria, serão apresentados os bairros Centro e Cidade Alta.
Eixo 1 – Sede urbana – Bairro São Roque
Os conjuntos do Centro (Cidade Baixa), Cidade Alta e São Roque são os primeiros núcleos de ocupação urbana do município, sendo marcos na sua evolução territorial, onde se instalaram as principais paróquias, comércios, indústrias, instituições e clubes sociais. Diante da complexidade do patrimônio que representam, a abordagem desses conjuntos é feita por meio da análise perceptiva dos locais, bem como por meio de análise da evolução urbana através de fotografias. Além disso, os lugares são avaliados buscando uma visão alternativa em relação à tradicional, buscando a representatividade e diversidade das minorias.
No Bairro São Roque, identificam-se construções anteriores à chegada do Batalhão, já integrantes do inventário, que registram as características da imigração italiana e distribuem-se ao longo da Avenida São Roque, antiga Estrada Buarque de Macedo. Dessa época, identifica-se a distribuição linear próxima à estrada, destinada ao apoio às tropas e às carretas. Verifica-se a aculturação das fachadas principais dessas casas, principalmente nas molduras das janelas, que segue um padrão diferenciado em relação ao restante das construções no resto da cidade.
Já as construções em frente à Igreja São Roque, seguem a linguagem Art Déco e Proto-moderna, construídas após a chegada do Batalhão, tendo registros de ligação com o mesmo, como o Bar da dona Margarida, onde os soldados se encontravam em seus momentos de folga. A Igreja São Roque merece destaque por seu valor artístico e arquitetônico, de arquitetura modernista porém com planta de inspiração neogótica. Na fachada principal, destaca-se o mosaico da Santa Ceia e a torre que é visível a alguns quilômetros de distância.
As construções do Batalhão também possuem arquitetura própria, que recebeu algumas modificações ao longo do tempo, porém manteve seu caráter de construção militar em madeira, em ótimas condições de preservação. Sua importância é demarcada pelo conjunto formado pelo prédio administrativo, que abriga um memorial, os prédios dos clubes dos sargentos e dos oficiais, as residências dos sargentos, também conhecidas como vila velha, as residências dos oficiais e a antiga vila olímpica dos civis, conhecida atualmente como vila nova, assim como a demarcação do local do antigo hospital, do escritório de projetos, do grupo escolar, dos almoxarifados e dos paióis de munições e explosivos, pontuados de reservatórios de água e cisternas, necessários para seu funcionamento.
Para esses conjuntos, o Plano Diretor determina a APPAC São Roque e Batalhão, com o intuito de preservar as edificações com mais de 50 anos que estão mapeadas pelo Anexo 5.3 e representam a história e a paisagem do bairro, às quais recomenda-se a inclusão no inventário. Como forma de proteção, identifica-se que algumas construções poderiam ser tombadas ou identificadas para proteção interna e externa, como forma de valorização dos conjuntos citados, bem como para possibilitar os registros imobiliários e fonte de financiamento para futuros projetos de conservação e restauro. Observa-se que, além dos valores histórico e arquitetônico, tanto o Batalhão quanto a Paróquia São Roque possuem arquivos e espaços memoriais de valor documental e museológico, que podem ser valorizados.
Outro ponto que pode ser melhor valorizado é a relação entre o Batalhão e a ferrovia, uma vez que os mesmos perderam o acesso à mesma em função da construção de uma cerca. Tal relação paisagística, além de importante, poderia abrir a possibilidade de acordos de cooperação para trabalhos conjuntos na preservação e valorização dos arquivos, acervos e paisagem ferroviária da região.
O projeto foi selecionado no âmbito do Edital SEDAC número 01/2019 “FAC Educação Patrimonial”.
Fonte: Assessoria de Comunicação Social da Prefeitura de Bento Gonçalves
Foto: Assessoria de Imprensa do 6º BCOM / Museu do Imigrante / Divulgação
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