Policiais acusam Bolsonaro de traição e disparam contra o governo

Os representantes admitiram que grande parte dos policiais votou em Bolsonaro em 2018, acreditando em seu discurso de combate à criminalidade e de valorização dos agentes de segurança pública. Mas hoje, segundo esses dirigentes, boa parte da categoria está decepcionada e desmotivada por entender que o atual governo não tem compromisso com a área nem com o serviço público em geral. Bolsonaro ignorou os apelos dos policiais, intermediados pela bancada da bala no Congresso, para que eles não fossem atingidos pelos efeitos limitantes da PEC Emergencial. A posição do presidente contrariou deputados governistas ligados aos policiais.

“O governo coloca policiais e servidores como moeda de troca e bode expiatório. Os policiais acreditavam que seriam valorizados e estão extremamente desmotivados e decepcionados, pensando no que será dos agentes de segurança pública pelos próximos 15 anos. É uma PEC da maldade, da destruição da segurança pública do país”, disparou o presidente da Confederação Brasileira de Trabalhadores Policiais Civis (Cobracol), André Gutierrez.

O presidente da Associação Nacional de Delegados de Polícia Federal (ADPF), Edvandir Paiva, afirmou que a PF realizou mais de seis mil operações e recuperou R$ 9,6 bilhões desde o início da pandemia e, mesmo assim, é tratada com descaso. “A PEC traz dispositivos desproporcionais. Não é adequado congelar contratações por 15 anos. Neste período, teremos aumento de população, de criminalidade. Como vamos atrair profissionais com congelamento de progressões? Desde 2016 não há reajuste de salários”, criticou.

Para o presidente da Federação Nacional dos Policiais Rodoviários Federais (FenaPRF), Marcelo Azevedo, desde a reforma da Previdência o governo tem usado o servidor público para fazer chantagem, como se os funcionários fossem os responsáveis pelos problemas do país. “Colocaram não uma, mas várias granadas no bolso do servidor público. Principalmente da segurança pública. O efetivo hoje já é baixo. Como impedir contratações? Nesse período esas granadas vão explodir. Quem vai sentir os efeitos será o brasileiro. Com queda da qualidade do serviço da segurança pública, a saúde e a educação também são atingidas”, afirmou.

A votação, em segundo turno, da PEC Emergencial está prevista para esta quarta-feira. São necessários pelo menos 308 votos para que o texto possa seguir para promulgação. Depois dessa etapa o presidente Jair Bolsonaro vai editar uma medida provisória retomando o pagamento do auxílio emergencial, entre março e junho. A previsão é que sejam gastos R$ 44 bilhões com um auxílio médio de R$ 250.

 

Fonte: Congresso Nacional
Foto: Reprodução / Youtube

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